sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Após novo massacre, ministro nega guerra de facções no sistema prisional brasileiro

Moraes rejeitou pedido de envio da Força Nacional para Roraima em novembro

Ministro da Justiça negou envio de Força Nacional para sistema prisional de Roraima | Foto: Marcelo Camargo / ABr / CP
   Ministro da Justiça negou envio de Força Nacional para sistema prisional de Roraima
   Foto: Marcelo Camargo / ABr / CP

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, negou nesta sexta-feira, que o sistema prisional brasileiro vive uma guerra entre facções rivais e que a situação tenha saído do controle após um novo massacre na Penitenciária Agrícola de Boa Vista, em Roraima, que deixou 33 de mortos. "A situação dos presídios não saiu do controle. é outra situação difícil em Roraima. Roraima já tinha tido problemas anteriormente", disse.

Para o ministro, o episódio ocorrido nesta sexta-feira não é "aparentemente" uma retaliação do Primeiro Comando da Capital (PCC) à Família do Norte, autor do massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. O ministro afirmou que vai viajar a Boa Vista nesta sexta-feira e ainda precisa "pegar mais informações" sobre o caso, mas que, num primeiro momento, as execuções parecem ter sido um "acerto interno de contas".

Em entrevista a uma rádio local, o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel de Castro Júnior, disse acreditar que os crimes tenham sido cometidos por membros do PCC como vingança pelas 56 mortes ocorridas em Manaus realizadas pela Família do Norte, que tem ligações com o Comando Vermelho. No início da semana, Moraes disse acreditar que o massacre em Manaus não se tratava simplesmente de uma guerra entre facções rivais e que não haveria retaliação do PCC.

As declarações de Moraes foram dadas durante a apresentação do Plano Nacional de Segurança elaborado pelo governo federal nesta sexta. Antes do início das perguntas de jornalistas, ele falou por cerca de duas horas sobre os detalhes das medidas, mas não mencionou o episódio ocorrido na madrugada desta sexta em Boa Vista. Segundo ele, o diferencial do plano será justamente a cooperação com todos os Estados para solucionar esses problemas.

Moraes negou Força Nacional

Documentos revelam que Alexandre de Moraes negou um pedido do governo de Roraima, feito em novembro do ano passado, para que o governo federal enviasse a Força Nacional para reforçar a segurança no sistema prisional do Estado. Em ofício enviado no dia 21 de novembro, o governo de Roraima solicitou ajuda "em caráter de urgência".


Pelo menos 33 detentos morreram na madrugada desta sexta-feira, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc). A maioria das vítimas foi decapitada, teve o coração arrancado ou foi desmembrada. Os corpos foram jogados em um corredor que dá acesso as alas.

A governadora Suely Campos enviou ofício ao ministro, solicitando apoio do governo federal para atuar no sistema prisional de Roraima, em caráter de urgência, incluindo reforço da Força Nacional de Segurança. Em resposta ao pedido de socorro, o ministro informou, por meio de ofício, que "apesar do reconhecimento da importância do pedido de Vossa Excelência, infelizmente, por ora, não poderemos atender ao seu pleito".

No documento, o ministro disse que "a Força Nacional de Segurança Pública encontra-se em fase de preparação para operação de enfrentamento de homicídios e violência doméstica, cujo plano está em desenvolvimento neste Ministério, destinando, a priori, a atuação nas capitais dos 26 estados e no Distrito Federal".


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Correio do Povo

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