terça-feira, 17 de setembro de 2019

No Roda Viva, Temer usa o termo "golpe" para se referir ao impeachment de Dilma

Ex-presidente ainda disse Lula poderia ter evitado o processo em caso de nomeação para a Casa Civil

Temer em entrevista ao Roda Viva nessa segunda-feira
   Temer em entrevista ao Roda Viva nessa segunda-feira 

O ex-presidente Michel Temer, em entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura, citou o termo "golpe" para se referir ao processo de impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff. Além disso, na noite dessa segunda, ressaltou que se o ex-presidente Lula tivesse assumido a Casa Civil, os rumos da história teriam sido diferentes.

"Eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe, aliás muito recentemente a Folha detectou um telefone do Lula para mim em que ele pleiteava trazer o PMDB para impedir o impedimento e eu tentei, mas a essa altura a mobilização popular era tão intensa que os partidos já estava vocacionados para o impedimento. Mas esse telefone mostra que até o último momento eu não era adepto do golpe", falou.

"Se ele (Lula) fosse chefe da Casa Civil, é muito provável - ele tinha bom contato com o Congresso Nacional - que não se conseguiria fazer o impedimento, não se conseguiria fazer o impeachment", disse Temer. "Disso, eu não tenho dúvida", ressaltou.

A posse de Lula acabou suspensa pelo ministro do STF Gilmar Mendes após o juiz Sergio Moro divulgar uma conversa em que Dilma dizia a Lula que enviaria o termo de posse para o ex-presidente - o que foi interpretado, à época, como uma tentativa de impedir uma eventual prisão do petista.

Ele ressaltou que nunca conspirou pelo movimento parlamentar de derrubada de Dilma e que, foi presidente por ter sido democraticamente eleito junto a ela em 2014. Sobre a ascensão de Jair Bolsonaro à presidência da República, Temer ressaltou que não faz a conexão entre os movimentos. "Acontece que, de tempos em tempos, as pessoas querem mudar tudo. Aconteceu com ascensão de Lula, aconteceu agora com Bolsonaro. As pessoas quiseram mudar tudo política e administrativamente".

Acusações e prisão


Temer enfrentou três denúncias, duas delas envolvendo a delação da JBS em que foi acusado de corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa. No caso do Decreto dos Portos. Temer teria favorecido a Rodrimar. A empresa operava no porto de Santos, área onde Temer tinha forte influência há muitos anos.

O ex-presidente disse que sua prisão, em março, não seguiu o devido processo legal e que a força-tarefa da Operação Lava Jato tenta "quebrá-lo psicologicamente" ao envolver sua filha, Maristela, na acusação em que responde por lavagem de dinheiro. Ele negou as acusações e disse que a filha vai demonstrar "cabalmente" no processo que não recebeu dinheiro.

"Depois que tentaram me derrubar do governo, e não conseguiram, tentam me quebrar psicologicamente envolvendo a minha filha", disse o ex-presidente durante a entrevista, na noite de ontem. No caso, conhecido como "Quadrilhão do MDB", o Ministério Público Federal acusou Temer, Maristela, o amigo de Temer João Baptista Lima Filho, o coronel Lima, e a esposa dele, Maria Rita Fratezi, de lavar R$ 1,6 milhão de origem supostamente ilícita. A acusação diz que coronel Lima teria pago por reformas na casa de Maristela.

Segundo o MPF, o MDB teria arrecadado propina da construtora Engevix para que a empresa assumisse obras da usina nuclear de Angra 3. A propina, segundo a acusação, teria sido paga através de uma empresa do coronel Lima e gasta nas reformas da casa.

Michel Tmer ainda disse que a prisão foi decretada sem que ele fosse ouvido no processo. "O juiz pegou aquilo e, sem indiciamento, sem denúncia, acolhimento de denúncia, sem ouvir o acusado, mandou decretar a prisão", disse. A prisão foi decretada em março pelo juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio. "Se acontece comigo, você pode imaginar o que pode acontecer com o cidadão comum."


Por Correio do Povo e Agência Estado

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