Temer em entrevista ao Roda Viva nessa
segunda-feira
O ex-presidente Michel Temer, em entrevista ao
programa Roda Viva da TV Cultura, citou o termo "golpe" para se referir
ao processo de impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff. Além
disso, na noite dessa segunda, ressaltou que se o ex-presidente Lula tivesse
assumido a Casa Civil, os rumos da história teriam sido diferentes.
"Eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe,
aliás muito recentemente a Folha detectou um telefone do Lula para mim em que
ele pleiteava trazer o PMDB para impedir o impedimento e eu tentei, mas a essa
altura a mobilização popular era tão intensa que os partidos já estava
vocacionados para o impedimento. Mas esse telefone mostra que até o último
momento eu não era adepto do golpe", falou.
"Se ele (Lula) fosse chefe da Casa Civil, é
muito provável - ele tinha bom contato com o Congresso Nacional - que não se
conseguiria fazer o impedimento, não se conseguiria fazer o impeachment",
disse Temer. "Disso, eu não tenho dúvida", ressaltou.
A posse de Lula acabou suspensa pelo ministro do
STF Gilmar Mendes após o juiz Sergio Moro divulgar uma conversa em que Dilma
dizia a Lula que enviaria o termo de posse para o ex-presidente - o que foi
interpretado, à época, como uma tentativa de impedir uma eventual prisão do
petista.
Ele ressaltou que nunca conspirou pelo movimento
parlamentar de derrubada de Dilma e que, foi presidente por ter sido
democraticamente eleito junto a ela em 2014. Sobre a ascensão de Jair Bolsonaro
à presidência da República, Temer ressaltou que não faz a conexão entre os
movimentos. "Acontece que, de tempos em tempos, as pessoas querem mudar
tudo. Aconteceu com ascensão de Lula, aconteceu agora com Bolsonaro. As pessoas
quiseram mudar tudo política e administrativamente".
Acusações
e prisão
Temer enfrentou três denúncias, duas delas
envolvendo a delação da JBS em que foi acusado de corrupção passiva, obstrução
de Justiça e organização criminosa. No caso do Decreto dos Portos. Temer teria
favorecido a Rodrimar. A empresa operava no porto de Santos, área onde Temer
tinha forte influência há muitos anos.
O ex-presidente disse que sua prisão, em março,
não seguiu o devido processo legal e que a força-tarefa da Operação Lava Jato
tenta "quebrá-lo psicologicamente" ao envolver sua filha, Maristela,
na acusação em que responde por lavagem de dinheiro. Ele negou as acusações e
disse que a filha vai demonstrar "cabalmente" no processo que não
recebeu dinheiro.
"Depois que tentaram me derrubar do governo,
e não conseguiram, tentam me quebrar psicologicamente envolvendo a minha
filha", disse o ex-presidente durante a entrevista, na noite de ontem. No
caso, conhecido como "Quadrilhão do MDB", o Ministério Público
Federal acusou Temer, Maristela, o amigo de Temer João Baptista Lima Filho, o
coronel Lima, e a esposa dele, Maria Rita Fratezi, de lavar R$ 1,6 milhão de
origem supostamente ilícita. A acusação diz que coronel Lima teria pago por
reformas na casa de Maristela.
Segundo o MPF, o MDB teria arrecadado propina da
construtora Engevix para que a empresa assumisse obras da usina nuclear de
Angra 3. A propina, segundo a acusação, teria sido paga através de uma empresa
do coronel Lima e gasta nas reformas da casa.
Michel Tmer ainda disse que a prisão foi
decretada sem que ele fosse ouvido no processo. "O juiz pegou aquilo e,
sem indiciamento, sem denúncia, acolhimento de denúncia, sem ouvir o acusado,
mandou decretar a prisão", disse. A prisão foi decretada em março pelo
juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio. "Se acontece
comigo, você pode imaginar o que pode acontecer com o cidadão comum."
Por Correio
do Povo e Agência Estado
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