terça-feira, 24 de setembro de 2019

Águia florestal considerada extinta no RS foi verificada no Parque do Turvo

Imagens foram realizadas há quase um mês, mas foram divulgadas na última semana

   Uiraçu (Morphnus guianensis) no Parque Estadual do Turvo (Foto: Dante Andres Meller)

O biólogo e observador, Dante Andres Meller, realizou mais um importante registro fotográfico no Parque Estadual do Turvo, localizado no município de Derrubadas. Dante fotografou um Uiraçu, uma águia florestal, considerada extinta em território gaúcho. O registro foi realizado há quase um mês, mas foi divulgado na última semana, durante o II Avistchê – Encontro de Observadores de Aves Gaúchos. As informações foram compartilhadas pela página do Parque do Turvo, no Facebook, a partir de informações do blog do biólogo.

Dante relata em seu blog que um fato semelhante já havia ocorrido com a harpia, há quatro anos atrás, também visualizada no parque do Turvo. Registros do Uiraçu, segundo ele, são rarísssimos em áreas de mata atlântica. Apenas dois registros da ave haviam sido realizados no RS, na região de Taquara, antes de 1885, e em Santa Cruz do Sul, na década de 1920.

Leia o texto de Dante, na íntegra, abaixo:

Uiraçu: o ressurgimento após cem anos de extinção no RS!

É como se um raio caísse duas vezes no mesmo lugar, mas de maneira ainda mais impactante.

O fato já havia acontecido com a harpia, há 4 anos atrás, e agora se repete com o uiraçu.

Observar um uiraçu na natureza é um sentimento surreal, e não fossem as imagens para reafirmar, parece que a observação manteria um ar contínuo de “será mesmo que aconteceu!?”

Ainda mais raro que a harpia, o uiraçu (Morphnus guianensis) é um rapinante esplêndido, considerado a mais rara das águias florestais da região neotropical. Comparado com a harpia, o uiraçu possui porte um tanto menos robusto, com patas mais finas e bico menor. Possui ainda uma pequena máscara negra muito característica, além de ter ausente o largo colar negro que o adulto da harpia apresenta. Seu penacho não é bipartido, como na harpia, e as coberteiras inferiores das asas são brancas, não possuindo as manchas negras que a harpia tem.

Registros do uiraçu costumam ser raríssimos, sobretudo na Mata Atlântica. Para se ter uma noção do fato, existem apenas dois registros para o estado do Rio Grande do Sul, ambos muito antigos, representados por aves taxidermizadas que foram abatidas na região de Taquara, antes de 1885, e de Santa Cruz do Sul, na década de 1920. Em Santa Catarina, existem duas aves que foram coletadas em tempos passados, além de dois relatos de observação visual ao longo da vertente atlântica, um deles já nos anos 2000. No Paraná, existe apenas um exemplar coletado na década de 60 cerca de 70 km ao norte do PN do Iguaçu. Em Misiones, Argentina, são conhecidos seis registros, embora apenas um esteja documentado por um exemplar taxidermizado, sendo outros três observações relativamente recentes, por volta do ano 2000.

Tais registros missioneiros levavam a uma suspeita de que a espécie poderia ocorrer no Turvo e Belton (1994) já chegou a levantar essa possibilidade. Como nunca houve nenhum indício de que a espécie realmente ocorresse nas matas do parque gaúcho, o uiraçu permaneceu por longo período considerado extinto no Rio Grande do Sul.

Foi quase um mês de espera para a divulgação nas redes sociais, pois queria apresentar primeiramente no II Avistchê – o encontro de observadores de aves gaúchos. Abaixo um breve vídeo da apresentação durante palestra no evento.

Agradeço aos amigos que estavam juntos no momento: o colega Ademir e o guarda-parque Romoaldo. Agradeço também aos amigos do Projeto Harpia, especialmente à Tânia, Áureo, Helena e Gustavo. Também agradeço a toda a equipe do PE do Turvo e à comunidade de observadores de aves que estava presente no II Avistchê, que tornaram tudo ainda mais especial. Enfim, agradecimentos a meu orientador, professor da Unipampa de São Gabriel, Carlos Benhur Kasper, por todo o apoio nessa pesquisa, e aos colegas que tem me ajudado em campo, especialmente ao Alfieri, Ademir e Gabriel. Por fim, à minha querida Ataiz, companheira que sempre apoia e vibra com minhas bem-aventuranças.

Valeu pessoal! Obrigado Turvo… obrigado Senhor, embora acreditasse, por essa eu não esperava!


Fonte: Rádio Alto Uruguai

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