Amigos lançaram campanha na
internet para encontrar doador compatível.
Soldado foi
diagnosticada com leucemia em março de 2013, em Jataí, GO.
A soldado dos bombeiros
Suzeli está na corporação desde 2010 (Foto: Arquivo Pessoal)
Uma pessoa que sempre salvou vidas agora
precisa de ajuda para salvar a própria vida. Essa é uma das mensagens da
campanha que circula nas redes sociais para tentar encontrar um doador de
medula óssea compatível para a soldado do Corpo de Bombeiros Suzeli Ferreira de
Oliveira, de 29 anos, que integra a corporação desde 2010, em Jataí, no sudoeste de Goiás. “É uma
corrida contra o tempo”, disse a bombeira ao G1.
Ela foi diagnosticada com Leucemia
Linfóide Aguda (LLA) em março de 2013. De acordo com Suzeli, não houve muitos
sintomas aparentes. “Eu apenas me sentia fraca durante as ocorrências e isso
foi ficando mais frequente”, relatou.
A doença é provocada por uma produção
anormal de leucócitos, células de defesa responsáveis pelo combate e eliminação
de estruturas químicas estranhas ao organismo. O tratamento com quimioterapia
durou até novembro do ano passado e obteve bons resultados. Desde então, Suzeli
fazia apenas acompanhamento médico, além de tomar os medicamentos necessários.
Porém, no início de abril deste ano, a
leucemia retornou, e de maneira mais agressiva. Por isso, agora a única
esperança de cura é conseguindo um doador de medula óssea compatível. A chance
de compatibilidade é de uma a cada 1 milhão de pessoas, segundo a soldado. “É o
extremo: antes eu corria para salvar a vida das pessoas que nos chamavam. Hoje
eu preciso correr para salvar a minha”, disse Suzeli, sem desanimar.
Mesmo diante da doença,
Suzeli mantem o sorriso e o pensamento positivo (Foto: Arquivo Pessoal)
Não desanimar, aliás, é uma das principais
características que todos que convivem com Suzeli ressaltam. “Quem tem a
oportunidade de conhecê-la já se encanta imediatamente com o sorriso dela. E em
nenhum momento ela se dá por vencida, mesmo com essa doença que ataca o
organismo de maneira tão forte”, disse a amiga e também bombeira Nathállya
Queiroz.
Campanha
Depois que não foi possível encontrar um
doador entre os parentes, os cerca de 50 bombeiros de Jataí se solidarizaram
com a causa e todos se cadastraram no banco de doadores de medula óssea. O
exemplo está sendo seguido por colegas de Suzeli em várias cidades do estado e
ganhou apoio da população. “Membros da corporação em outras cidades também já
fizeram o cadastro e estamos contando com o apoio de policiais militares, que
estão fazendo o teste de compatibilidade com a soldado Suzeli”, disse o
tenente-coronel dos bombeiros Leonardo Rodrigues de Afonseca.
A campanha lançada pelos amigos e
familiares também foi atingiu as redes sociais e está tomando proporções que nem
a própria soldado imaginava ser possível. “Tem mensagens do país inteiro de
pessoas querendo me ajudar, dizendo que já se cadastraram no banco de doadores.
A cada mensagem que chega é como se fosse um passo mais próximo da cura. É o
que tem me dado ânimo, ver que não estou lutando sozinha”, disse a bombeiro.
Ela se diz feliz ainda porque sabe que
quanto maior o número de doares cadastrados no Registro Brasileiro de Doadores
Voluntários de Medula Óssea (Redome), maior será a chance de outras pessoas que
têm doença também se salvarem. “A campanha foi estruturada em cima da soldado
Suzeli, mas também vai beneficiar a todos que precisam de transplante de medula
no país, pois estamos ajudando a aumenta o número de candidatos cadastrados”,
disse o tenente-coronel Afonseca.
"É uma corrida contra o
tempo", diz a soldado dos
bombeiros Suzeli Ferreira (Foto: Arquivo Pessoal)
bombeiros Suzeli Ferreira (Foto: Arquivo Pessoal)
Doação
Suzeli afirma que uma das coisas mais
legais de toda essa campanha na internet é difundir informação para o máximo de
pessoas e aumentar o número de pessoas cadastradas no banco de doação de medula
óssea. “As pessoas não têm muita informação sobre o processo, acham que é como
se fosse doar um órgão, que vai fazer falta para elas futuramente, e não tem
nada disso”, explicou.
O primeiro passo é realizar o cadastro
para saber se o candidato é geneticamente compatível com a pessoa que precisa
da doação. Para isso, é preciso ter entre 18 e 54 anos e preencher um
formulário com os dados pessoais nos hemocentros municipais. Em Goiás, é
possível se cadastrar no Hemocentro de Goiânia, Catalão, Ceres, Rio Verde e Jataí.
Após responder ao formulário, será
coletada uma pequena amostra de sangue, entre 5 ml e 10 ml para fazer o teste
de compatibilidade. Todo o processo dura cerca de 20 minutos. A partir desse
momento, o candidato fará parte do Registro Brasileiro de Doadores Voluntários
de Medula Óssea e pode ajudar pacientes que precisam do transplante em todo o
país.
Em caso de compatibilidade, serão feitos
exames complementares e para realizar a doação. No procedimento, a medula óssea
é retirada do interior do osso da bacia, por meio de punções e sob anestesia. O
doador se recupera em 15 dias e o organismo também repõe a medula doada em
poucos dias.
“É um pequeno gesto que mostra que não
precisa ser bombeiro, ser graduado ou ser médico para salvar vidas. Qualquer um
é capaz”, diz Suzeli.
Fonte: Vitor Santana | Do G1 GO
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