sexta-feira, 2 de maio de 2014

MP investiga mistura de antibióticos em vinhos

Ministério da Agricultura constatou prática durante análise de rotina em 13 vinícolas gaúchas

   Exame apontou substância proibida par regular fermentação 
   Crédito: Antônio Sobral / CP Memória

O Ministério Público do Estado (MP) vai abrir ofensiva contra a adição de substâncias proibidas em vinhos, como a natamicina - antibiótico usado como regulador de fermentação para eliminar bactérias e proibido no país para essa finalidade. A prática foi constatada em análises de rotina do Laboratório de Bebidas do Lanagro, vinculado ao Ministério da Agricultura (Mapa). Embora os laudos com resultado positivo para a substância tenham sido encaminhados pela Pasta, a documentação ainda não chegou ao MP. "Vou me antecipar e pedir os laudos", diz o promotor Alcindo Luz Bastos Filho, que atua na Defesa do Consumidor.

O monitoramento e a análise de resíduos em vinhos, sucos e bebidas fermentadas pelo Ministério da Agricultura apontou o uso de natamicina por pelo menos 13 indústrias - os nomes das vinícolas não foram divulgados. As bebidas doces são as mais vulneráveis à proliferação de bactérias durante a fermentação. O vinho de mesa suave, que contém açúcar, é o principal alvo devido à dificuldade de evitar que fermente após o envase. "É um aditivo utilizado para conservar melhor o produto", explica o responsável pelo Laboratório de Bebidas do Lanagro, Paulo Gustavo Celso. Segundo ele, a análise de vinhos é feita com maior precisão em amostras de lotes recentes coletadas na indústria, pois a substância "em pouco tempo se degrada e some", tornando-se de difícil identificação.

As irregularidades se referem a amostras coletadas no ano passado, em ação conjunta com a Secretaria da Agricultura (Seapa), que afirma não ter equipamento necessário para as análises. O gerente de Defesa Vegetal da Pasta, José Cândido Motta, disse não ter recebido comunicado oficial do Mapa com os resultados. Hoje, a Seapa fiscaliza 680 vinícolas.

Em nota, o Ibravin afirma desconhecer formalmente esse tipo de problema e que, se há irregularidades, cabe aos órgãos investigar, punir os responsáveis e orientar o setor, que no RS envolve 15 mil propriedades e 735 vinícolas com cadastro.


Fonte: Bruna Karpinski / Correio do Povo

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