A diretora de Compras e Licitações da
Prefeitura de Novo Hamburgo, Carla Bertinatto, também é investigada pela
Operação Capivara do Ministério Público. Segundo documentos sigilosos da
Promotoria Especializada Criminal de Porto Alegre, escutas telefônicas teriam
flagrado ela pedindo dinheiro para construtoras que mantêm negócios com a
administração municipal e tratando de supostos favorecimentos em tomada de
preços. O órgão apura se houve fraude em licitações para beneficiar essas
empreiteiras. A diretora nega envolvimento e diz que apenas captava recursos
para campanha eleitoral.
Uma das empresas supostamente favorecidas
é a Construtora Fagundes, de Novo Hamburgo. “Como restou comprovado, Carla
Bertinatto possui estreita relação com Paulo Fagundes (dono da empreiteira) e
já foi citada como beneficiária de R$ 5 mil”, diz o relatório do Ministério
Público. É a mesma firma que teria contado com a interferência do presidente da
Câmara de Vereadores, Antonio Lucas, para vencer a concorrência da restauração
do prédio histórico da Avenida Doutor Maurício Cardoso, no bairro Hamburgo
Velho – nas gravações, aparece como obra do Lar da Menina em referência à
instituição que ocupou o imóvel de 1969 até 1983, quando foi para a nova sede,
no bairro São Jorge.
“Não houve fraude”, diz Carla
Bertinatto
Cargo de confiança
desde o governo Tarcísio, a diretora afirma que não houve fraudes em licitações
e frisa que o dinheiro que pediu a empreiteiras era para campanha eleitoral.
Também diz que não possui ligações indevidas com construtoras.
Como a senhora encara a
suspeita de fraude em licitações?
Carla Bertinatto - Estou bem tranquila, à disposição para qualquer
esclarecimento. Não homologamos nenhum processo licitatório com preço acima do
que foi orçado pelo Município. Aqui não houve fraude. Não houve captação de
recurso para benefício próprio.
O relatório diz que a senhora
teria recebido R$ 5 mil e teria pedido mais R$ 15 mil para pagar advogado do
“excelentíssimo”.
Carla - Não houve esse diálogo.
Há uma gravação em que a
senhora teria pedido dinheiro para uma empreiteira, que respondeu que estava
com problema de fluxo.
Carla - Isso é campanha. Na parte financeira, realmente existe
captação para campanha.
Esses contatos foram feitos na
Prefeitura?
Carla - Eu fiz ligações com meu celular. Agora os horários vou ver
onde estava.
Os pedidos de dinheiro estão
relacionados a favores em licitações?
Carla - Isso não. Sob hipótese alguma.
Prefeitura abre sindicância
Segundo o prefeito Luis Lauermann, foi
aberta sindicância na terça-feira para apurar os fatos trazidos pelo Jornal NH.
Lauermann diz que Carla Bertinatto não será afastada, pois, segundo ele, não
quer fazer prejulgamento. De acordo com a assessoria de imprensa da
administração municipal, a obra do prédio histórico de Hamburgo Velho, que
segundo a Promotoria, teria tido fraude na licitação, foi paralisada no início
do mês porque a Prefeitura não concordou com a troca de engenheiro por parte da
Construtora Fagundes. A restauração foi orçada em R$ 2,58 milhões – R$ 2
milhões de recursos federais e o restante como contrapartida do Município. O
dono da Construtora Fagundes, Paulo Fagundes, e o representante da DP Ayres,
Douglas, não quiseram se manifestar ontem. O diretor da Fator Engenharia, Hed
Wobeto, resume que o assunto está sob análise da assessoria jurídica da empresa
e a Marsou, por meio do representante Emanuel Lopes da Silva, falou que
desistiu da licitação da restauração do prédio histórico de Hamburgo Velho
porque a Prefeitura teria inabilitado indevidamente a empreiteira. O Ministério
Público segue nas investigações com novas escutas.
Fonte:
Sílvio Milani | Jornal NH
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