Áudios mostrariam orientações de Moro para
procurador
Conversas via aplicativo de mensagens Telegram
entre o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o
procurador da República Deltan Dallagnol sugerem que os dois tinham
"discussões internas e atitudes altamente controversas, politizadas e
legalmente duvidosas da força-tarefa da Lava Jato". A troca de mensagens
entre Moro e Dallagnol foi publicada em reportagens do site Intercept Brasil. Segundo
o veículo, a conversa foi enviada por uma fonte anônima "bem antes da
notícia da invasão do celular do ministro Moro".
De acordo com as mensagens divulgadas, Dallagnol
conversava com Moro sobre apreciação de denúncias da Lava Jato com urgência, com
intuito de agilizar prisão de investigados. "Estamos com outra denúncia a
ponto de sair, e pediremos prisão com base em fundamentos adicionais na
cota. Seria possível apreciar hoje?”. Essa teria sido uma das mensagens
enviadas pelo procurador a Moro, que no momento era responsável por julgar os
casos da Lava Jato da 13ª Vara Federal de Curitiba, em 16 de outubro de 2015.
A conversa com Moro surgiu, ainda conforme as
mensagens vazadas pelo site, após uma notícia sobre a soltura de Alexandrino
Alencar, ex-diretor da Odebrecht, ser enviada em um grupo de procuradores
da Lava Jato de Curitiba.
Um mês depois, Moro procurou Dallagnol para
questionar a dificuldade que estava tendo em entender um recurso das
condenações de Augusto Mendonça (da Toyo Setal, primeiro empresário delator da
Lava Jato), Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobrás e delator) e Mário Goes
(operador da Andrade Gutierrez e também delator).
Em 31 de agosto de 2016, quase um mês depois de
uma fase da Operação Lava Jato, Moro novamente mandou mensagem para o
procurador questionando se "não é muito tempo sem operação”.
Conforme as conversas divulgadas pelo site, em 27
de fevereiro de 2016 o atual ministro teria perguntado para o procurador se
"deveriamos rebater oficialmente" uma nota considerada "maluca"
do Diretório Nacional do PT, ou se deveria ser um posicionamento pela Ajufe
(Associação dos Juízes Federais do Brasil).
O MPF (Ministério Público Federal) publicou nota,
à noite, e enfatizou que "procuradores mostram tranquilidade quanto à
legitimidade da atuação, mas revelam preocupação com segurança pessoal e com
falsificação e deturpação do significado de mensagens". Os procuradores
ainda creditaram o vazamento à "ação vil de hacker que invadiu
telefones e aplicativos de procuradores da Lava Jato usados para comunicação
privada e no interesse do trabalho, tendo havido ainda a subtração de
identidade de alguns de seus integrantes. Não se sabe exatamente ainda a
extensão da invasão, mas se sabe que foram obtidas cópias de mensagens e
arquivos trocados em relações privadas e de trabalho".
Por R7
Correio do Povo
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