Ministro-chefe
admitiu que governo pressiona gestores em troca de liberação de recursos em
financiamentos
Ministro-chefe admitiu que governo pressiona
gestores em troca de liberação de recursos em financiamentos | Foto: Fabio
Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil / CP
Governadores do Nordeste enviaram nesta
quarta-feira, carta pública ao presidente Michel Temer protestando contra a declaração
do ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que
admitiu na terça-feira, que o governo pressiona gestores estaduais e municipais
a trabalharem a favor da aprovação da reforma da Previdência em troca da
liberação de recursos em financiamentos de bancos públicos, como a Caixa. No
documento, os governadores prometem acionar política e judicialmente os agentes
públicos envolvidos, caso a "ameaça" de Marun se confirme.
"Os
governadores do Nordeste vêm manifestar profunda estranheza com declarações
atribuídas ao Sr. Carlos Marun, ministro de articulação política. Segundo ele,
a prática de atos jurídicos por parte da União seria condicionada a posições
políticas dos governadores. Protestamos publicamente contra essa declaração e
contra essa possibilidade e não hesitaremos em promover a responsabilidade
política e jurídica dos agentes públicos envolvidos, caso a ameaça se
confirme", diz versão da carta a qual o Broadcast Político, serviço de
notícias em tempo real do Grupo Estado, teve acesso.
No
documento, assinado pelos governadores dos nove Estados do Nordeste, os
gestores pedem que Temer "reoriente" seus ministros para evitar
práticas classificadas pelos signatários como "criminosas".
"Vivemos em uma Federação, cláusula pétrea da Constituição, não se
admitindo atos arbitrários para extrair alinhamentos políticos, algo possível
somente na vigência de ditaduras cruéis. Esperamos que o presidente Michel
Temer reoriente os seus auxiliares, a fim de coibir práticas inconstitucionais
e criminosas", diz a carta.
Em
entrevista coletiva, Marun admitiu na terça que o Palácio do Planalto pressiona
os governadores a trabalharem a favor da aprovação da reforma da Previdência em
troca da liberação de recursos em financiamentos de bancos públicos, como a
Caixa. "Realmente o governo espera daqueles governadores que têm recursos
a serem liberados, financiamentos a serem liberados, como de resto de todos os
agentes públicos, reciprocidade no que tange à questão da (reforma da)
Previdência", disse o ministro.
Marun
negou, contudo, que a negociação se configura como "chantagem".
"Financiamentos da Caixa são ações de governo. Senão, o governador poderia
tomar esse financiamento no Bradesco, não sei onde. Obviamente, se são na Caixa
Econômica, no Banco do Brasil, no BNDES, são ações de governo, e nesse sentido
entendemos que deve, sim, ser discutida com esses governantes alguma
reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é
uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil",
justificou.
Como
revelou a Coluna do Estadão na semana passada, o novo ministro da articulação
do governo Temer levantou todos os pedidos de empréstimos na Caixa por Estados,
capitais e outras grandes cidades e condicionou a assinatura dos contratos à
entrega de votos pelos governadores e prefeitos que exercem influência sobre os
deputados. O primeiro a ser pressionado foi o governador de Sergipe, Jackson
Barreto (PMDB). Procurada, a Caixa não se manifestou sobre o assunto.
ESTADÃO
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Correio
do Povo
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