Cinco adolescentes morreram
na quarta (29) em Santo André, no ABC.
Amigo contou em
depoimento que nenhum deles sabia nadar direito.
Foto: Reprodução
Um adolescente que sobreviveu a um
afogamento ocorrido na quarta-feira (29) em um lago em Santo André, no ABC
paulista, disse que os cinco amigos que morreram escorregaram e caíram de uma
pedra direto na água. Em depoimento à Polícia Civil, o garoto de 15 anos
afirmou que nenhum deles sabia nadar direito.
Morreram David Moura Martins, de 17 anos,
Anailton Aílton Severino da Silva, Henrique Pereira Lima e Douglas Roberto
Santana da Silva, todos de 15 anos; e Matheus Santos Dias de Souza, de 12 anos.
"Ele [o sobrevivente] disse que tinha
medo e ficou no rasinho. Quando viu os amigos caírem, em vez de tentar ajudar
diretamente, o que poderia ser perigoso, foi esperto e resolveu pedir socorro
para os bombeiros", disse o delegado Marcos Alexandre Cattani, titular do
6° Distrito Policial de Santo André.
O adolescente contou que foi a pé até o
lago, com os cinco amigos de Mauá, também no ABC. O grupo entrou pelos fundos,
em uma área de mata fechada. Segundo o delegado, o local é perigoso e tem
diversas placas ao redor indicando risco de afogamento. "Nos últimos três
anos, lembro de terem ocorrido dois outros afogamentos lá, ambos fatais."
Cattani disse que agora pretende ouvir os
pais das vítimas, verificar se não houve algum fato que possa ter ajudado a
causar o acidente – como ingestão de bebida alcoólica ou uso de drogas – e
localizar a entrada que eles usaram para acessar o lago.
Morte de jovens
O adolescente que sobreviveu ligou para
pedir socorro por volta das 14h de quarta-feira, quando percebeu que os amigos
estavam se afogando. Ao chegar ao endereço, os bombeiros encontraram os cinco
corpos dos jovens dentro da água.
O lago fica no Parque Municipal
Guaraciaba, e a área de mata foi fechada justamente porque ele é muito fundo –
chega a 70 metros de profundidade em alguns pontos – e já houve outros casos de
afogamento. A Prefeitura de Santo André administra a área desde 2005 e afirma
que há cercas e guardas 24 horas para evitar a entrada.
O prefeito da cidade, Carlos Alberto
Grana, disse que vai investigar por onde os adolescentes entraram. "Nós
temos que averiguar por onde esses garotos passaram para a gente aumentar a
segurança", afirmou. A suspeita é que eles tenham pulado um muro e feito
uma trilha. Em todo o parque, há placas de alerta sobre o perigo de entrar no
lago, conhecido pelos moradores da região como "tanque da morte".
Desde a década de 1990, 33 pessoas
morreram no local. Por causa disso, o Ministério Público pediu em 2004 o
fechamento do parque. Agora, a prefeitura informou que vai pedir autorização
aos promotores e à Justiça para aterrar o lago e, depois, reabrir o parque.
Mataram aula
O funcionário de metalúrgica Marcos dos
Santos Pereira, de 36 anos, era tio de dois meninos (Matheus e Henrique) que
morreram – eles eram primos. Segundo Pereira, os dois garotos estudavam em Mauá
e mataram aula para nadar no lago. "Mataram aula e vieram parar aqui na
represa. A gente não sabia que eles tinham ido. Devem ter ido no 'oba oba' e
aconteceu isso", lamentou.
Segundo o tio, os adolescentes gostavam
mais de jogar bola e empinar pipa. Ele disse que não tinha notícias de que os
jovens nadavam nesse lago.
Fonte: Paulo Toledo Piza | Do G1 São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário