José Ernesto, que morreu após ser atacado por
tubarão, tinha 18 anos (Foto: Reprodução/Facebook)
O jovem que foi
atacado por um tubarão, no domingo (3), na Praia de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, morreu nesta segunda-feira (4), no Hospital da Restauração
(HR), no Derby, na área central da capital pernambucana. José Ernesto Ferreira
da Silva chegou a passar por uma cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.
Com esse caso, deve subir
para 65 o número oficial de ataques e para 25 a quantidade de mortes que
integram a lista do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões
(Cemit), que registra os casos desde 1992, em Pernambuco. O órgão depende do laudo
da morte, ainda não divulgado, para fazer a atualização dos dados.
De acordo com o diretor
geral do Hospital da Restauração, Miguel Arcanjo, o jovem chegou ao hospital às
17h56. Oito médicos cirurgiões participaram da cirurgia para amputação da perna
esquerda e revascularização dos órgãos genitais.
“Ele chegou inconsciente,
com um ferimento extremamente extenso, gravíssimo. Depois da cirurgia, que
acabou por volta das 21h30, ele chegou a ser internado na UTI. Ele perdeu muito
sangue, que foi reposto, mas ele teve um choque hipovolêmico [perda acentuada
de sangue que afeta o bombeamento de sangue pelo coração] e não resistiu”,
disse Miguel Arcanjo.
A morte ocorreu às 4h05.
O corpo de José Ernesto foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML),
onde passa por necropsia. O enterro está previsto para acontecer na tarde da na
terça-feira (5), em Jaboatão dos Guararapes.
Área de risco
No dia do ataque, os bombeiros realizaram mais de 20 intervenções para que os
banhistas saíssem do mar, em virtude do perigo no local. Menos de dois meses
antes, naquela área, um homem de 34 anos foi atacado por um tubarão.
O local onde José Ernesto
foi mordido é o ponto onde houve mais ataques de tubarão na costa pernambucana,
com 12 dos 65 incidentes registradas pelo Cemit, desde 1992.
Resgate
O ataque ocorreu na tarde
de domingo (3), na frente da Igrejinha de Piedade, área considerada pelos
bombeiros uma das mais perigosas na orla. O guarda-vidas Carlos César Santana
da Silva, 34 anos, participou do resgate de José Ernesto. Em entrevista ao G1, ele contou que estava deixando o posto para fazer uma
advertência a José Ernesto, que nadava na parte funda, quando o jovem foi atacado.
Após ser retirado da
água, José Ernesto foi socorrido pelos Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento
Móvel de Urgência (Samu). Primeiro, ele seguiu para o Hospital da Aeronáutica,
também em Piedade. Em seguida, teve que ser transferido para o HR.
O jovem sofreu duas
paradas cardíacas antes de ser submetido a uma cirurgia. Segundo o médico do
Samu responsável pelos primeiros socorros, Wagner Monteiro, a mordida atingiu o
fêmur da perna esquerda e parte do pênis do paciente.
No HR, o rapaz passou por
um procedimento de pouco mais de três horas, na noite de domingo. Os médicos
tiveram que amputar a perna esquerda para conter o sangramento. Os pais de José
Ernesto estiveram na unidade de saúde. Abalados, eles afirmaram que o rapaz
saiu de casa para ir para a praia sem avisar.
Após o incidente, o Cemit
iniciou as investigações para avaliar o caso. Equipes foram ao Hospital da
Restauração e também ao local do incidente para coletar informações sobre o
ataque. Depois da apuração, o comitê deve se reunir para avaliar a situação.
Apaixonado pelo mar
A dona de casa Elisângela
dos Anjos, de 42 anos, contou nesta segunda-feira que o filho, José Ernesto,
era apaixonado pelo mar. “Ele ia sempre com os amigos para a praia e outros lugares,
mas nunca dizia ‘eu vou’. José sabia que eu e o pai dele iríamos dizer
não", afirmou Elisângela. "Se eu soubesse, não deixava ele sair. Ele
tinha que ir escondido."
Segundo Elisângela, o
filho era um jovem bom e carinhoso, mas que sempre foi afoito. "Deus levou
meu filho, porque sabia que ele era do mundo", disse.
Caso recente
O incidente ocorreu na
mesma área em que um homem de 34 anos havia sido mordido por um tubarão em
abril deste ano. Pablo Diego Inácio de Melo, natural do Rio Grande do Norte,
teve os membros do lado direito do corpo amputados após o incidente. Ele estava numa
área sinalizada por placas, com água na altura da cintura, quando foi mordido.
Após perícias, o Cemit confirmou que Pablo Diego foi mordido por um
tubarão. O caso foi o 64º incidente com tubarão contabilizado pelo
Cemit. Em nota divulgada na época, o órgão apontou que o incidente foi
"presumivelmente provocado por tubarão tigre".
Depoimento
Em entrevista à TV Globo,
o potiguar Pablo Diego Inácio de Melo afirmou que havia tirado o domingo de
folga e estava jogando futebol na praia com alguns amigos. Antes de ir para
casa, eles foram mergulhar no mar para tirar a areia do corpo.
O banhista também afirmou
que estava numa área rasa, com água na cintura, e achou que o tubarão era um
amigo brincando com ele. Pablo Diego também relatou ter acordado no dia seguinte
achando que o ocorrido tinha sido um pesadelo.
Por
G1 PE
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