quinta-feira, 26 de abril de 2018

Presidente da Câmara de Guaíba e secretário de saúde são alvos de operação do MP

Investigação indica fraudes licitatórias e prejuízo de R$ 4,9 milhões em contratos assinados entre 2014 e 2017

Presidente da Câmara de Guaíba e secretário de saúde são alvos de operação do MP  | Foto: Ministério Público / Divulgação / CP
   Presidente da Câmara de Guaíba e secretário de saúde são alvos de operação do MP
   Foto: Ministério Público / Divulgação / CP

O presidente da Câmara de Vereadores de Guaíba, dois secretários municipais da cidade, um vereador e mais seis pessoas são alvos de uma operação do Ministério Público realizada na manhã desta quinta-feira. A ação cumpre medidas de afastamento por 120 dias por conta de supostas fraudes licitatórias, sobrepreço e superfaturamento. De acordo com os investigadores do Ministério Público, há prejuízo de aproximadamente R$ 4,9 milhões em 14 contratos assinados entre 2014 e 2017.   

Conforme o MP, as investigações encontraram uma associação criminosa responsável pelo rodízio de empresas para prestação de serviços médicos no Pronto Atendimento Solon Tavares e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Guaíba por meio de dispensas irregulares de licitação, contratações emergenciais e subcontratações. 

De acordo com o Ministério Público, no caso do Pronto Atendimento, por exemplo, a empresa contratada por dispensa de licitação teria subcontratado a empresa pertencente ao Presidente da Câmara de Vereadores, para a prestação dos serviços. A empresa, no entanto, não possui funcionários, estava inativa durante parte do período dos contratos, não possui estrutura física, além de ser utilizada para que o vereador receba valores da subcontratação sem ter qualquer tipo de atividade empresarial. Após o término do contrato, foram realizadas várias dispensas ilegais de licitação para a contratação de outras empresas investigadas.

Fura-fila

O Grupo de Investigação da Saúde que pertence ao MP ainda notou indícios de atividade ilegal de "fura-fila" no Sistema Único de Saúde, que teriam sido praticado por dois suspeitos. Um deles se utilizava da sua condição como regulador local do Telessaúde para beneficiar determinadas pessoas mediante o convencimento do médico responsável pelo programa em Porto Alegre de que esses pacientes deveriam ter maior prioridade no atendimento em detrimento a outros mais graves ou que estavam há mais tempo na fila de espera. 

Dados fornecidos pelo Telessaúde sobre as teleconsultorias discutidas com profissionais médicos do Município de Guaíba no período de 1º de janeiro de 2017 a 26 de janeiro de 2018 e verificou que, dos 441 registros realizados, 124 foram realizados por um dos investigados – quase 30%.

As investigações dão conta que há indícios da ocorrência de fraude à licitação para a contratação de serviços de vigilância da Câmara de Vereadores. As provas colhidas até agora apontam para o fato de que o certame foi fraudado para que vencesse empresa vinculada aos investigados. Tal contrato, após apontamento do Tribunal de Contas do Estado, foi suspenso por um dos suspeitos da operação. 


Correio do Povo

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