Presidente do PSB-RS diz que candidatura de
Barbosa é irreversível | Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil / CP Memória
O deputado federal José Stédile, que preside o
PSB gaúcho, disse nesta sexta-feira considerar ‘irreversível’ a candidatura do
ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, à presidência
da República pela legenda. “Ela é extremamente competitiva, há uma grande
empolgação no partido e a bancada federal só fala nisso. É unanimidade entre os
deputados federais. Só aguardamos pelo melhor momento para a definição.”
O deputado
afirmou ainda que, internamente, há na sigla o entendimento de que a pesquisa
Datafolha divulgada no domingo, e que mostrou que o ex-ministro arranca com
intenções de voto altas, entre 8% e 10%, ainda não mostra o tamanho ‘real’ de
Barbosa. “A pesquisa apresenta um disco com cerca de 20 nomes. No caso do
Joaquim, o nome é muito identificado com a imagem. Se for colocada a foto dele,
o índice sobe demais”, adiantou.
As
declarações de Stédile ocorrem um dia após a primeira reunião oficial de
Barbosa com a cúpula do PSB, realizada na quinta-feira, e depois da qual o
ex-ministro, em coletiva, declarou que ainda não convenceu a si mesmo sobre se
deve ser candidato. Para a maior parte das lideranças partidárias, contudo, a
candidatura está dada, por vários motivos.
Entre os principais, o fato de que Barbosa
‘puxará’ quantidade significativa de votos na legenda, abrindo a chance real de
que o PSB engrosse a bancada federal. A expectativa é tanta que, entre
postulantes a uma vaga na Câmara dos Deputados e até mesmo entre os que
disputarão cadeiras nas Assembleias Legislativas há a disposição de dar
destaque para a foto do ex-ministro nas peças de propaganda, como forma de
capitanear votos.
Ao mesmo tempo, a situação em São Paulo, antes
apontada como o maior entrave à candidatura própria à presidência, nas palavras
de Stédile, “está encaminhada.” Em São Paulo, PSDB e PSB fizeram dobradinha na
eleição passada e elegeram a chapa Geraldo Alckmin (PSDB) e Márcio França
(PSB). No último dia 6, o tucano deixou o comando de SP para poder disputar a
eleição presidencial. França, que assumiu em seu lugar, vai concorrer ao
governo, já declarou seu apoio ao tucano na eleição presidencial e informa que
Alckmin é seu “candidato do coração”. Entre os adversários na corrida pelo governo
paulista, enfrentará o tucano João Dória. Alckmin, por sua vez, já afirmou
várias vezes que não vê problema em ter pelo menos dois palanques em São Paulo:
o de França e o de Dória. Ainda na quinta-feira, em entrevista à rádio Jovem
Pan, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que o partido
compreende a posição de França. “O França tem esse compromisso com o Alckmin,
mas ocorre que o Joaquim Barbosa está melhor do que o Alckmin em São Paulo”,
lembra Stédile.
No RS
Não é
apenas em São Paulo que a provável candidatura de Joaquim Barbosa movimenta os
palanques regionais. No RS, onde o PSB encaminha em um encontro no próximo dia
5 sua posição no pleito estadual, a candidatura presidencial já “está na mesa”.
Na eleição estadual, são quatro as alternativas avaliadas pelos socialistas: as
duas com maior número de adeptos são candidatura própria, apesar das
dificuldades financeiras, ou continuidade da aliança com o governador José Ivo
Sartori (PMDB), que disputará a reeleição. Vem na sequência a possibilidade de
coligação com o PSDB, que tem como pré-candidato ao governo o ex-prefeito de
Pelotas, Eduardo Leite. E, por fim, aliança com o ex-prefeito de Canoas, Jairo
Jorge, que disputará o governo pelo PDT.
Pelo
menos PMDB e PSDB já ofereceram ao PSB palanque para Barbosa. Entre parte dos
peemedebistas gaúchos, a possibilidade de ter um palanque que não o do
presidente Michel Temer ou do ex-ministro Henrique Meirelles é vista inclusive
com alívio. “Temos consciência de que os candidatos ao governo oferecem
palanque ao Joaquim Barbosa porque para eles isso também é bom e não só porque
querem nos segurar”, diz Stédile.
Tanto
Leite quanto Jorge também concordam em ceder as duas vagas do Senado para o
PSB, que até o momento tem como postulantes o ex-deputado Beto Albuquerque e o
ex-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati. O PMDB, por sua vez, informou aos
socialistas que o assunto é “debatível”. A questão dos dois postulantes ao
Senado tem gerado uma série de tensões internas no PSB e Stédile informa que não
pretende discutir o assunto pela imprensa.
Entre
as lideranças socialistas, contudo, vem sendo construído o entendimento de que
se o partido não puder ter as duas vagas em uma aliança com o PMDB e Beto
insistir em disputar o Senado, Fortunati poderá concorrer à Câmara ou pleitear
o cargo de vice, apesar de que a última alternativa geraria outro embate, com o
PSD. As alas que defendem o nome de Fortunati ao Senado, por sua vez, asseguram
que Beto, apesar de suas manifestações públicas em contrário, vinha fazendo
movimentos internamente para disputar novo mandato a deputado federal e alterou
a estratégia após a chegada de Joaquim Barbosa. Porque, assim como os que vão
concorrer à Câmara ou às Assembleias, postulantes ao Senado também podem
turbinar suas votações graças a candidatura do ex-ministro.
Flavia Bemfica
Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário