sexta-feira, 20 de abril de 2018

Candidatura de Joaquim Barbosa é irreversível, diz presidente do PSB-RS

PMDB e PSDB já ofereceram palanque ao ex-ministro do Supremo no Estado

Presidente do PSB-RS diz que candidatura de Barbosa é irreversível | Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil / CP Memória
   Presidente do PSB-RS diz que candidatura de Barbosa é irreversível | Foto: Antonio Cruz / Agência Brasil / CP Memória

O deputado federal José Stédile, que preside o PSB gaúcho, disse nesta sexta-feira considerar ‘irreversível’ a candidatura do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, à presidência da República pela legenda. “Ela é extremamente competitiva, há uma grande empolgação no partido e a bancada federal só fala nisso. É unanimidade entre os deputados federais. Só aguardamos pelo melhor momento para a definição.”


O deputado afirmou ainda que, internamente, há na sigla o entendimento de que a pesquisa Datafolha divulgada no domingo, e que mostrou que o ex-ministro arranca com intenções de voto altas, entre 8% e 10%, ainda não mostra o tamanho ‘real’ de Barbosa. “A pesquisa apresenta um disco com cerca de 20 nomes. No caso do Joaquim, o nome é muito identificado com a imagem. Se for colocada a foto dele, o índice sobe demais”, adiantou.

As declarações de Stédile ocorrem um dia após a primeira reunião oficial de Barbosa com a cúpula do PSB, realizada na quinta-feira, e depois da qual o ex-ministro, em coletiva, declarou que ainda não convenceu a si mesmo sobre se deve ser candidato. Para a maior parte das lideranças partidárias, contudo, a candidatura está dada, por vários motivos.

Entre os principais, o fato de que Barbosa ‘puxará’ quantidade significativa de votos na legenda, abrindo a chance real de que o PSB engrosse a bancada federal. A expectativa é tanta que, entre postulantes a uma vaga na Câmara dos Deputados e até mesmo entre os que disputarão cadeiras nas Assembleias Legislativas há a disposição de dar destaque para a foto do ex-ministro nas peças de propaganda, como forma de capitanear votos.

Ao mesmo tempo, a situação em São Paulo, antes apontada como o maior entrave à candidatura própria à presidência, nas palavras de Stédile, “está encaminhada.” Em São Paulo, PSDB e PSB fizeram dobradinha na eleição passada e elegeram a chapa Geraldo Alckmin (PSDB) e Márcio França (PSB). No último dia 6, o tucano deixou o comando de SP para poder disputar a eleição presidencial. França, que assumiu em seu lugar, vai concorrer ao governo, já declarou seu apoio ao tucano na eleição presidencial e informa que Alckmin é seu “candidato do coração”. Entre os adversários na corrida pelo governo paulista, enfrentará o tucano João Dória. Alckmin, por sua vez, já afirmou várias vezes que não vê problema em ter pelo menos dois palanques em São Paulo: o de França e o de Dória. Ainda na quinta-feira, em entrevista à rádio Jovem Pan, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que o partido compreende a posição de França. “O França tem esse compromisso com o Alckmin, mas ocorre que o Joaquim Barbosa está melhor do que o Alckmin em São Paulo”, lembra Stédile.

No RS

Não é apenas em São Paulo que a provável candidatura de Joaquim Barbosa movimenta os palanques regionais. No RS, onde o PSB encaminha em um encontro no próximo dia 5 sua posição no pleito estadual, a candidatura presidencial já “está na mesa”. Na eleição estadual, são quatro as alternativas avaliadas pelos socialistas: as duas com maior número de adeptos são candidatura própria, apesar das dificuldades financeiras, ou continuidade da aliança com o governador José Ivo Sartori (PMDB), que disputará a reeleição. Vem na sequência a possibilidade de coligação com o PSDB, que tem como pré-candidato ao governo o ex-prefeito de Pelotas, Eduardo Leite. E, por fim, aliança com o ex-prefeito de Canoas, Jairo Jorge, que disputará o governo pelo PDT.

Pelo menos PMDB e PSDB já ofereceram ao PSB palanque para Barbosa. Entre parte dos peemedebistas gaúchos, a possibilidade de ter um palanque que não o do presidente Michel Temer ou do ex-ministro Henrique Meirelles é vista inclusive com alívio. “Temos consciência de que os candidatos ao governo oferecem palanque ao Joaquim Barbosa porque para eles isso também é bom e não só porque querem nos segurar”, diz Stédile.

Tanto Leite quanto Jorge também concordam em ceder as duas vagas do Senado para o PSB, que até o momento tem como postulantes o ex-deputado Beto Albuquerque e o ex-prefeito de Porto Alegre, José Fortunati. O PMDB, por sua vez, informou aos socialistas que o assunto é “debatível”. A questão dos dois postulantes ao Senado tem gerado uma série de tensões internas no PSB e Stédile informa que não pretende discutir o assunto pela imprensa.

Entre as lideranças socialistas, contudo, vem sendo construído o entendimento de que se o partido não puder ter as duas vagas em uma aliança com o PMDB e Beto insistir em disputar o Senado, Fortunati poderá concorrer à Câmara ou pleitear o cargo de vice, apesar de que a última alternativa geraria outro embate, com o PSD. As alas que defendem o nome de Fortunati ao Senado, por sua vez, asseguram que Beto, apesar de suas manifestações públicas em contrário, vinha fazendo movimentos internamente para disputar novo mandato a deputado federal e alterou a estratégia após a chegada de Joaquim Barbosa. Porque, assim como os que vão concorrer à Câmara ou às Assembleias, postulantes ao Senado também podem turbinar suas votações graças a candidatura do ex-ministro.


Flavia Bemfica
Correio do Povo

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