sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Ativistas protestam contra abate de cervos no Pampa Safari

Cerca de 300 animais estão com suspeita de tuberculose

Manifestantes levaram cartazes e se fantasiaram com chifres em referência aos 300 cervos | Foto: Guilherme Testa
   Manifestantes levaram cartazes e se fantasiaram com chifres em referência aos 300 cervos | Foto: Guilherme Testa

Um grupo de 100 ativistas protestou nesta sexta na frente da sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e do Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, contra o abate de cervos no Pampas Safari, em Gravataí. Na manifestação, os integrantes do Partido Animais, Vanguarda Abolicionista, Auaiveg, Cantinhos dos Anjos, Reino Gato e Movimento de Defessa Animal do Rio Grande do Sul (MDA) levaram cartazes e se fantasiaram com chifres em referência aos 300 cervos que podem acabar sendo mortos por estarem com tuberculose. Além disso, os manifestantes ficaram deitados na calçada do Ibama, na rua Miguel Teixeira, durante um minuto em solidariedade aos animais do Pampas Safari.

Thiane Nunes, integrante do Partido Animais, disse que sem a certeza de que os animais estão com tuberculose é inaceitável diante da legislação de proteção à fauna de que os tutores dos animais tenham o direito de requerer o abate alegando falta de recursos. “Falta de recurso de uma empresa que tem capital social de R$ 2,5 milhões?”, questionou.

Thiane afirmou ainda que é sensível às dificuldades dos órgãos de fiscalização, mas salientou que o Ibama, a Fundação Municipal de Meio Ambiente (FMMA) de Gravataí, o governo do Estado e o Ministério Público Federal (MPF) poderiam ter mudado a realidade de abandono dos animais criado pelos proprietários do Pampas Safari. O local foi fechado no final do ano passado.

Um termo pedindo providências foi lido na frente do prédio do Ibama. Entre os pedidos feitos pelos manifestantes, está o de providências para os órgãos competentes como FMMA, governo do Estado e Ministérios Públicos Estadual e Federal. O grupo pediu ainda que seja formada em 48 horas uma comissão para analisar o tema e que os proprietários do Pampas Safari tornem público uma cópia do livro do plantel de animais desde 2013, quando o local foi interditado.

Outro pedido é que seja firmado um termo de compromisso com o parque no qual conste a perda integral da área como compensação ambiental pelos danos patrimoniais e morais. Os ativistas pediram ainda que o Pampas Safari seja transformado em um santuário.

O médico veterinário do Ibama Paulo Wagner desceu do prédio e atendeu os manifestantes. Wagner disse que entende a preocupação dos ativistas, mas afirmou que o Ibama apenas cumpre a lei. “O ativismo é legítimo. Entendemos toda a questão, mas o que temos que colocar é que o Ibama cumpre a lei. Quero reiterar que não foi o Ibama que solicitou o abate dos animais. Ao instituto cumpre preservar a biodiversidade, especialmente a fauna silvestre nativa. O parque encerrou suas atividades no ano passado e os proprietários disseram que não podiam mais manter a estrutura”, acrescentou.

A deputada Regina Becker Fortunati (Rede) disse que ação na justiça foi necessária em função da falta de informação sobre o processo. “Ninguém assumiu a responsabilidade pela eutanásia dos cervos. Queremos impedir a morte de outros animais”, explicou.

Regina Becker informou ainda que já protocolou junto à superintendência do Ibama e nas secretarias estaduais do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e da Agricultura Pecuária e Irrigação, ofícios, solicitando a cópia integral dos processos administrativos que tramitaram nos respectivos órgãos, e que culminaram na autorização para o abate dos animais. “É importante que os órgãos competentes esclareçam, de imediato, se todos os animais que compõe o Pampas Safari foram submetidos aos testes de tuberculose, antes de serem sentenciados de morte. Não vou hesitar em buscar todas as respostas necessárias para elucidação dos fatos”, esclareceu.


Cláudio Isaías
Correio do Povo

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