Cerca de 300
animais estão com suspeita de tuberculose
Manifestantes levaram cartazes e se fantasiaram
com chifres em referência aos 300 cervos | Foto: Guilherme Testa
Um grupo
de 100 ativistas protestou nesta sexta na frente da sede do Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e do Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no
bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, contra o abate de cervos no Pampas
Safari, em Gravataí. Na manifestação, os integrantes do Partido
Animais, Vanguarda Abolicionista, Auaiveg, Cantinhos dos Anjos, Reino Gato e
Movimento de Defessa Animal do Rio Grande do Sul (MDA) levaram cartazes e se
fantasiaram com chifres em referência aos 300 cervos que podem acabar sendo
mortos por estarem com tuberculose. Além disso, os manifestantes ficaram
deitados na calçada do Ibama, na rua Miguel Teixeira, durante um minuto em
solidariedade aos animais do Pampas Safari.
Thiane
Nunes, integrante do Partido Animais, disse que sem a certeza de que os animais
estão com tuberculose é inaceitável diante da legislação de proteção à fauna de
que os tutores dos animais tenham o direito de requerer o abate alegando falta
de recursos. “Falta de recurso de uma empresa que tem capital social de R$ 2,5
milhões?”, questionou.
Thiane
afirmou ainda que é sensível às dificuldades dos órgãos de fiscalização, mas
salientou que o Ibama, a Fundação Municipal de Meio Ambiente (FMMA) de
Gravataí, o governo do Estado e o Ministério Público Federal (MPF) poderiam ter
mudado a realidade de abandono dos animais criado pelos proprietários do Pampas
Safari. O local foi fechado no final do ano passado.
Um termo
pedindo providências foi lido na frente do prédio do Ibama. Entre os pedidos
feitos pelos manifestantes, está o de providências para os órgãos competentes
como FMMA, governo do Estado e Ministérios Públicos Estadual e Federal. O grupo
pediu ainda que seja formada em 48 horas uma comissão para analisar o tema e
que os proprietários do Pampas Safari tornem público uma cópia do livro do
plantel de animais desde 2013, quando o local foi interditado.
Outro
pedido é que seja firmado um termo de compromisso com o parque no qual conste a
perda integral da área como compensação ambiental pelos danos patrimoniais e
morais. Os ativistas pediram ainda que o Pampas Safari seja transformado em um
santuário.
O médico
veterinário do Ibama Paulo Wagner desceu do prédio e atendeu os manifestantes.
Wagner disse que entende a preocupação dos ativistas, mas afirmou que o Ibama
apenas cumpre a lei. “O ativismo é legítimo. Entendemos toda a questão, mas o
que temos que colocar é que o Ibama cumpre a lei. Quero reiterar que não foi o
Ibama que solicitou o abate dos animais. Ao instituto cumpre preservar a
biodiversidade, especialmente a fauna silvestre nativa. O parque encerrou suas
atividades no ano passado e os proprietários disseram que não podiam mais
manter a estrutura”, acrescentou.
A
deputada Regina Becker Fortunati (Rede) disse que ação na justiça foi
necessária em função da falta de informação sobre o processo. “Ninguém assumiu
a responsabilidade pela eutanásia dos cervos. Queremos impedir a morte de
outros animais”, explicou.
Regina
Becker informou ainda que já protocolou junto à superintendência do Ibama e nas
secretarias estaduais do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e da
Agricultura Pecuária e Irrigação, ofícios, solicitando a cópia integral dos
processos administrativos que tramitaram nos respectivos órgãos, e que
culminaram na autorização para o abate dos animais. “É importante que os órgãos
competentes esclareçam, de imediato, se todos os animais que compõe o Pampas
Safari foram submetidos aos testes de tuberculose, antes de serem sentenciados
de morte. Não vou hesitar em buscar todas as respostas necessárias para
elucidação dos fatos”, esclareceu.
Cláudio Isaías
Correio do Povo
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