Ministro repudiou manifestações e disse não
estudar flexibilização para abertura de serviços nos próximos dias
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta,
divulgou à imprensa, neste sábado, algumas projeções sobre os cenários futuros
acerca da Covid-19. Dentre as medidas apresentadas pelo ministro está a
possibilidade de "em algum momento" ativar a "lockdown" em
algumas cidades brasileiras. A ativação do sistema aconteceria, segundo ele,
para obrigar rigorosamente o isolamento social. "O que não existe é um
lockdown de todo o território nacional ao mesmo tempo desarticulado”,
argumentou.
Ao contrário do defendido pelo presidente Jair
Bolsonaro nessa semana, Mandetta voltou a defender o isolamento social como
medida de combate ao coronavírus: “Se a gente sair andando todo mundo de uma
vez vai faltar para o rico, para o pobre, para o dono da empresa, para o dono
do botequim, para o dono de todo mundo”, ressaltou. O ministro também repudiou
as manifestações, incluindo carreatas, pela flexibilização da abertura dos
comércios e indústrias no país, realizadas na sexta-feira em diversas cidades.
De acordo com ele, pode ocorrer a abertura
gradual de alguns serviços a partir de abril, mas que a decisão só será tomada
com o apoio de dados científicos. “Precisamos ter racionalidade e não nos mover
por impulso neste momento. Nós vamos nos mover, como eu disse desde o
princípio, pela ciência e pela parte técnica, com planejamento e pensando em
todos os cenários”, disse.
O ministro pediu "calma e frieza" aos
governadores e prefeitos diante o período de maior propagação do vírus, que
deve ocorrer entre abril e maio. "Nós temos dificuldades sim. Teremos dias
difíceis, sim. As coisas mudam de hora em hora, dia em dia, semana em
semana", apontou. Durante apelo aos governos, Mandetta reforçou que
autoridades façam o possível para preparar seus sistemas para "lidar com o
estresse que está ali na frente". O ministro ainda pediu que os
governadores tenham transparência com o governo federal na comunicação de dados
dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis. Caso haja omissão
de informação, Mandetta afirmou que a autoridade vai responder
"judicialmente" pelo ato.
Ele também falou que os ministérios da Saúde e da
Economia buscam em conjunto soluções para minimizar a crise diante da pandemia.
"O presidente está certíssimo quando ele fala que a crise econômica vai
matar pessoas, mas estamos engajados", afirmou.
Balanço
Em relação ao comparativo da evolução da pandemia
no Brasil e em outras partes do mundo, Mandetta pediu cautela nas projeções
populares. Segundo ele, a pasta acompanha o cenário e pode afirmar que não há
qualquer indicativo científico de que o Brasil esteja traçando os mesmos
números que Itália ou China.
Segundo dados apresentados por Mandetta, a
população brasileira é constituída de 14% de pessoas acima dos 60 anos,
enquanto a Itália possui 30% deste grupo etário em sua população. Outro
comparativo apresentado levou em consideração o tabagismo. "Enquanto
Europa e China são extremamente tabagistas, o SUS tem 20 anos de luta
antitabagismo", citou.
Por Correio do Povo e R7
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