Reunião ocorreu por meio de videoconferência
nesta quarta-feira
Em reunião virtual sem a participação do
presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), e com o presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), governadores reiteram, nesta quarta-feira, os procedimentos de
isolamento adotados para conter a pandemia do novo coronavírus. A manutenção
das medidas recomendadas por epidemiologistas foi uma das tônicas da
videoconferência, e o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), foi o
único que relativizou as medidas restritivas.
Outro ponto unânime foi o pedido para que Maia
agilize a aprovação do Plano Mansueto – plano de equilíbrio fiscal enviado ao
Congresso em junho de 2019 – para que ter condições fiscais de atender algumas
cadeias produtivas. Além disso, os governadores de Roraima e Tocantins pediram
apoio da Funai em relação às comunidades indígenas de seus Estados.
A reunião foi mediada pelo governador de São
Paulo, João Doria (PSDB), apesar do coordenador do Fórum de Governadores ser o
governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha. Mais cedo, o governador paulista
e o presidente da República protagonizaram um embate. "Vamos manter as
medidas adotadas pelo estado de Sergipe seguindo as orientações do Ministério
da Saúde e dos médicos da área. Não vamos recuar nenhum milímetro no trabalho
que estamos fazendo", afirmou o governador de Sergipe. Benivaldo Chagas
(PSD). "Pernambuco ontem teve seu primeiro óbito por coronavírus. Isso só
nos faz reforçar todo o entendimento que tem sido colocado em prática desde o
início dessa pandemia no Brasil. As restrições que estão sendo feitas estão no
caminho correto. Os Estados têm que se preparar", defendeu Paulo Câmara
(PSB).
Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de
Janeiro, criticou o pronunciamento do presidente e relatou ter reiterado a
determinação de isolamento aos prefeitos de seu Estado. " Nós nos pautamos
pela avaliação dos técnicos, peritos e decidimos com base nessas informações.
Qualquer decisão pautada no achismo está sujeita à responsabilização direta
daquele que o faz", afirmou. "Pronunciamento em rádio e televisão em
cadeia nacional não é área jurídica, é manifestação política e não tem qualquer
reflexo na determinação do que se deve e não deve fazer. Razão pela qual eu eu
já reforcei aqui aos prefeitos que as determinações continuam. E todos os
governadores precisam estar atentos a esse grave problema", acrescentou.
Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, pediu que
governadores tenham cuidado caso Bolsonaro resolva os responsabilizar pela
queda de índices econômicos. "É importante lembrar que o presidente
simplesmente vive no conflito – a sua história e sua trajetória política foram
sempre de confrontos e conflitos – e o que nós estamos observando agora é que
os nossos esforços, se der tudo certo, vão garantir a saúde e a vida de muitos
brasileiros, (serão apontados como motivo pelo qual) teremos um problema
econômico. Me parece sugerir que, no final das contas, ele vai dizer que (o
crescimento em seu governo) não foi tudo aquilo que se projetava porque tivemos
problemas econômicos por conta das ações dos governadores", ponderou.
Leite ainda ressaltou a importância do fórum como demonstração da "unidade
no enfrentamento ao coronavírus e a outros temas de interesse comum".
Já o governador de Roraima, Antonio Oliverio
Garcia de Almeida, conhecido como Antonio Denarium, pediu serenidade na
negociação com o governo federal. "O presidente Bolsonaro foi receptivo às
nossas solicitações. Agora precisamos regulamentar isso e abrir um diálogo com
o presidente da República", afirmou.
Reinaldo Azambuja (PSDB), governador do Mato
Grosso do Sul, defendeu a necessidade dos governadores enviarem ofício aos
organismos internacionais (como o Banco Muncial) para pedir para jogar as
parcelas de 2020 de dívidas e jogar no final do contrato. "Muitos Estados
são devedores desses organismos internacionais", explicou.
Exceção
Exceção entre governadores, Mauro Mendes adotou
tom crítico às medidas restritivas por receio do impacto econômico. "Eu
não posso tomar no Mato Grosso a mesma medida que São Paulo tomou porque aqui
tem treze vezes menos confirmação do que São Paulo em uma área três vezes
maior. Eu morro de medo dos reflexos econômicos dessas restrições", disse.
Por AE
Correio do Povo
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