Mulher deixou delegacia em um veículo de luxo
A mãe do autor confesso do triplo homicídio
ocorrido em Porto Alegre, no dia 26 de janeiro, prestou depoimento nesta
segunda-feira e desmentiu a fala do filho de que a arma usada no crime
pertencia às vítimas. Na saída da delegacia, ela falou brevemente com a
imprensa e disse que o jovem de 24 anos não tinha a intenção de matar e relatou
que ela estava sendo agredida. "Foi uma fatalidade. Meu filho não é um
monstro, a gente é de família, ele não é vagabundo", disse, chorando.
"Fui muito agredida dentro do meu carro. O que ele fez foi para defender a
minha vida, foi defesa. Ele jura que sentia que eu estava sendo
esfaqueada", afirmou, antes de fechar a janela do veículo, que arrancou em
velocidade.
O sepultamento
da família assassinada foi realizado na semana passada no Cemitério Parque
Jardim da Paz, na Capital. O enterro do casal Rafael Zanetti Silva, 45 anos, e Fabiana
da Silveira Innocente Silva, 44 anos, junto do filho Gabriel da Silveira
Innocente Silva, 20 anos, foi antecedido por uma carreata de amigos que
saiu da avenida Juca Batista, no bairro Hípica, tendo como ponto de partida a
loja de estética automotiva do jovem.
Nesta segunda, o delegado Rodrigo Pohlmann
Garcia, titular da 4ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP),
afirmou que a narrativa de que a mãe do autor foi agredida é "pouco
factível". "Tem testemunhas que disseram que a Fabiana e o Rafael
foram na direção do veículo. Mas a testemunha acredita que, pela velocidade dos
fatos, não houve a possibilidade de que ela tenha sido agredida", apontou.
Há ainda uma gravação de uma ligação feita por Fabiana ao 190. "Nós temos
o áudio, que revela que na velocidade que tudo aconteceu, as possibilidades de
que ela tenha sido agredida não sejam muito factíveis. Eles teriam se
aproximado da mãe, não daria tempo para uma agressão. Logo depois já vieram os
disparos que levaram a óbito", acrescentou.
Conforme Garcia, ela confessou que a arma é
da família e que foi ela quem pegou inicialmente a pistola 9 milímetros e
disparou em direção ao chão. Ele apontou relatou que o filho levou a arma consigo,
mas só percebeu no momento em que eles estacionaram o veículo. "O desenho
que se tem é que ela não participa efetivamente das execuções. Inclusive ela
tenta não entregar a arma ao filho, embora ela tenha, como assumiu, efetuado o
primeiro disparo. Segundo ela e o que foi visto já a partir dos depoimentos,
seria em tese para proteger filho das agressões que poderia vir sofrer a partir
de que as vítimas realmente foram na direção do filho. Isso poderia ter
assustado a mãe e ela ter efetuado esse disparo", avaliou.
"Quando eles saem em direção ao Aircross
(veículo da vítimas), ela não vai no banco carona, vai no de trás, porque o
filho naquele momento quer buscar satisfação de porquê ele bateu e saiu
correndo. Ela tenta impedi-lo num primeiro momento daquele intento de perseguir
e isso ocorre em tamanha velocidade que ela é obrigada e entrar na parte de
trás do veículo, logo atrás do motorista", explicou o delegado.
Em seu depoimento, a mulher disse à Polícia que a
arma foi deixado no local dos fatos. O paradeiro do objeto é
desconhecido. Ela ainda foi questionada sobre a razão pela qual
Dionatha mentiu sobre a origem da pistola, que estava registrada no
nome do pai – ela mesma tem autorização de posse para três, mas não porte.
"Disse que não sabe porque o filho fez esse relato e acredita que tenha
dito para que o pai não fosse culpado. Tudo que ela falou de certa forma
convalida aquilo que já havíamos apontado".
Por Correio do Povo
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