quarta-feira, 15 de abril de 2020

Ministério da Ciência anuncia teste com medicamento já existente em pacientes com Covid-19

Nos ensaios in vitro, remédio teve 93,4% de eficiência na inibição de reprodução do novo coronavírus

Serão 500 pacientes em sete hospitais
   Serão 500 pacientes em sete hospitais 

O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MTIC), Marcos Pontes, anunciou nesta quarta-feira o início de testes clínicos de combate à Covid-19 com um medicamento já existente no mercado. O estudo será feito com 500 pacientes em sete hospitais, em regime de tratamento diário, por cinco dias, seguido por outros nove de observação. "Não posso falar o nome para evitar uma correria enquanto ele não está testado e eu tenho certeza que vai funcionar", afirmou o titular da pasta, que disse que moléculas do remédio tiveram 93,4% de eficiência na redução da carga viral em ensaios in vitro.

Conforme o MTIC, trata-se "de um medicamento de baixo custo, bem tolerado, sem efeitos colaterais graves e que pode ser usado por pessoas de diversos perfis". Ele é disponível, inclusive, em formulação pediátrica. "É importante ressaltar que esperamos que esses testes sejam concluídos em quatro semanas. Serão feitos internamente porque temos que acompanhar e fazer os controles de carga viral, exames, sintomas. Isso será feito de uma forma extremamente científica, usando todo o formalismo", explicou.

O teste clínico, aprovado pela Comissão de Ética do Ministério da Saúde, será realizado através do sistema randomizado e duplo cego – nem os pacientes nem os médicos saberão que medicamento está sendo aplicado no tratamento. Contudo, o Ministério garante que haverá um termo de consentimento assinado por pacientes acima de 18 anos e que forem hospitalizados com pneumonia, tosse seca e febre, além de tomografia em vidro fosco.

O exame segue trabalho realizado pelo Laboratório Nacional de Biociências, do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e Materiais, que encontrou as moléculas capazes de inibir a ação do SARS-Cov-2. No grupo de pesquisa desta instituição com sede em Campinas, ao menos 40 cientistas usam técnicas de biologia molecular e estrutural, quimioinformática e inteligência artificial para procurar remédios que possam tratar pacientes infectados. 

Diferentes métodos foram utilizados para analisar duas mil moléculas capazes de inibir proteínas do novo coronavírus. Após análises computacionais, foram identificadas seis moléculas promissoras, que seguiram para teste com células in vitro. Dessas, duas reduziram significativamente a carga viral, uma delas com quase 94% de sucesso trabalhando no tecido real nesses ensaios e que seguirá para a análise de efeitos em humanos.

Pontes explicou que a técnica utilizada pelos cientistas foi a de reposicionamento de fármacos. "Basicamente é você utilizar remédios já conhecidos, testar as moléculas derivadas para ver como trabalham com esse vírus específico. É tipo um quebra-cabeças. Em tempo recorde, estudou-se com essas moléculas se encaixam nesse quebra-cabeças da proteína do vírus para ver qual se encaixa para eliminar a sua capacidade de reprodução", elucidou.

Ministério investe R$ 600 mil em pesquisa de BCG


O MTIC investiu R$ 600 mil a um grupo de cientistas que vão testar o uso da BCG contra a Covid-19 – ela é aplicada logo no nascimento para prevenir formas graves de tuberculose em crianças. No entanto, dados recentes têm demonstrado que países que mantem o uso da BCG apresentaram menores proporções de casos de coronavírus em comparação com nações que suspenderam seu uso.

Dessa forma, a hipótese dela atenuar os efeitos da Covid-19 foi aventada na comunidade científica. Para confirmar a suposição, o Ministério repassou a verba a um grupo de cientistas. “O estudo vai avaliar. Por enquanto é apenas uma hipótese. Só depois de concluídos trabalhos é que teremos dados suficientes para avaliar se a vacina BCG exerce algum tipo de proteção contra a covid-19”, explicou o secretário de Políticas para Formação e Ações Estratégicas, Marcelo Morales.

A verba será usada na realização de ensaios clínicos, que demandam aquisição de insumos para a execução das rotinas clínicas e laboratoriais, e de equipamento de informática para registro e análise de dados. Além disto, será montada equipe treinada para a execução dos estudos.


Por Correio do Povo e R7

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