Serão 500 pacientes em sete hospitais
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e
Comunicações (MTIC), Marcos Pontes, anunciou nesta quarta-feira o início de
testes clínicos de combate à Covid-19 com um medicamento já existente no
mercado. O estudo será feito com 500 pacientes em sete hospitais, em regime de
tratamento diário, por cinco dias, seguido por outros nove de observação.
"Não posso falar o nome para evitar uma correria enquanto ele não está
testado e eu tenho certeza que vai funcionar", afirmou o titular da pasta,
que disse que moléculas do remédio tiveram 93,4% de eficiência na redução
da carga viral em ensaios in vitro.
Conforme o MTIC, trata-se "de um medicamento
de baixo custo, bem tolerado, sem efeitos colaterais graves e que pode ser
usado por pessoas de diversos perfis". Ele é disponível, inclusive, em
formulação pediátrica. "É importante ressaltar que esperamos que esses
testes sejam concluídos em quatro semanas. Serão feitos internamente porque
temos que acompanhar e fazer os controles de carga viral, exames, sintomas.
Isso será feito de uma forma extremamente científica, usando todo o
formalismo", explicou.
O teste clínico, aprovado pela Comissão de Ética
do Ministério da Saúde, será realizado através do sistema randomizado e duplo
cego – nem os pacientes nem os médicos saberão que medicamento está sendo
aplicado no tratamento. Contudo, o Ministério garante que haverá um termo de
consentimento assinado por pacientes acima de 18 anos e que forem
hospitalizados com pneumonia, tosse seca e febre, além de tomografia em vidro
fosco.
O exame segue trabalho realizado pelo Laboratório
Nacional de Biociências, do Centro Nacional de Pesquisas em Energia e
Materiais, que encontrou as moléculas capazes de inibir a ação do SARS-Cov-2.
No grupo de pesquisa desta instituição com sede em Campinas, ao menos 40
cientistas usam técnicas de biologia molecular e estrutural, quimioinformática
e inteligência artificial para procurar remédios que possam tratar pacientes
infectados.
Diferentes métodos foram utilizados para analisar
duas mil moléculas capazes de inibir proteínas do novo coronavírus. Após
análises computacionais, foram identificadas seis moléculas promissoras, que
seguiram para teste com células in vitro. Dessas, duas reduziram
significativamente a carga viral, uma delas com quase 94% de sucesso trabalhando
no tecido real nesses ensaios e que seguirá para a análise de efeitos em
humanos.
Pontes explicou que a técnica utilizada pelos
cientistas foi a de reposicionamento de fármacos. "Basicamente é você
utilizar remédios já conhecidos, testar as moléculas derivadas para ver como
trabalham com esse vírus específico. É tipo um quebra-cabeças. Em tempo
recorde, estudou-se com essas moléculas se encaixam nesse quebra-cabeças da
proteína do vírus para ver qual se encaixa para eliminar a sua capacidade de reprodução",
elucidou.
Ministério
investe R$ 600 mil em pesquisa de BCG
O MTIC investiu R$ 600 mil a um grupo de
cientistas que vão testar o uso da BCG contra a Covid-19 – ela é aplicada logo
no nascimento para prevenir formas graves de tuberculose em crianças. No
entanto, dados recentes têm demonstrado que países que mantem o uso da BCG
apresentaram menores proporções de casos de coronavírus em comparação com
nações que suspenderam seu uso.
Dessa forma, a hipótese dela atenuar os efeitos
da Covid-19 foi aventada na comunidade científica. Para confirmar a suposição,
o Ministério repassou a verba a um grupo de cientistas. “O estudo vai avaliar.
Por enquanto é apenas uma hipótese. Só depois de concluídos trabalhos é que
teremos dados suficientes para avaliar se a vacina BCG exerce algum tipo de
proteção contra a covid-19”, explicou o secretário de Políticas para Formação e
Ações Estratégicas, Marcelo Morales.
A verba será usada na realização de ensaios
clínicos, que demandam aquisição de insumos para a execução das rotinas
clínicas e laboratoriais, e de equipamento de informática para registro e
análise de dados. Além disto, será montada equipe treinada para a execução dos
estudos.
Por Correio do Povo e R7
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