A esposa do homem, que estava internada no
hospital, acabou falecendo após o ocorrido
A Polícia Civil (PC) investiga uma denúncia sobre
o caso da morte de uma paciente ao presenciar as agressões e ofensas ao seu
esposo, que teriam ocorrido na madrugada de sábado passado no Hospital Dom João
Becker, em Gravataí.
A vítima, Maria Gonçalves Lopes, 55 anos, estava
internada na instituição hospitalar. A família denunciou que ela teve uma
parada cardíaca ao ver o marido, Everaldo da Silva Fonseca, 62 anos, sofrer
agressões e ser acusado do furto do celular de uma funcionária. Além de
insultos de cunho racistas, o esposo revelou que foi agredido por um segurança
de uma empresa de vigilância privada e que, após encontrarem o aparelho
esquecido em uma sala, tentaram pedir desculpas oferecendo um lanche e um suco.
A própria vítima teria sido também revistada no leito conforme consta no
boletim de ocorrência feito na tarde de sábado na Delegacia de Polícia de
Pronto Atendimento de Gravataí.
Titular da 1ª DP de Gravataí, o delegado Marcio
Zachello confirmou, na manhã deste domingo, que um inquérito já foi instaurado
para apurar o caso. A comprovação das denúncias poderá resultar em indiciamento
dos acusados por constrangimento ilegal, injúria racial e lesões corporais em
relação ao idoso.
Já sobre a morte de paciente, o delegado Marcio
Zachello disse que será preciso “verificar o que ocorreu com ela” antes de
estabelecer as devidas responsabilizações e uma ligação do óbito com que o
passou a vítima no quarto. “Vai depender de providências técnicas, uma análise
mais profunda…”, adiantou, referindo-se aos laudos sobre a causa do óbito.
Conforme consta no registro da ocorrência na
DPPA, Everaldo da Silva Fonseca diz que era o acompanhante de quarto da esposa
que havia sido internada com problemas cardíacos na sexta-feira. Ele relatou
que na madrugada de sábado estava sentado na cadeira ao lado da cama dela
quando entraram o segurança e “seis ou sete funcionários do hospital” dizendo
que “foi o negro que roubou, ele não vale nada, foi o negro”.
O idoso contou ainda que foi totalmente
revistado, sendo despido e levando dois socos nas costas desferidos pelo
vigilante. A esposa, acrescentou na queixa policial, também foi considerada
suspeita. “Revistaram até as fraldas que ela usava”, recordou o idoso,
observando que estavam presentes outros pacientes com familiares no quarto. Por
fim, ele declarou que foi colocado para fora do hospital, aos gritos de “foi o
negro, foi esse negro”.
O delegado Marcio Zachello adiantou que o
inquérito deve ouvir o idoso e identificar o segurança e “eventuais
servidores” para prestarem depoimentos, além de testemunhas que presenciaram o
fato e obtenção de imagens de câmeras de monitoramento do hospital, entre outras
diligências. De acordo com o titular da 1ª DP de Gravataí com base no
depoimento do idoso, “alguém localizou o celular e perceberam o equívoco”,
pedindo então “desculpa para atenuar a situação”.
O caso repercutiu nas redes sociais. O Conselho
Municipal de Saúde de Gravataí já está mobilizado para também elucidar o que
ocorreu de fato. A direção do Hospital Dom João Becker anunciou que também
pretende esclarecer o episódio. “Informamos que será imediatamente aberta uma
sindicância interna para averiguação. Uma vez feita a apuração, com base no
Código de Conduta vigente em todos os hospitais da Santa Casa de Misericórdia
de Porto Alegre, serão tomadas as providências cabíveis, tendo como premissa
essencial a verdade dos fatos”, manifestou-se em nota oficial. O corpo de Maria
Gonçalves Lopes foi sepultado no final da manhã deste domingo no Cemitério
Municipal de Gravataí.
Confirma a íntegra da nota do Hospital
"Com relação ao fato questionado pela Rádio
Guaíba, ocorrido nas dependências do Hospital Dom João Becker na madrugada de
sábado, 18/04, envolvendo familiar de paciente, informamos que será
imediatamente aberta uma sindicância interna para averiguação. Uma vez feita a
apuração, com base no Código de Conduta vigente em todos os hospitais da Santa
Casa de Misericórdia de Porto Alegre, serão tomadas as providências cabíveis,
tendo como premissa essencial a verdade dos fatos."
Por
Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário