O presidente da CPI da Pandemia, Omar Aziz, após ter negado inicialmente
pedidos de prisão de Fabio Wajngarten feitos pelos integrantes da comissão,
anunciou o encaminhamento à Procuradoria da República (Foto: Marcos
Oliveira/Agência Senado)
O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar
Aziz (PSD-AM), decidiu encaminhar ao Ministério Público o depoimento
do ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fabio
Wajngarten. A decisão veio após vários pedidos feitos por senadores, que acusaram
o depoente de mentir à CPI nesta quarta-feira (12). Antes da decisão do
presidente, a possibilidade de prisão gerou discussão
entre os senadores.
Omar Aziz havia negado os pedidos de prisão
feitos pelos integrantes da comissão parlamentar de inquérito, um deles o
relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Após a volta dos trabalhos,
interrompidos por causa da votação em Plenário, o presidente anunciou o
encaminhamento à Procuradoria da República, em atendimento a uma questão de
ordem feita pelo senador Humberto Costa (PT-PE).
— Esta comissão acatou questão de ordem para
remeter os autos do depoimento ocorrido na sessão de hoje ao Ministério Público
para a tomada de providências que o procurador responsável entender cabíveis no
sentido de promover a apuração e, se for o caso, a responsabilização, inclusive
com a aplicação de penas restritivas de direito por eventual cometimento do
crime de falso testemunho perante esta comissão — anunciou Omar Aziz.
Na visão do senador Flávio Bolsonaro
(PSL-RJ), o depoimento de Wajngarten não atingiu em nada o governo federal e
isso fez com que senadores “armassem circo” pedindo a prisão de uma pessoa
honesta e trabalhadora. Ele também negou que tenha havido contradição
entre a entrevista de Wajngarten à revista Veja e seu depoimento à CPI.
— Por que a entrevista na Veja pode servir de
parâmetro para dizer se ele estava falando a verdade aqui ou não? Ele pode
estar falando a verdade aqui na comissão e pode ter se equivocado na
entrevista. E aí? — disse Flávio Bolsonaro.
Questionado sobre a discussão com Flávio Bolsonaro durante o depoimento
e as críticas feitas pelo senador, Renan Calheiros disse que "nada que
parta dele é uma surpresa".
Na avaliação do senador Marcos Rogério
(DEM-RO), a oposição “escorregou na casca da banana” porque o depoimento não
trouxe nenhuma contradição. O senador também criticou os pedidos de prisão
feitos por senadores, especialmente por Renan.
— O relator, desde o primeiro dia, vem
sustentando um discurso de prejulgamento. O papel do integrante da CPI, mas
sobretudo do relator, é de buscar os fatos, conhecer as provas, tomar posse
delas e, no momento correto, fazer a análise do conjunto probatório e
apresentar um relatório que vai ser votado na comissão, que vai ser
votado no Plenário, tendo a sociedade brasileira como testemunha de todos os
atos praticados — disse o senador.
Para o vice-presidente da CPI, senador
Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o depoimento trouxe uma informação essencial aos
trabalhos da comissão, ao apontar que o governo já sabia, desde setembro, sobre
a intenção da Pfizer de vender vacinas para o Brasil e demorou dois meses para
responder. Na visão do senador, o depoente mentiu ao alegar desconhecimento
sobre a campanha “O Brasil não pode parar”, contra o isolamento social.
— Esperamos as providências do Ministério Público. Vocês assistiram ao depoimento, a verdade foi confrontada várias vezes. Não faríamos esse despacho se não houvesse elementos para isso — disse Randolfe, ao afirmar que todos os depoentes que ainda virão à comissão precisam ter consciência das consequências de faltar com a verdade.
Fonte: Agência Senado
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