Ibsen Pinheiro foi vítima de uma parada
cardiorrespiratória
Morreu nesta sexta-feira o jornalista, advogado e
político Ibsen Pinheiro, aos 84 anos. Procurador de Justiça aposentado, ele
também seguia como conselheiro deliberativo do Inter. "É com profundo
pesar que comunicamos o falecimento do jornalista Ibsen Pinheiro na noite desta
sexta-feira, dia 24 de janeiro. Ibsen sofreu uma parada cardiorrespiratória
enquanto passava por tratamento de saúde no Hospital Dom Vicente Scherer, em
Porto Alegre", confirmou o MDB em nota de pesar.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite,
decretou luto oficial por três dias. "Recebi com tristeza a notícia do
falecimento do deputado Ibsen Pinheiro. Ibsen foi homem público incansável na
luta por um país melhor. Sua trajetória política, marcada pelo diálogo e pelo
respeito, deixa grande legado ao Brasil."
Ibsen nasceu em São Borja, em 5 de julho de 1935,
filho de Ricardo Pinheiro Bermudes e Lilia Valls Pinheiro. Ele começou na
política em 1976, ao se eleger vereador por Porto Alegre. Em seguida, conseguiu
mandato de deputado estadual em 1978. Era um político histórico nos quadros do
MDB/PMDB. Presidente do MDB gaúcho por dois mandatos (2010 a 2012 e 2015 a
2017), Ibsen foi vereador, deputado estadual, deputado federal e presidiu a
Câmara dos Deputados. Por duas vezes, exerceu o cargo de presidente da
República e teve papel decisivo na elaboração da Constituição Brasileira.
Em 1986 foi eleito deputado constituinte e, de
fevereiro de 1991 a fevereiro de 1992, foi o presidente da Câmara Federal, tendo
conduzido o processo de impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
No procedimento contra Dilma Rousseff, votou contra a cassação por não ver
configurado com clareza o crime durante o mandato.
Teve mandato cassado em 1994 no episódio batizado
de Anões do Orçamento, divulgado pela revista Veja. Posteriormente, 11 anos
depois, o jornalista responsável pela matéria reconheceu que haviam erros nos
números divulgados sobre o suposto desvio de verbas. Voltou à política em 2004,
ao ganhar novo mandato como vereador de Porto Alegre. Seu último mandato foi
como deputado estadual até 2018, despedindo-se da Assembleia Legislativa em
abril daquele ano.
Grande influência no Inter
No Inter, sempre foi um conselheiro com grande
influência e ocasionais presenças nos quadros diretivos do futebol. Teve forte
atuação na vitoriosa década de 1970 e voltou em 2016 para tentar evitar o
rebaixamento do clube. Também era procurador de justiça aposentado.
O presidente do Inter, Marcelo Medeiros, exaltou
a atuação do jornalista no Colorado. "Tinha no Inter sua maior paixão.
Mesmo na divergência, promovia o debate e sustentava suas posições de forma
firme, inteligente. Idealista, homem público de valor. Perdem a sociedade e a
nação alvirrubra. Nossos sentimentos à família e amigos." O ex-presidente
Fernando Carvalho se disse bastante chateado. "Ele era um colorado
histórico, fez parte dos Mandarins no final dos anos 1960, e suas ideias sobre
futebol fizeram ser o que o Inter foi nos anos 1970, nossa década mais gloriosa",
declarou o ex-dirigente.
Carvalho contou que conheceu Ibsen nos anos 1980,
quando era advogado do Inter, e precisava regularizar a situação de Rubén Paz,
que encontrava-se irregular no país. "Encontrei com ele no aeroporto, me
identifiquei e ele foi muito solícito, e me ajudou a resolver o problema em
apenas 24 horas", lembrou. "E a partir daí criamos um grande vínculo,
viramos amigos. Nas décadas seguintes, ele foi meu conselheiro, vice de futebol
em 2002, quando quase caímos para a Série B. E em 2016 ele voltou a tentar
ajudar o clube a escapar da queda, mas não conseguiu. Mas isso não apaga o que
ele fez pelo clube", contou.
Por Correio
do Povo
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