Amigos e familiares se reuniram para enterro
nesta manhã
O sepultamento da família assassinada na tarde de
domingo passado no bairro Lami foi realizado no final da manhã desta
terça-feira no Cemitério Parque Jardim da Paz, em Porto Alegre. O enterro do
casal Rafael Zanetti Silva, 45 anos, e Fabiana da Silveira Innocente Silva, 44
anos, junto do filho Gabriel da Silveira Innocente Silva, 20 anos, foi
antecedido por uma carreata de amigos que saiu da avenida Juca Batista, no
bairro Hípica, tendo como ponto de partida a loja de estética automotiva
do jovem. As vítimas foram mortas a tiros durante uma discussão após uma
colisão de trânsito na Estrada do Varejão.
Com prisão preventiva decretada pela Justiça, o
autor do crime, um ex-militar de 24 anos, está foragido. A mãe, que estava
junto quando o filho atirou na família com uma pistola calibre 9 milímetros,
também não foi encontrada. O veículo deles, uma FordEcoSport, foi apreendido
pelos policiais civis na tarde de segunda-feira, escondido em um galpão na
mesma região do Lami. Antes, pela manhã, a equipe do delegado Rodrigo Pohlmann
Garcia, da 4ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (4ªDPHPP),
havia recolhido uma pistola calibre 380 e um revólver calibre 38, na residência
e no supermercado dos envolvidos.
No velório ocorreram vários momentos de oração e
despedida com muitas palmas. Durante o sepultamento, um parente das vítimas fez
uma declaração à imprensa em nome da família. Primo de Rafael, o advogado
Thiago Zanetti Küllinger declarou que “o sentimento é de dor e revolta muito
grande diante de uma situação que é um absurdo”. Segundo ele, todos querem
justiça e que o assassino seja encontrado e venha a pagar por isso. “A
principal dor da família, no entanto, é ver um pai, uma mãe e um irmão morrerem
e restar uma criança de oito anos. Ele os viu morrerem…”, desabafou.
“A família está buscando apoio psicológico para
essa criança, vendo com quem ela vai ficar... A família está mobilizada no
acolhimento dela. É o pior momento: conseguir dar apoio a essa criança”,
acrescentou. “Estamos todos desolados. É só sofrimento. Ninguém consegue
acreditar em toda a situação. Era uma família unida e tranquila, sempre
juntos”, enfatizou. “Nada justifica uma pessoa matar um pai, uma mãe, um filho
por causa de uma batida na porta de carro. Não existe motivo. É a banalização
da vida humana que está se vivendo…”, concluiu.
Carreata precede enterro
Sobre a homenagem realizada antes do enterro, um
dos amigos da vítima manifestou-se sobre o ato. “A carreata foi uma forma de
chamar a atenção por segurança e uma homenagem ao Gabriel, que não merecia
isso. Ele foi uma pessoa humilde e que estava sempre brincando. Acho que ele
está muito feliz lá em cima com essa homenagem”, afirmou Eduardo Padilha. “Ele
é padrinho da minha filha e tínhamos uma convivência. Era como se fosse um
irmão. Os pais dele me acolheram como um filho, eu sempre estava na casa deles.
Dias antes ele esteve em minha casa. Ele estava sempre de bem e brincando. Não
cai a ficha... É difícil”, disse. Vários motociclistas participaram juntos da
carreata pois o jovem acompanhava o pai em trilhas.
Mãe de uma ex-coleguinha de aula do menino que
perdeu o pai, mãe e o irmão, Heloísa Lara recordou que a família dele “emanava
alegria”. Nunca perderam o contato apesar da mudança de escola sendo mantido o
grupo dos ex-coleguinhas. “Manteve o grupo de mães para se falarem fora da
escola”, explicou. De acordo com ela, ninguém sabe agora o que vai fazer, mas
pretendem manter uma ligação com a criança. “Para o menino não vai ter mais
alegria... ele pode até superar mas sempre terá essa dor, essa lembrança ruim.
É muito triste”, lamentou. “Ninguém consegue ainda entender o que leva uma
pessoa a descarregar uma arma em cima de uma família”, observou.
Por Correio do Povo
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