terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Em meio às lágrimas, dor e revolta na despedida de pai, mãe e filho assassinados em Porto Alegre

Enterro do casal Rafael e Fabiana Silva, e do filho Gabriel, foi antecedido por uma carreata

Amigos e familiares se reuniram para enterro nesta manhã
   Amigos e familiares se reuniram para enterro nesta manhã 

O sepultamento da família assassinada na tarde de domingo passado no bairro Lami foi realizado no final da manhã desta terça-feira no Cemitério Parque Jardim da Paz, em Porto Alegre. O enterro do casal Rafael Zanetti Silva, 45 anos, e Fabiana da Silveira Innocente Silva, 44 anos, junto do filho Gabriel da Silveira Innocente Silva, 20 anos, foi antecedido por uma carreata de amigos que saiu da avenida Juca Batista, no bairro Hípica, tendo como ponto de partida a loja de estética automotiva do jovem. As vítimas foram mortas a tiros durante uma discussão após uma colisão de trânsito na Estrada do Varejão.

Com prisão preventiva decretada pela Justiça, o autor do crime, um ex-militar de 24 anos, está foragido. A mãe, que estava junto quando o filho atirou na família com uma pistola calibre 9 milímetros, também não foi encontrada. O veículo deles, uma FordEcoSport, foi apreendido pelos policiais civis na tarde de segunda-feira, escondido em um galpão na mesma região do Lami. Antes, pela manhã, a equipe do delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, da 4ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (4ªDPHPP), havia recolhido uma pistola calibre 380 e um revólver calibre 38, na residência e no supermercado dos envolvidos.

No velório ocorreram vários momentos de oração e despedida com muitas palmas. Durante o sepultamento, um parente das vítimas fez uma declaração à imprensa em nome da família. Primo de Rafael, o advogado Thiago Zanetti Küllinger declarou que “o sentimento é de dor e revolta muito grande diante de uma situação que é um absurdo”. Segundo ele, todos querem justiça e que o assassino seja encontrado e venha a pagar por isso. “A principal dor da família, no entanto, é ver um pai, uma mãe e um irmão morrerem e restar uma criança de oito anos. Ele os viu morrerem…”, desabafou.

“A família está buscando apoio psicológico para essa criança, vendo com quem ela vai ficar... A família está mobilizada no acolhimento dela. É o pior momento: conseguir dar apoio a essa criança”, acrescentou. “Estamos todos desolados. É só sofrimento. Ninguém consegue acreditar em toda a situação. Era uma família unida e tranquila, sempre juntos”, enfatizou. “Nada justifica uma pessoa matar um pai, uma mãe, um filho por causa de uma batida na porta de carro. Não existe motivo. É a banalização da vida humana que está se vivendo…”, concluiu.

Carreata precede enterro

Sobre a homenagem realizada antes do enterro, um dos amigos da vítima manifestou-se sobre o ato. “A carreata foi uma forma de chamar a atenção por segurança e uma homenagem ao Gabriel, que não merecia isso. Ele foi uma pessoa humilde e que estava sempre brincando. Acho que ele está muito feliz lá em cima com essa homenagem”, afirmou Eduardo Padilha. “Ele é padrinho da minha filha e tínhamos uma convivência. Era como se fosse um irmão. Os pais dele me acolheram como um filho, eu sempre estava na casa deles. Dias antes ele esteve em minha casa. Ele estava sempre de bem e brincando. Não cai a ficha... É difícil”, disse. Vários motociclistas participaram juntos da carreata pois o jovem acompanhava o pai em trilhas.

Mãe de uma ex-coleguinha de aula do menino que perdeu o pai, mãe e o irmão, Heloísa Lara recordou que a família dele “emanava alegria”. Nunca perderam o contato apesar da mudança de escola sendo mantido o grupo dos ex-coleguinhas. “Manteve o grupo de mães para se falarem fora da escola”, explicou. De acordo com ela, ninguém sabe agora o que vai fazer, mas pretendem manter uma ligação com a criança. “Para o menino não vai ter mais alegria... ele pode até superar mas sempre terá essa dor, essa lembrança ruim. É muito triste”, lamentou. “Ninguém consegue ainda entender o que leva uma pessoa a descarregar uma arma em cima de uma família”, observou.


Por Correio do Povo

Nenhum comentário:

Postar um comentário