Houve mais de 4 mil casos registrados envolvendo
aranhas-marrons no RS, segundo o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS)
Ela é pequena, mede aproximadamente um centímetro
e tem envergadura de três centímetros, mas uma picada pode trazer problemas. A
aranha-marrom pode ser encontrada dentro das casas, se camufla entre as roupas
de vestuário e de cama, atrás de móveis, em garagens e porões. Com a incidência
do calor, ela sai de seu habitat escuro com mais frequência, mas contatos
acontecem tanto no verão quanto em períodos menos quentes. Segundo o Centro
Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), houve mais de 4 mil casos registrados
no Rio Grande do Sul em 2019.
Picadas de aranhas-marrons podem ou não resultar
em internação, que necessite da aplicação de soro loxoscélico, o único indicado
para o caso. No entanto, o número de ocorrências em que a injeção foi
recomendada vem aumentando nos últimos anos. Em 2017, houve 231 situações deste
tipo. Em 2018, 345 casos, e em 2019 subiu para 580.
“Estamos fazendo grupos de trabalho, incluindo
profissionais da Zoobotânica para avaliar estes dados. Podemos dizer que
acontecem geralmente em áreas urbanas”, informa a coordenadora da Vigilância
Ambiental em Saúdo do CEVS, Lúcia Mardini. Ela explica que a sociedade não
precisa se assustar. “Não se trata de nenhum surto ou epidemia. A população tem
que entender que, assim como os humanos, as aranhas vivem em um ambiente e
também pertencem à riqueza do ecossistema”.
Dados preliminares mostram que a região da Serra
gaúcha e municípios como Pelotas e Passo Fundo registram boa parte das picadas
no RS. Diferente dos outros dois tipos de aranhas peçonhentas que habitam o
Estado, a armadeira e a viúva-negra (mais rara), as marrons não são agressivas,
não “atacam”. “Ela sai para se alimentar e é esmagada pelo contato com o
corpo”, frisa Mardini. A sensação de dor só aparece de 6 a 24h depois. Por
isso, não é necessário largar tudo o que está fazendo e correr para o médico. “Mas
não se pode demorar demais, porque, com o tempo, pode gerar necrose”, orienta.
Se picada, a pessoa deve procurar uma unidade de
saúde. Em Porto Alegre, a referência é o Hospital de Pronto Socorro. Postos de
saúde podem fazer o atendimento inicial, mas o paciente é encaminhado ao HPS,
pois é lá que se encontra o soro loxoscélico. O enfermeiro coordenador das UTIs
do hospital, Gilnei Luiz da Silva, ressalta que não há soluções caseiras para
as picadas.
“Lave com sabão neutro e água corrente. Não coce,
não passe as unhas. E se dirija ao hospital”, explica. Segundo ele, 90% dos
casos de picadas de aranhas na capital gaúcha é motivada pelas marrons. “Metade
de ocorrências dentre todos os animais peçonhentos, são deste tipo de
aracnídeo” complementa.
Ponto vermelho
A característica da picada de aranha-marrom é um
ponto vermelho dentro de um círculo avermelhado, que causa irritação e
ardência. Em 2018, uma pessoa morreu em decorrência de uma picada, durante o
tratamento que, segundo Gilnei, é lento e gradual. “Nem sempre se chega a
precisar do soro. Pode ser tratado com analgésico, antialérgico ou antibiótico.
Mas a cicatrização demora, entre 30 a 90 dias. É importante estar atento ao
tratamento porque uma picada pode necrosar o tecido da pele. Depende do organismo
de cada pessoa, que precisa voltar para analisar o agravamento ou não da
lesão”, esclarece.
Mais informações podem ser obtidas pessoalmente
no Centro de Informação Toxicológica do RS, e também no site ou telefone da
instituição, 0800 721 3000, que também presta serviço em caso de acidentes
relacionados a animais peçonhentos.
Por Correio do Povo
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