quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Caso Daiane Griá Sales: Polícia aguarda novo laudo e tenta esclarecer circunstâncias e participantes do assassinato

Pelo menos oito homens foram identificados a partir de relatos. Contra dois deles pesam indícios de crime


Morte da adolescente chocou a comunidade onde vivem mais de 8 mil caingangues

(Foto: Polícia Civil / Divulgação)



A morte da jovem indígena kaingangue, Daiane Griá Sales, de apenas 14 anos, completou na terça-feira (31), um mês. O brutal assassinato aconteceu em um sábado, 31 de julho, quando a adolescente saiu da Reserva Indígena Guarita, onde vivia, para participar de festas com amigos. Seu corpo foi encontrado somente quatro dias após o assassinato, parcialmente despido e com a virilha dilacerada.


A confirmação da morte chocou a comunidade regional, especialmente a reserva indígena, onde vivem mais de 8 mil kaingangues e algumas centenas de guaranis. A primeira perícia indica que os ferimentos teriam sido causados por animais. Porém, a polícia aguarda um novo laudo.


Próximo ao corpo foi encontrado um pedaço de corda, que pode ter sido utilizado para asfixiar a garota. Algumas marcas no pescoço levam a essa suposição. Há indícios também de abuso sexual.


O caso virou prioridade para a Polícia Civil, que colheu mais de uma dezena de depoimentos e identificou alguns dos que teriam visto Daiane em seus últimos momentos de vida. Pelo menos oito homens foram identificados a partir de relatos. Contra dois deles pesam indícios de crime. Eles foram chamados a prestar depoimento, caíram em contradições e tiveram sua prisão temporária decretada pela Justiça, a pedido dos policiais.


O inquérito está em segredo de Justiça a pedido dos policiais, que temem fuga de suspeitos. A reportagem do site GZH descobriu que os presos são de etnia branca, um deles moreno, de 21 anos, e o outro loiro, de 33 anos. O mais jovem sempre residiu entre Redentora e Tenente Portela, próximo à área indígena. O outro já morou em grandes cidades gaúchas, mas retornou a Redentora há poucos anos.


O rapaz de 21 anos admite que conversou com Daiane, mas que não viu que direção ela tomou após uma das festas. Acontece que uma roupa encontrada no local onde estava o corpo foi reconhecida como sendo deste rapaz.


Contra o outro suspeito preso existe, além do fato de ter sido visto na festa onde estava Daiane, a desconfiança de que teria transportado o corpo da jovem no veículo de um familiar. O carro foi periciado e, nele, encontrados sinais de sangue. É aguardado exame de DNA para verificar se é compatível com o da jovem caingangue.


Esse homem não mudou sua versão e declarou três vezes que ele e amigos carnearam um porco naquele fim de semana e o transportaram, o que justificaria o sangue no automóvel. O defensor dele é o advogado Lauro Brum, que declarou a GZH não ter motivos até agora para desconfiar da versão do seu cliente.


Advogado da família da vítima elogia trabalho de investigação da polícia


A Rádio Alto Uruguai entrevistou o advogado Bira Teixeira, que representa a família de Daiane. Ele ressaltou que aguarda o novo laudo da perícia, elogiou o trabalho policial que vem sendo realizado até o momento sob a coordenação do delegado Vilmar Schaefer, e não descartou a possibilidade de mais pessoas serem indiciadas por participação direta no crime. Ele também relatou que ainda não estão evidentes as participações dos dois homens que estão presos temporariamente.


Bira também ressalta que Daiane era uma adolescente defensora das causas indígenas, bem relacionada e com planos de fazer faculdade. “O tempo vai dizer se foi morta porque era índia, por ser mulher ou, quem sabe, por ambos os fatores. Mas foi barbarizada e isso tem de ser esclarecido”, conclui o advogado. 



Fonte: Rádio Alto Uruguai

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