Moro estipulou a Lula que se apresente até as 17h | Foto:
Miguel Schincariol / AFP / CP
O juiz federal Sérgio Moro deu prazo até esta
sexta ao ex-presidente Lula para se apresentar "voluntariamente" à
Polícia Federal em Curitiba, base da Operação Lava Jato. Em despacho desta
quinta, Moro estipulou a Lula que se apresente até as 17h.
“Relativamente ao condenado e ex-Presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, concedo-lhe, em atenção à dignidade cargo que ocupou, a
oportunidade de apresentar-se voluntariamente à Polícia Federal em Curitiba até
as 17h do dia 06/04/2018, quando deverá ser cumprido o mandado de prisão”,
anotou.
Moro proibiu o uso de algemas em Lula.
“Esclareça-se que, em razão da dignidade do cargo ocupado, foi previamente
preparada uma sala reservada, espécie de Sala de Estado Maior, na própria
Superintência da Polícia Federal, para o início do cumprimento da pena, e na qual
o ex-Presidente ficará separado dos demais presos, sem qualquer risco para a
integridade moral ou física”, escreveu.
O magistrado ainda indicou que ‘os detalhes da
apresentação deverão ser combinados com a Defesa diretamente com o Delegado da
Polícia Federal Maurício Valeixo, também Superintendente da Polícia Federal no
Paraná’.
O que diz a defesa de Lula
“Como o
processo não terminou no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) essa
providência da decretação da prisão, esse açodamento na decretação da prisão do
ex-presidente configura a mais rematada expressão do arbítrio no século XXI.”
A medida
foi tomada após a decisão
do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou nessa quarta um
habeas corpus protocolado pela defesa para mudar o entendimento firmado pela
Corte em 2016, quando foi autorizada a prisão após o fim dos recursos naquela
instância. Lula foi condenado a 12 anos e um mês na ação penal do tríplex do
Guarujá (SP), na Operação Lava Jato.
Trajetória pessoal
A vida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
foi marcada de reviravoltas imprevisíveis e agora está dependendo de uma
sentença do Supremo Tribunal Federal, que nesta quarta-feira pode deixá-lo a um
passo da prisão. Da miséria do nordeste à Presidência do Brasil, passando pela
liderança das greves de operários contra a ditadura militar, Lula luta agora
para que sua trajetória extraordinária não acabe atrás das grades, por
acusações de corrupção.
Confira
as principais datas que marcaram sua vida:
27 outubro
de 1945: nasce em uma família de agricultores pobres em Caetés,
interior de Pernambuco. Assim como outros retirantes, sua família saiu dali
quando ele tem sete anos, rumo a São Paulo, para fugir da fome.
1975: torna-se
presidente do sindicato dos metalúrgicos, representando colegas da profissão
que exerce desde os 14 anos.
1978-80: lidera
as grandes greves na região industrial paulista, em plena ditadura (1964-1985).
É preso durante 31 dias.
1980: cofundador
do Partido dos Trabalhadores (PT). Participa, em 1983, da criação da Central
Única dos Trabalhadores (CUT).
1º
janeiro de 2003: torna-se o primeiro presidente brasileiro de origem
operária. É reeleito em 2006. Graças a seus programas sociais, 29 milhões de
brasileiros saem da miséria, apesar de o país permanecer muito desigual.
2005: decapita
a direção do PT depois dos escândalos de corrupção do 'Mensalão'.
Março de
2016: no dia 4, o juiz federal de primeira instância Sérgio Moro,
de Curitiba, determina levar Lula a prestar depoimento em condução coercitiva,
no âmbito das investigações da Operação 'Lava Jato' sobre um esquema de
corrupção montado na Petrobras. Residências de pessoas vinculadas a Lula são
revistadas. No dia 17, o juiz federal do Distrito Federal Itagiba Catta Preta
Neto suspende a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff,
ainda na Presidência, sob o pretexto de que sua entrada no governo só visava a
assegurar-lhe o foro privilegiado, protegendo-o da Justiça comum. O juiz diz
ter agido para preservar a harmonia entre os poderes, evitando interferências
no Judiciário.
12 de
julho de 2017: o juiz Moro condena Lula a nove anos e meio de prisão por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ter se beneficiado de um
apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, oferecido pela
empreiteira OAS, investigada na 'Lava Jato', em troca de mediação para obter
contratos na Petrobras.
24 de
janeiro de 2018: o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), um tribunal
de segunda instância, confirma a sentença e eleva a pena a doze anos e um mês
de reclusão.
22 de
março de 2018: Por maioria, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o
ex-presidente Lula não pode ser preso até o julgamento do mérito do habeas
corpus preventivo. Os ministros deferiram uma liminar solicitada pela defesa do
líder petista.
26 de
março de 2018: TRF4 rejeita as últimas objeções apresentadas pela defesa de
Lula.
4 e 5 de
abril de 2018: O Supremo Tribunal Federal (STF) nega habeas corpus preventivo por
6 votos 5.
ESTADÃO Conteúdo
Correio
do Povo
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