Foto: Divulgação
Com 26 anos de idade
e há quatro se dedicando à suinocultura, a jovem Carla Cocco Silva Dallanora é
um exemplo de empreendedorismo no meio rural. Morada da linha Bonita, em
Seberi, ela mudou o foco da propriedade onde mora com os pais, após apostar na
suinocultura como principal atividade econômica. A aposta, que deu certo, é
mais um exemplo de que a vida no campo pode sim oferecer a qualidade de vida
almejada pelos jovens, filhos de agricultores, sem que tenham que deixar suas
raízes para trabalhar na cidade.
Hoje,
muitas mulheres e jovens vão até a propriedade para conhecer o negócio e se
inspirar. “Eu tentei, por curiosidade, trabalhar na cidade. Trabalhei em uma
construtora e no comércio. Mas desde pequena, aprendi as atividades da
propriedade, para ajudar meus pais, que cultivavam grãos. E a ideia da
suinocultura nasceu enquanto eu fazia a faculdade, foi o meu projeto de vida.
Com a instalação de um frigorífico na cidade, coloquei em prática, apesar de
todas as dificuldades –, explica Carla.
Desde
junho de 2014 até hoje, o crechário, administrado por Carla, já recebeu 23
lotes. Foram mais de 23 mil animais, que permanecem alojados por 49 dias. Desde
o início, a parceria do negócio se deu com a integração para a Suinocultura
Acadrolli, de Rodeio Bonito, empresa com a qual Carla se identificou em meio às
exigências de produção. A dedicação rendeu, em comemoração ao último 8 de março
– Dia Internacional da Mulher –, o reconhecimento do município ao trabalho da
jovem, com um dos prêmios do Seberi Mulher Cidadã.
Persistência e foco
Colocar a ideia em
funcionamento, porém, não foi fácil. Segundo a jovem, houve muita resistência.
“As pessoas eram contrárias, chegavam afirmar que não daria certo, era uma
energia muito negativa. Mas eu e meu marido, nunca duvidamos. Formada em Gestão
Ambiental, para colocar o projeto em funcionamento, ela também cursou o Técnico
em Agronegócio e depois fez pós-graduação em Licenciamento, Auditoria e
Certificação Ambiental.
– Buscamos
informações, conhecemos propriedades que já trabalhavam com a suinocultura. No
início foi difícil mesmo, porque tudo era novo, assustador. Há um processo
complexo, desde a construção do galpão, rede de energia e de água, licenças.
Aparecem várias dificuldades mas, passadas estas etapas, foi algo que realmente
deu certo –, conta.
Ampliação
Agora, os pais
passaram a investir também na área. A mãe, Marilei Cocco da Silva é a
responsável por uma pocilga de terminação, que agora recebeu o segundo lote.
Carla, grávida de cinco meses, conta que o marido Samuel Dallanora passará a se
dedicar somente à atividade, já que a ideia da família é construir mais uma
pocilga para terminação, até a metade do ano. “Agora, com o sistema
automatizado, tudo fica mais fácil. Queremos trabalhar de uma maneira em que a
mão de obra seja familiar, sem a necessidade de contratar funcionários. O meu
sonho é que o meu filho ou filha, assim como eu, também fique na propriedade,
garantindo a sucessão rural”, revela.
Gestão na propriedade
Assim como vários
produtores rurais do município, Carla é atendida pelo programa estadual Gestão
Sustentável da Agricultura Familiar, desenvolvido em Seberi pelo escritório da
Emater/RS-Ascar. O trabalho consiste no diagnóstico e análise das propriedades,
a partir dos quais é realizado um planejamento continuado de ações que serão
desenvolvidas por um período de quatro anos, além da assistência técnica
gratuita da Emater.
Conforme explica a
extensionista rural agropecuária da Emater de Seberi, Pâmela dos Santos Couto,
as famílias recebem orientação tanto no setor agrário como social, envolvendo
atividades que vão desde o melhoramento dos arredores da propriedade,
saneamento e, no caso da suinocultura, quanto ao manejo dos dejetos. “A família
da Carla, que também tem o plantio de grãos, destina os dejetos para a
adubação”, detalha.
Publicado por: Márcia Sarmento
Fonte: Folha do Noroeste
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