segunda-feira, 2 de abril de 2018

Jovem, mulher e destaque na suinocultura regional

Carla Dallanora trocou o trabalho na cidade e transformou o sonho de prosperar no interior em realidade, apostando na integração de suínos como foco da propriedade rural

   Foto: Divulgação

Com 26 anos de idade e há quatro se dedicando à suinocultura, a jovem Carla Cocco Silva Dallanora é um exemplo de empreendedorismo no meio rural. Morada da linha Bonita, em Seberi, ela mudou o foco da propriedade onde mora com os pais, após apostar na suinocultura como principal atividade econômica. A aposta, que deu certo, é mais um exemplo de que a vida no campo pode sim oferecer a qualidade de vida almejada pelos jovens, filhos de agricultores, sem que tenham que deixar suas raízes para trabalhar na cidade.

Hoje, muitas mulheres e jovens vão até a propriedade para conhecer o negócio e se inspirar. “Eu tentei, por curiosidade, trabalhar na cidade. Trabalhei em uma construtora e no comércio. Mas desde pequena, aprendi as atividades da propriedade, para ajudar meus pais, que cultivavam grãos. E a ideia da suinocultura nasceu enquanto eu fazia a faculdade, foi o meu projeto de vida. Com a instalação de um frigorífico na cidade, coloquei em prática, apesar de todas as dificuldades –, explica Carla.

Desde junho de 2014 até hoje, o crechário, administrado por Carla, já recebeu 23 lotes. Foram mais de 23 mil animais, que permanecem alojados por 49 dias. Desde o início, a parceria do negócio se deu com a integração para a Suinocultura Acadrolli, de Rodeio Bonito, empresa com a qual Carla se identificou em meio às exigências de produção. A dedicação rendeu, em comemoração ao último 8 de março – Dia Internacional da Mulher –, o reconhecimento do município ao trabalho da jovem, com um dos prêmios do  Seberi Mulher Cidadã.

Persistência e foco

Colocar a ideia em funcionamento, porém, não foi fácil. Segundo a jovem, houve muita resistência. “As pessoas eram contrárias, chegavam afirmar que não daria certo, era uma energia muito negativa. Mas eu e meu marido, nunca duvidamos. Formada em Gestão Ambiental, para colocar o projeto em funcionamento, ela também cursou o Técnico em Agronegócio e depois fez pós-graduação em Licenciamento, Auditoria e Certificação Ambiental.

– Buscamos informações, conhecemos propriedades que já trabalhavam com a suinocultura. No início foi difícil mesmo, porque tudo era novo, assustador. Há um processo complexo, desde a construção do galpão, rede de energia e de água, licenças. Aparecem várias dificuldades mas, passadas estas etapas, foi algo que realmente deu certo –, conta.

Ampliação

Agora, os pais passaram a investir também na área. A mãe, Marilei Cocco da Silva é a responsável por uma pocilga de terminação, que agora recebeu o segundo lote. Carla, grávida de cinco meses, conta que o marido Samuel Dallanora passará a se dedicar somente à atividade, já que a ideia da família é construir mais uma pocilga para terminação, até a metade do ano. “Agora, com o sistema automatizado, tudo fica mais fácil. Queremos trabalhar de uma maneira em que a mão de obra seja familiar, sem a necessidade de contratar funcionários. O meu sonho é que o meu filho ou filha, assim como eu, também fique na propriedade, garantindo a sucessão rural”, revela.

Gestão na propriedade

Assim como vários produtores rurais do município, Carla é atendida pelo programa estadual Gestão Sustentável da Agricultura Familiar, desenvolvido em Seberi pelo escritório da Emater/RS-Ascar. O trabalho consiste no diagnóstico e análise das propriedades, a partir dos quais é realizado um planejamento continuado de ações que serão desenvolvidas por um período de quatro anos, além da assistência técnica gratuita da Emater.

Conforme explica a extensionista rural agropecuária da Emater de Seberi, Pâmela dos Santos Couto, as famílias recebem orientação tanto no setor agrário como social, envolvendo atividades que vão desde o melhoramento dos arredores da propriedade, saneamento e, no caso da suinocultura, quanto ao manejo dos dejetos. “A família da Carla, que também tem o plantio de grãos, destina os dejetos para a adubação”, detalha.


Publicado por: Márcia Sarmento
Fonte: Folha do Noroeste

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