quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Vereador mais votado de Tenente Portela é condenado a quase 15 anos de prisão

Pela sentença, Valdonês Joaquim poderá deixar a prisão em abril

Vereador mais votado de Tenente Portela é condenado a quase 15 anos de prisão
   Os assaltos em Miraguaí tiveram grande repercussão na região (Foto: BM/Divulgação)

A justiça de Tenente Portela condenou o vereador e ex-cacique Valdonês Joaquim a 14 anos, 8 meses e 23 dias pela participação nos assaltos que ocorreram em 6 de fevereiro de 2017, nas agências de Banrisul e Sicredi de Miraguaí. O também ex-cacique, Valdir Joaquim, pai de Valdonês, foi condenado a 13 anos e 23 dias, pelos mesmos crimes. Ambos foram considerados culpados pelos crimes de associação criminosa, seis roubos qualificados e manutenção de reféns, bem como por dano qualificado pela utilização de substância inflamável e contra o patrimônio público. Ainda, foi imputado a Valdonês o crime de coação no curso do processo, pelo uso de violência contra testemunha.

O advogado da dupla, Pablo Bulgos, não quis comentar detalhes da sentença uma vez que a mesma ainda não foi publicada oficialmente, mas afirmou que a defesa já trabalha para recorrer. No processo, ele alegou que os dois caingangues têm "zero participação" nos assaltos, até por terem nome a zelar, como líderes indígenas. O advogado disse também que a principal testemunha contra os caciques é uma indígena com problemas de relacionamento na Guarita e em outras reservas. A defesa dos caciques considera que houve exagero do Ministério Público na denúncia.

Já o promotor de justiça de Tenente Portela Miguel Germano Podanasche disse que a condenação é uma resposta para a sociedade em virtude da gravidade dos fatos pelos quais eles eram julgados e também afirmou que pretende recorrer da sentença por acreditar que há margem para uma pena maior.

Tanto a defesa de Valdonês Joaquim, quanto o Ministério Público reconhecem que ele terá o direito à progressão de regime, passando para o semiaberto até o mês de abril deste ano.

Uma testemunha que teria sido coagida por Valdonês Joaquim, e que se encontra sobre a proteção judicial, agora terá, segundo o promotor que decidir se segue sob a tutela do estado ou não. Ele explica que com a sentença a decisão de seguir ou não no programa de proteção a testemunha é uma escolha única e exclusiva da testemunha.

Valdonês Joaquim foi o vereador mais votado nas eleições de 2016 em Tenente Portela, com a obtenção de 957 votos e esteve a frente da Terra Indígena do Guarita por quase 10 anos.

Em abril de 2017, o MP ofereceu denúncia contra 13 pessoas por terem praticado os assaltos. A denúncia narra que eles, inicialmente, renderam, dentro do posto policial, o policial militar Marcos Valdemar Skalee, e roubaram armas de fogo, coletes balísticos e a própria viatura da Brigada Militar. O policial foi amarrado sobre o capô de um dos veículos, adaptado com furos na parte superior para prender as cordas. Esse veículo, com o PM sobre o capô, foi utilizado para o assalto. Chegando às agências, houve divisão do grupo: parte invadiu o Banrisul, outra parte o Sicredi, além de outros assaltantes, que ficaram na parte externa dos locais.

No interior das agências, encapuzados, os bandidos renderam clientes e funcionários e ordenaram que os gerentes abrissem os cofres. Após pegarem todo o dinheiro, eles conduziram os reféns à frente dos bancos e isolaram os locais com um “cordão humano”. Fugiram em seguida, levando consigo alguns reféns, que foram posteriormente liberados. A viatura foi incendiada na saída da cidade.


Fonte: Jornal Província

Nenhum comentário:

Postar um comentário