Skatistas da região destacam os diferenciais do esporte e citam a credibilidade que ele ganha com a presença nas Olimpíadas
Lucas Bacca pratica o esporte desde os 13 anos. Ele diz que a presença do skate nas Olimpíadas
ajuda na credibilidade (Foto: Adriano Dal Chiavon)
Uma
das novidades nesta edição das Olimpíadas, disputada em Tóquio, no Japão, o
skate rendeu a primeira medalha brasileira nos jogos. Kelvin Hoefler, de 27
anos, conquistou a prata no domingo passado, 25, após bom desempenho na
categoria street. Mas foi na madrugada do dia 26, que os brasileiros
amanheceram comemorando muito, quando Rayssa Leal, de apenas 13 anos, também
levou a prata e se tornou sensação. Também conhecida como “Fadinha”, a atleta
se tornou a brasileira mais jovem a ganhar uma medalha em jogos olímpicos.
O desempenho do Brasil no esporte, que pela primeira vez integrou uma edição das Olimpíadas, marca a força do skate no país. Especialmente nos centros urbanos, o esporte é um dos mais praticados e marca a geração de muitos jovens, que apesar de não terem a ambição de se tornarem atletas profissionais, levam um verdadeiro estilo de vida norteado pelo skate.
E em Frederico Westphalen essa realidade não é diferente. Marcado por fases, os esportistas da modalidade na cidade conquistaram uma pista, que foi inaugurada em maio de 2016. Depois, houve um momento de baixa de interesse no esporte, porém, agora há uma nova crescente de skatistas no município, que devem ter um incremento ainda maior após o bom desempenho brasileiro nas Olimpíadas.
“Skate é um estilo de vida”
Para os praticantes do esporte da considerada “velha guarda” de Frederico Westphalen, o skate pode ser caracterizado como um estilo de vida, não só mais um esporte. “O skate é um estilo de vida muito show. Se todos tivessem a oportunidade de conhecer e viver de dentro o skate, tenho certeza que iriam gostar muito. Se quem conhece o skate superficialmente entendesse o que o esporte faz na vida de uma pessoa, se conhecesse quem anda por amor, iria ver que é bem legal” cita o skatista Arlindo Odim, também conhecido como Chapo, que atualmente reside em Seberi.
Assim como Odim, Lucas Bacca, que integrou o grupo de skatistas que pleiteou a pista para a cidade há mais de cinco anos, o skate gera, além de um estilo de vida, uma mentalidade diferente. “O skate te ensina muito a tu persistir, porque para tu aprender uma manobra, tu vai ter que treinar. E isso tu leva para a vida, porque para qualquer coisa tu vai ter que treinar, correr atrás, ir buscar”, cita Bacca.
O
frederiquense anda de skate desde os 13 anos. Atualmente com 25, são 12 anos em
que o esporte esteve e segue presente no seu dia a dia, mesmo com intervalos
entre mais e menos intensidade na prática do esporte. “Eu voltei há pouco tempo
andar com mais recorrência, pelo menos umas duas vezes por mês tiro um dia
inteiro para andar de skate”, relata o skatista.
“Credibilidade para o esporte”
A
presença do skate nas Olímpiadas pela primeira vez, na visão de Lucas Bacca, é
importante para auxiliar na credibilidade do esporte. “O skate em si sempre foi
conceituado como um esporte de vândalos, de ‘galera que não quer nada com a
vida’. Mas, não é nada disso. O skate é mais um meio de expressão que a
juventude usa e procura sempre interagir com a cidade. Um skatista quando anda,
ele vai procurar um obstáculo na cidade, ele sempre vai estar interagindo com o
meio urbano. Quando um skatista está andando na rua, ele não vai quebrar nada,
não vai invadir nada, ele só quer andar de skate”, destaca o frederiquense.
Ainda
em relação a olimpíada, Arlindo Odim, no entanto, possui uma visão diferente da
presença do skate nos jogos. “Tem algumas pessoas de dentro do esporte que não
viram com ‘bons olhos’ o skate nas Olimpíadas, porque em jogos olímpicos a
característica é de competição, de individualidade, de um precisando se
posicionar melhor que o outro, enquanto na essência, o skate sempre foi visto
pela questão de liberdade, de parceria, de um ajudar o outro, de voltar à
manobra, para todos acertarem, de ficar feliz com o acerto do amigo. Até nos
campeonatos de skate a vibe é diferente”, opina Odim.
Apesar
disso, o certo é que o skate está presente, fez bonito nos jogos de Tóquio e
sua essência não deve ser perdida. “O skate, apesar de ser um esporte
individual, ele reúne um grupo de pessoas, porque o skatista não gosta de andar
sozinho. Ele anda em grupo para trocar experiências, um ajudar o outro a
evoluir sempre. E fico feliz que agora tem uma galera nova curtindo o esporte.
Tem uma nova geração de praticantes e isso é muito bom, poder interagir com
eles”, finaliza Lucas Bacca.
Publicado por:
Adriano Dal Chiavon
Folha do Noroeste