domingo, 17 de setembro de 2017

Procuradora Raquel Dodge quebra compromisso e destitui integrantes da Lava Jato


A Revista Época teve acesso a portaria que deverá ser publicada após posse de Dodge

Antes mesmo de tomar posse, o que ocorre na manhã da próxima segunda-feira, a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, já começou a fazer uma “limpa” na equipe que compõe a força-tarefa da Lava Jato. As informações são da Revista Época.

Conforme a reportagem, Raquel Dodge decidiu dar um prazo de 30 dias para a saída da atual equipe da Lava Jato na PGR, nomeada por seu antecessor e adversário Rodrigo Janot.

A Época informa que teve acesso à minuta da portaria a ser publicada pela procuradora-geral após sua posse. Raquel Dodge vai estabelecer que os principais nomes da atual equipe formem um gabinete de transição. Neste grupo temporário estarão o atual coordenador do grupo, o promotor Sérgio Bruno, o promotor Wilton Queiroz e os procuradores Fernando Alencar, Melina Montoya e Rodrigo Telles.

A portaria causou desconforto no atual GT da Lava Jato, porque alguns investigadores negociavam a permanência. Raquel Dodge chegou a anunciar publicamente que todos os integrantes da equipe de Janot estavam convidados a permanecer na Lava Jato.

Na lista dos que serão destituídos, os procuradores Rodrigo Telles e Fernando de Alencar são considerados dois dos principais investigadores da operação. Eles já tinham manifestado a intenção de continuar na força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal. Para o novo grupo, Dodge deverá nomear oito procuradores, dentre os quais apenas Maria Clara Barros Noleto e Pedro Jorge do Nascimento fazem parte da atual equipe, segundo a revista.

A troca dos procuradores acontece após questionamentos em relação a atuação de Rodrigo Janot. Durante a gestão de Janot, foi acordada a delação premiada da JBS. Antes de deixar o cargo, o procurador decidiu rescindir o acordo de colaboração dos delatores Joesley Batista e Ricardo Saud e oferecer denúncia contra eles por obstrução de Justiça. Janot também solicitou a conversão da prisão temporária de ambos em preventiva.

Os questionamentos à delação da JBS e benefícios aos delatores se intensificaram quando surgiram indícios de que o ex-procurador Marcelo Miller, que se tornou advogado que defende o grupo, teria utilizado de informações privilegiadas para obter a delação dos empresários.

Nos áudios que os irmãos Batista anexaram por engano nos documentos enviados à Procuradoria-Geral da República sugerem que eles foram orientados por Miller para fazer as gravações que incriminam o presidente Michel Temer. Miller era um procurador da República que trabalhava próximo de Rodrigo Janot, o Procurador-Geral, nas investigações da operação Lava Jato entre 2014 e 2016. A função do hoje advogado era fazer frente na negociação de acordos de leniência.


Fonte: Samantha Klein | Rádio Guaíba

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