Representantes do sindicato que representa os servidores da
Polícia Civil (UGEIRM), estiveram em Três Passos, nesta quinta e sexta-feira,
em contato com a categoria, debatendo a crise que atinge a segurança pública no
Estado, especialmente a superlotação de presídios, que tem ocasionado o
encaminhamento de pessoas detidas para as delegacias, que não possuem a
prerrogativa e nem as condições estruturais necessárias para este serviço de
custódia de presos.
Na manhã desta sexta-feira (11), em coletiva com a imprensa local,
Pablo Mesquita e Edgar Guilherme, diretores do UGEIRM (Sindicato dos Escrivães,
Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul) expuseram as
preocupações dos servidores com aquilo que denominaram como “falta total de
política de segurança por parte do governo estadual”.
Na semana retrasada, a delegacia de Polícia de Três Passos teve de
manter sob custódia um preso, por mais de 24 horas. Já na delegacia de Santo
Augusto, um detento ficou 8 horas sob custódia, na semana passada. Esses fatos
surpreenderam o sindicato, que já vem criticando essa situação vivida
diariamente na região metropolitana nos últimos meses. “Existem estados no
Brasil em que os presos ocupando as delegacias já virou rotina e o fato é
tratado com normalidade. Isso não pode ocorrer no Rio Grande do Sul”, advertiu
Pablo.
Para se ter uma ideia, no dia em que o detido teve de ficar preso
na delegacia de Três Passos, que não conta com cela de contenção, os demais
serviços da Polícia Civil tiveram de ser suspensos, devido à falta de segurança
e de estrutura no local.
Além dessa questão específica, somam-se outras práticas que também
fogem da competência e das condições da polícia, como o deslocamento de
criminosos para penitenciárias afastadas da região, gerando riscos e elevando o
desgaste dos servidores. “Com a interdição do presídio de Três Passos, muitos
detentos estão sendo levados para São Luiz Gonzaga ou Ijuí. Isso causa
problemas também para a polícia, que há anos está com seu efetivo reduzido”,
confirmou.
Pablo Mesquita e Edgar Guilherme também relataram a total falta de
diálogo e de articulação da Secretaria de Segurança Pública com os diferentes
setores da área. “Enfrentamos a falta de uma política clara e consistente de
segurança pública, a falta de investimentos, o baixo efetivo, a redução dos
recursos para custeio em 75% nos últimos dois anos, além do parcelamento de
salários”, sublinhou Pablo.
A expansão na região, de crimes considerados de maior potencial
ofensivo, como assaltos a bancos e roubos em residências, é considerada reflexo
da crise no sistema de segurança pública.
O encaminhamento de presos para outras regiões do Estado, também é
considerado algo extremamente preocupante, pois acabam tendo contato com
líderes ou integrantes de facções criminosas, retornando à região com ainda
mais força.
O Presídio Estadual de Três Passos tem capacidade para acolher até
90 pessoas no regime fechado. Segundo dados repassados pela Polícia Civil, hoje
a penitenciária está com 175 presos.
Para a UGEIRM, a crise somente poderá ser superada se o Estado
construir uma política de segurança pública consistente, a partir de um diálogo
construtivo com os servidores, além de criar novas vagas no sistema
penitenciário. Para o sindicato isso seria possível com menos isenções fiscais
para grandes empresas, o que ocasiona perda de receita para o Estado.
Fonte/Foto: Rádio Alto Uruguai
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