Causa do
acidente ainda não foi descoberta
Sobe para 30 os mortos no incêndio Londres |
Foto: Chris J Ratcliffe / AFP / CP
O número
de mortos no incêndio em um edifício de apartamentos em Londres chegou a 30,
informou nesta sexta-feira a polícia britânica, que espera um novo aumento do
balanço. "Ao menos 30 pessoas morreram no incêndio", afirmou o
comandante da polícia Stuart Cundy. Ele, no entanto, acredita que
"infelizmente, o número voltará a aumentar".
Uma
vítima faleceu no hospital e o restante no edifício. Até o momento apenas 12
foram levadas para o necrotério e as demais permanecem na Torre Grenfell. A polícia
também anunciou o balanço de 24 feridos, 12 em estado grave. De acordo com
estimativas anteriores ao balanço atualizado, mais de 70 pessoas estavam
desaparecidas na tragédia da Torre Grenfell, um edifício de 24 andares que
tinha quase 800 moradores, a maioria imigrantes pobres. "Não há até o
momento indícios que sugiram que o fogo começou de modo deliberado", disse
Cundy, antes de informar que as chamas foram completamente apagadas.
Ao mesmo
tempo cresce a indignação com as autoridades por uma série de aparentes
negligências. O prédio, quase um conjunto habitacional, foi construído em 1974
em uma área de operários do rico distrito de Kensington e Chelsea, próximo do
bairro boêmio de Notting Hill.
O
trabalho dos bombeiros avança de modo lento e a inspeção deve demorar várias
semanas no que agora prédio destruído, onde todos consideram praticamente certo
que não há mais ninguém com vida. Pela intensidade do fogo, "existe o
risco de que não consigamos identificar todas as vítimas", advertiu o comandante
da polícia.
Das
vítimas fatais confirmadas, a identidade de apenas uma foi revelada, o
refugiado sírio Mohamed Alhajali, de 23 anos, um estudante de Engenharia Civil
da Universidade de West London. Seu irmão mais velho, que estava ao seu lado no
momento da tragédia, sobreviveu e está internado em um hospital. As ruas nas
proximidades do edifício estão lotadas de fotos dos desaparecidos, levadas por
amigos e parentes.
Raiva
contra as autoridades
O
prefeito de Londres, o trabalhista Sadiq Khan, foi o primeiro político a
experimentar o mal-estar dos moradores da região ao visitar a área na
quinta-feira. Perto da Torre Grenfell há três edifícios similares e os
moradores não sentem que estão seguros. Um homem jogou uma garrafa de plástico
na direção de Khan, que foi constantemente interrompido pelos moradores quando
tentava falar com a imprensa.
A
primeira-ministra Theresa May não se expôs à revolta do público ao evitar os
parentes e moradores, optando por visitar apenas as equipes de resgate, o que,
no entanto, rendeu críticas de falta sensibilidade. Apenas o líder trabalhista
Jeremy Corbyn, que consolou uma mãe, foi bem recebido.
Nesta
sexta-feira, May visitou os feridos no hospital, assim como fizeram, de modo
separado, a rainha Elizabeth II e seu neto, o príncipe William. "Neste
país, neste século, é horrível que algo assim aconteça. Não podemos permitir
que volte a acontecer", disse à rádio BBC o ministro das Comunidades,
Sakhid Javid.
May
ordenou uma investigação pública sobre a tragédia e a polícia abriu a própria
investigação criminal, algo que só acontece em casos com indícios de crime.
Muitas
suspeitas
As
autoridades não determinaram a origem do incêndio, mas muitos moradores citados
pela imprensa afirmam que teve início em uma geladeira em um apartamento, cujo
morador acordou os vizinhos mais próximos para permitir a fuga. O centro das
suspeitas, em função da velocidade de propagação do fogo, é um revestimento
instalado em toda a fachada e que pode ter atuado como uma chaminé. O interior
do revestimento é de plástico, altamente inflamável, e a empresa de instalação
não recomendava o uso em arranha-céus ou hospitais, mas era mais barato que o
modelo com centro não inflamável.
Os
vizinhos afirmam que foi colocado apenas para dissimular a feiura do prédio aos
olhos dos vizinhos ricos do bairro.
"Os
moradores da Grenfell Tower reclamaram que a reforma estética não serviu de
nada. Tratava-se de fazer com que parecesse mais bonito", disse a deputada
do distrito de Kensington e Chelsea, a trabalhista Emma Dent.
Além
disso, o processo de desregulamentação estimulado pelo governo de Margaret
Thatcher nos anos 1980 resultou em uma lei que obrigava as fachadas externas a
resistir a uma hora de fogo. A morte de seis pessoas em um incêndio em prédio
de Londres em 2009 não se traduziu em nada, apesar das promessas.
A Torre
Grenfell tinha apenas uma escada, o edifício não contava com portas corta-fogo
e não tinha os sprinklers, atualmente recomendados.
AFP
Correio
do Povo
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