Desafio tem afetado adolescentes através do Facebook e
WhatsApp
Psiquiatra alerta para mudanças de
comportamento nos jovens relacionados ao jogo Baleia Azul
Foto: Divulgação / USP Imagens / CP
Muito tem
se repercutido sobre o "jogo Baleia Azul" na internet devido ao
número significativo de adolescentes envolvidos. A Baleia Azul teve seu início
na Rússia, quando mais de 100 casos de suicídio foram relacionados ao fenômeno.
No mês de abril, já foram revelados alguns casos de jovens no Brasil que teriam
participado dos desafios impostos por grupos fechados no Facebook e de
WhatsApp, e que chegaram até a última missão: o suicídio.
Em
entrevista à Rádio Guaíba na manhã desta quinta-feira, o psiquiatra Carlos
Pacheco relatou que os casos são recentes no País e alertou sobre mudanças
repentinas nos comportamento de jovens que são propensos a participarem do
"jogo". "Isolamento, perda de interesse nas atividades que ele
costumava fazer, falta de interesse nas relações interpessoais, instabilidade,
crises de raiva e marcas de agressão e mutilação", citou exemplos.
"Tomar porres consecutivos, quedas e acidentes, situações onde se colocam
em risco. Além de ter mais cuidados aos que já estão vulneráveis, que já
passaram por situação de violência, de bullying, que estão com autoestima muito
baixa", acrescentou.
Pacheco
também salientou que nem todo jovem vai responder da mesma forma ao jogo.
"Estamos encontrando adolescentes na faixa entre 13 e 17 anos. Isto não
atinge todos os jovens. Não é todo jovem que abrir este jogo e vai ter o mesmo
comportamento. A gente sabe que normalmente jovens que estão procurando este
tipo de jogo, já tem algum indicativo a problemas de sofrimento e baixa
autoestima. Já outros adolescentes têm uma crítica mais clara sobre ao
jogo", disse.
O psiquiatra
reforçou que é necessário uma atenção dobrada nos jovens que apresentem alguma
alteração repentina de comportamento e que seja oferecida ajuda imediata.
"Nosso alerta é todo para condutas afirmativas em relação a vida e os
cuidados com nossos filhos. Tem muita coisa na internet que para um jovem
imaturo e fragilizado, pode soar como verdade. E é nisso que temos que estar
próximo, pra que ele saia desta situação", disse. "Se você ver que
seu colega não está legal, tem momentos de isolamento, de tristeza, de choro,
ofereça ajuda. Comunique outros amigos Desafio. A escola também tem que
auxiliar. Temos que falar destes assuntos e ter este cuidado", encerrou.
Secretaria
da Saúde reforça cuidados
Nessa
quarta-feira, a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre emitiu uma nota
orientando os pais e responsáveis por adolescentes sobre o "jogo Baleia
Azul". O alerta aciona para sinais como falas que mencionem indiretamente
sobre "morte e suicídios", "vontade de sumir" e "ir
embora", mudanças no hábito de sono, alimentares, piora no desempenho
escolar, comportamentos auto-destrutivos como auto-mutilação, uso de álcool e
drogas e tentativas de suicídios anteriores.
A
Secretaria oferece dois plantões de emergência em saúde mental com atendimento
24 horas localizado no Centro de Saúde Vila dos Comerciários e no Centro de
Saúde IAPI.
Deca
investiga casos com Ministério Público e a Polícia Civil
A
delegada Adriana Costa do Departamento Estadual da Criança e Adolescente (Deca)
de Porto Alegre afirmou que a Polícia Civil está em investigação sobre casos
relacionados à Baleia Azul. "Polícia sempre teve registros de ocorrências
de tentativas de suicídios entre adolescentes. É muito prematuro a gente
afirmar que estas tentativas tenham a ver com jogo. Estamos verificando o
número nos últimos tempos pra ver se houve se há vinculação", divulgou
Adriana em entrevista à Rádio Guaíba.
Adriana
também contou que o Deca e a Delegacia de Homicídios estão realizando trabalho
em conjunto indo em escolas e alertando sobre os perigos dos crimes
cibernéticos. "Temos um trabalho de prevenção que realizamos junto as
escolas, onde abordamos vários temas, questão de bullying, de escolha e de
diferenças", relatou.
Ao lado
do Ministério Público, o Deca e a Polícia Civil já foram acionados e estão em
alerta, devendo os casos suspeitos ser denunciados também a essas instâncias
com vistas à adequada investigação e apuração dos casos. Ações conjuntas estão
sendo organizadas e serão oportunamente divulgadas com vistas ao manejo
adequado dessa situação.
Correio do Povo e Rádio Guaíba
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