Integrantes da base aliada, pedetistas se reúnem para
oficialização do desembarque
"Sartori que administre este
governo", afirma o presidente nacional da sigla Carlos Lupi
Foto: Elza Fiuza / Agência Brasil / CP Memória
O PDT
gaúcho pretende oficializar nesta segunda-feira, às 19h, sua saída da base
aliada do governo José Ivo Sartori (PMDB). O diretório estadual resolverá no
voto a questão, durante encontro na sede do partido, na Capital. Apesar disso,
a saída está definida entre as lideranças, uma vez que, desde o final de 2016,
a sigla ensaia o desembarque da administração. A decisão foi reafirmada na
semana passada, durante jantar de parte da bancada com Sartori, e ocorre em
meio ao encaminhamento da votação do restante dos projetos do pacote do
Executivo na Assembleia, onde a legenda tem sete cadeiras.
O tema
não é pacífico entre os líderes pedetistas. Na bancada, o líder, Gilmar
Sossella, diz que preferia que o desembarque ocorresse em julho, após as
reuniões de todas as 37 coordenadorias regionais. Mas admite que a tese da
permanência se desgastou. Sossella, e o agora suplente Vinícius Ribeiro, que
deixou o Legislativo na semana passada, após o retorno do deputado Gerson
Burmann, foram os mais alinhados com o Executivo na votação de parte do pacote,
em dezembro, garantindo, inclusive, dois votos para a polêmica extinção das
fundações do Estado. “Vai passar (a saída), mas não vamos sair atirando. Muitas
coisas vamos construir juntos”, projeta Sossella.
Apesar de
não terem ocorrido reuniões em todas as coordenadorias, o líder do partido na
Casa, deputado Ciro Simoni, diz que “na base”, o que se ouve são manifestações
pela ruptura. O ex-líder da bancada, deputado Eduardo Loureiro, completa que a
saída é “natural e inevitável”. Ele ressalva que, na prática, pouco deve mudar
no posicionamento da bancada e que o partido deverá votar fechado contra o
projeto que dispensa plebiscito para a privatização de estatais do setor
energético.
"Sartori
que administre este governo", diz Carlos Lupi
O
presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, que nesta segunda-feira estará em
Porto Alegre, falou no domingo ao Correio do Povo sobre a saída do PDT do governo
gaúcho.
Correio
do Povo: A sigla pode adiar de novo o desembarque?
Carlos
Lupi: Não estou trabalhando com esta hipótese.
CP: O que
mais pesa: o PDT ter candidato próprio ao Piratini em 2018 ou as ações do
governo?
CL: A
candidatura própria implica a construção do próprio caminho e, para isso,
precisamos sair. E o governo hoje tem uma linha política conflitante com a do
trabalhismo: a de privatizar e colocar os servidores públicos como responsáveis
por todas as mazelas. Faz o que todos os governos neoliberais sempre fizeram. É
um somatório.
CP: Procede
a informação de que o governo, para pressionar líderes do PDT, estaria
ameaçando com a retirada de cargos cujos ocupantes foram indicados por eles, no
caso de o partido deixar a base?
CL: É tudo
dele (os cargos). Não precisa ameaçar, não. É como se diz: ‘Quem pariu Mateus,
que embale’. Ele (o governador) pariu este governo, que administre. Nossa
preocupação com essa questão é zero.
CP: A
partir de terça, o PDT deixa seus espaços no governo?
CL: Faremos
uma transição com responsabilidade e tranquilidade. Não vamos sair correndo.
CP: Há
lideranças com resistências à saída neste momento, como o líder da bancada,
deputado Gilmar Sossella.
CL: O
Sossella já não é tanto não. O único com um pouco de resistência ainda é o
Vinícius (Ribeiro), até por uma questão pessoal. Deixou o mandato.
CP: O PDT
tem pressa em definir o pré-candidato ao governo?
CL: Vamos
prosseguir com as reuniões nas coordenadorias regionais, às quais estão indo o
Jairo Jorge (principal nome do partido hoje para a disputa ao Piratini) e o
Fortunati (o ex-prefeito já anunciou que pretende concorrer ao Senado). O
Vieira (ex-secretário de Educação, Vieira da Cunha), coloca o nome à
disposição, mas ele não tem uma participação efetiva, devido à função que
exerce no Ministério Público. Até meados de setembro ou outubro teremos a
definição da pré-candidatura.
Relações
conturbadas
Nas
discussões internas que o PDT faz para encaminhar a candidatura ao Piratini em
2018, os movimentos adotados em 2010, 2014 e 2016 a partir de pressões de alas
partidárias vem sendo questionados. Em 2010, após integrar e deixar o governo
Yeda Crusius (PSDB), a legenda disputou o governo como vice do PMDB. Mas, tão
logo o adversário Tarso Genro (PT) venceu, aderiu ao vitorioso.
No final
de 2013, após Tarso oferecer a vaga de vice e “metade do espaço” em um eventual
segundo mandato, o PDT cedeu aos argumentos do deputado Vieira da Cunha e de
Lasier Martins, que exigiu rompimento com os petistas. Vieira ficou em quarto
lugar na eleição ao Piratini. Lasier venceu o Senado, mas acabou trocando o PDT pelo PSD.
Em 2016, Vieira deixou a Secretaria Estadual da Educação sob o pretexto de
disputar a prefeitura da Capital, mas não concorreu.
Flávia Bemfica
Correio do Povo
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