Relações entre países estão em atrito desde cancelamento de
três comícios
"Suas práticas não são diferentes das dos
nazistas", declarou Erdogan | Foto: Ozan Kose / AFP / CP
O
presidente turco Recep Tayyip Erdogan afirmou neste domingo que a decisão da
Alemanha de cancelar comícios de seus partidários não é algo muito diferente
das "práticas nazistas". "Suas práticas não são diferentes das
dos nazistas", declarou Erdogan em um comício em Istambul a favor do
referendo sobre a ampliação de seus poderes.
"Acreditava
que a Alemanha havia renunciado há tempos (a essas práticas). Nós nos
enganamos", acrescentou. "Os alemães nos dão lição de democracia e
depois impedem os ministros desse país (Turquia) de expressá-la", lamentou
Erdogan.
As
relações entre os governos alemão e turco estão cada vez mais em atrito,
principalmente desde que a Alemanha cancelou três comícios organizados em seu
território e que pretendiam apoiar o referendo com o qual o governo turco tem
por finalidade aumentar os poderes do presidente Erdogan. A chanceler alemã
Angela Merkel explicou que a decisão de autorizar ou não os comícios não era
competência do Estado federal e sim dos municípios. Merkel ligou no sábado para
o primeiro-ministro turco Binali Yildirim para tentar abaixar a tensão, e os
chanceleres dos dois países devem se reunir na próxima quarta-feira.
Grande
comunidade turca
A
Alemanha conta com uma grande comunidade turca de três milhões de pessoas
implantada desde anos 60, quando o país precisava de mão de obra para a
indústria. O embate entre os governos alemão e turco são constantes desde o
falido golpe de Estado ocorrido em julho na Turquia, e alcançaram seu ápice
após o encarceramento na segunda-feira correspondente turco-germânico
Deniz Yücel, do jornal Die Welt na Turquia, sob alegação de "propaganda
terrorista".
Em seu
discurso, Ergodan apresentou Yücel como um "agente alemão" e
"representante do PKK", o Partido dos Trabalhadores do Curdistão,
organização considerada "terrorista" por Ancara, assim como a União
Europeia (UE) e Estados Unidos. Essa acusação foi classificada de
"aberrante" por Berlim. Outros dirigentes europeus se somaram ao
debate.
O
chanceler austríaco Christian Kern opinou neste domingo que a UE deveria
proibir em seu território comícios organizados pelos dirigentes turcos. O
deputado holandês de extrema-direita Geert Wilders também se opôs que o
chanceler turco Mevlut Cavusoglu vá a Rotterdã para defender o referendo que
reforças os poderes de Erdogan.
O governo
holandês considerou na sexta-feira que é indesejável a realização, em 11 de
março, do comício favorável a Erdogan em Rotterdã, organizado pelos membros da
também importante comunidade turca nessa cidade portuária. O evento está
previsto quatro dias antes de os holandeses votarem nas legislativas do país.
Segundo as últimas pesquisas, o Partido para a Liberdade (PVV) de Wilders está
empatado em intenções de voto com o Partido Liberal (VVD) do primeiro-ministro
Mark Rutte.
AFP
Correio
do Povo
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