Ex-ministro do governo Temer e deputado cassado articulavam a
aprovação de créditos mediante propina
Mensagens entre Geddel (foto) e Cunha revelam
esquema na Caixa, aponta PF
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil / CP
A Polícia
Federal, que investiga um esquema de fraudes na liberação de créditos
junto à Caixa Econômica Federal ocorrido pelo menos entre 2011 e 2013, reuniu
em relatório mensagens trocadas entre Geddel Vieira Lima, ex-ministro do
Governo Temer, e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara. Ambos são
suspeitos de liderarem o esquema.
Em uma
das mensagens apreendidas pela PF, a conversa por SMS entre Geddel e Eduardo
Cunha cita a empresa Marfrig. Na ocasião, o então vice da Caixa disse ao então
deputado que o “voto sai hj’.
“No outro
dia, novamente Geddel envia informações sobre a aprovações de crédito da
Marfrig a Eduardo Cunha. Após informar que o voto foi favorável a duas
operações da Marfrig, a primeira de R$ 300 milhões, prazo de 48 meses (4 anos),
e a segunda de R$ 50 milhões com prazo de 12 meses, Geddel sinaliza que estava
feito o que lhe cabia, “Opiniao de voto: favoravel.”, e, a sequência, caberia a
Cunha, “Ja foi, Agora e vc”, que foi entendido como “Já foi, agora é com
você””, destaca a PF no relatório.
Aliado
muito próximo do presidente Michel Temer, Geddel caiu da cadeira de ministro da
Secretaria de Governo em 25 de novembro, em meio ao escândalo protagonizado
pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero, que o acusou de pressioná-lo para
que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
autorizasse a construção de um residencial de alto padrão em uma área nobre
tombada em Salvador.
As
mensagens indicavam a possível obtenção de vantagens indevidas pelos
investigados em troca da liberação para grandes empresas de créditos junto à
Caixa Econômica Federal, o que pode indicar a prática dos crimes de corrupção,
quadrilha e lavagem de dinheiro.
Diante
destes indícios os policiais passaram então a investigar o caso, que tramitava
no Supremo Tribunal Federal em razão de se tratar de investigação contra
pessoas detentoras de prerrogativa de foro por função. Porém, em virtude dos
afastamentos dos investigados dos cargos e funções públicas que exerciam, o
Supremo Tribunal Federal decidiu declinar da competência e encaminhar o
inquérito à Justiça Federal do DF.
O que diz
a Caixa Econômica Federal
Alvo da
Polícia Federal, que fez buscas no edifício-sede da instituição, em Brasília, a
Caixa informou, em nota, que ‘presta irrestrita colaboração com as
investigações’. “Em relação à Operação da Polícia Federal realizada nesta
sexta-feira (13 de janeiro) e no que diz respeito à CAIXA, esclarecemos que o
banco está em contato permanente com as autoridades, prestando irrestrita
colaboração com as investigações, procedimento que continuará sendo adotado
pela CAIXA.”
O que diz
a J&F
“Todas as
relações da J&F e de suas empresas com a Caixa Econômica Federal e com
bancos públicos em geral são feitas sempre de forma profissional e na mesma
forma de concorrência e tratamento com instituições privadas — ou seja,
relações comerciais transparentes, abertas e legais.
A J&F
tem o máximo interesse no esclarecimento de todos os fatos que por vezes
colocam em dúvida a transparência e lisura de seus negócios. Pois, afinal, tais
acusações provocam imensos danos às nossas marcas e reputação. “
ESTADÃO
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Correio do Povo
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