quarta-feira, 15 de julho de 2015

Denunciados oito Policiais Militares por morte e tortura de torcedores em São Leopoldo


Imagens das câmeras de vigilância do Hospital Centenário

O Ministério Público ofereceu à Justiça da Comarca de São Leopoldo, nesta quarta-feira, 15, denúncia contra oito Policiais Militares pela morte de Maicon Doglas de Lima, 16 anos, e pela tortura de outro adolescente da mesma idade, ocorridas em 1º de fevereiro deste ano. Foram denunciados os PMs Fabiano Francisco Assmann, Moysés Augusto Ribeiro Stein, Ulisses de Mattos Quos, Ângela Peppe Christofari, Edinei de Matos Silveira, Valentim Martins Torres Neto, Júlio César Bastos da Silveira e Antônio Rony Gonçalves Rodrigues. A denúncia é assinada pelo Promotor de Justiça Sérgio Luiz Rodrigues. 

HOMICÍDIO 

Fabiano Assmann e Moysés Stein mataram Maicon Doglas de Lima com dois tiros no tórax. Conforme as investigações, os denunciados foram deslocados até Novo Hamburgo para prestar apoio a outros Policiais para o atendimento a um conflito envolvendo as torcidas do Esporte Clube Novo Hamburgo e Esporte Clube Aimoré na estação Santo Afonso da Trensurb. 
 
Depois de dispersado o tumulto, os denunciados e outros PMs passaram a perseguir um grupo que saiu correndo em direção a São Leopoldo. Já distantes, os dois atiraram várias vezes contra Maicon Doglas e acertaram dois disparos. A vítima, desarmada, ia em direção à sua casa, caiu após os tiros e foi imediatamente cercada pelos denunciados e outros brigadianos, que a levaram, em uma viatura, para o Hospital Centenário, onde morreu. O homicídio foi triplamente qualificado (motivo torpe, perigo comum e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, já que os disparos atingiram as costas). 

TORTURA 

Ulisses de Mattos Quo e Ângela Christofari foram denunciados pela prática de tortura contra outro torcedor, de 16 anos. Os dois perseguiram-no durante o tumulto e o prenderam. Depois de já imobilizado, Ulisses Quo deu chute no peito e uma coronhada na cabeça, que o fez cair. Já no chão, Ângela deu um pisão na mão do adolescente, que ocasionou uma fratura no membro. Depois, ordenaram que deixasse o local, sem registro de nenhum boletim de ocorrência. 

PREVARICAÇÃO 

Antônio Rony Gonçalves Rodrigues, superior dos demais policiais, foi denunciado por prevaricação por ter ouvido uma testemunha dos crimes e a liberado instantes depois, sem registro do depoimento, para acobertar o que havia sido praticado pelos colegas de farda. 

FRAUDE PROCESSUAL 

Fabiano Francisco Assmann, Moysés Augusto Ribeiro Stein, Valentim Martins Torres Neto e Júlio César Bastos da Silveira trocaram o projétil retirado do corpo de Maicon Doglas com o fim de induzir peritos e Juiz a erro. No hospital, eles entraram na sala onde foi encaminhada a vítima e apanharam o projétil calibre .40 que estava preso às roupas do adolescente, sob o pretexto de entregar na Delegacia de Polícia. Posteriormente, Fabiano entregou um projétil de calibre .380 para anexação aos autos. Já Ulisses de Mattos Quos, Ângela Peppe Christofari, Edinei de Matos Silveira recolheram as cápsulas dos projéteis do local do homicídio, para acobertar o homicídio praticado por Fabiano Assmann e Moysés Stein. 


Fonte: Agência de Notícias | Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul

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