sábado, 11 de abril de 2015

"Eu não mandava no meu gabinete", diz Jardel

Deputado qualificou o episódio - demissões de 17 servidores e afastamento - de constrangedor

Jardel classificou o episódio de constrangedor | Foto: Mauro Schaefer
   Jardel classificou o episódio de constrangedor | Foto: Mauro Schaefer

O deputado estadual Mário Jardel (PSD) admitiu neste sábado que dissolveu seu gabinete na Assembleia Legislativa porque não tinha controle do mandato. Jardel deu uma entrevista coletiva  para, segundo ele, “apresentar uma justificativa para a sociedade gaúcha”. Ele ausentou-se do trabalho no início da semana passada, com atestado médico de depressão, demitiu 17 de seus 21 assessores, e ficou incomunicável desde então.

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Acompanhado pelo presidente municipal da sigla, Nelcir Tessaro, o ex-jogador de futebol também disse que herdou os ex-assessores da campanha eleitoral que foi gerenciada pelo PSD. Jardel afirmou que não concordava com a forma como trabalhavam os assessores, mas evitou dar detalhes sobre quais eram os objetos de sua discordância. “Eu não mandava no meu gabinete. As pessoas que estavam na minha campanha, do próprio partido, vieram para o gabinete. Eu estava na política e eu vi que não era do jeito que deveria ser, por isso tomei essa decisão. Não quero entrar em detalhes”, explicou, em tom de desabafo e qualificando o episódio como algo “constrangedor”.

Antes do encontro com veículos de imprensa, que ocorreu à tarde, Jardel teve reunião com o presidente estadual, vice-governador do estado José Cairoli. Nem Jardel, nem Tessaro revelaram o conteúdo da conversa anterior. Tessaro resignou-se a dizer que o vice-governador não compareceu à coletiva porque tinha outros compromissos.

Sobre a confusão envolvendo demissões, contratação de gente para gerenciar crise, novas dispensas e recontratação de alguns dos assessores, Jardel limitou-se a dizer que precisava mudar e não confiava nos que foram demitidos. “Como patrão, tenho esse direito. Os quatro que ficaram são meus fieis escudeiros. O Roger, o Demétrio, o Walmir, o Edu... Não é Edu, é Ricardo”, se confundiu.

Acerca do rompimento de relação, anunciado publicamente pelo deputado federal e ex-companheiro de profissão, Danrley Hinterholz (PSD), Jardel garantiu que não há reciprocidade de sua parte sobre a ruptura política e pessoal. “Somos amigos. Meu gabinete está de portas abertas para ele”, declarou. O deputado também assegurou que apresentará projetos nos próximos dias e que se prepara para fazer o primeiro discurso de seu mandato na tribuna da Assembleia.

Já Tessaro preferiu minimizar a má atuação dos ex-assessores alegada pelo deputado do PSD, também evitando entrar em detalhes sobre os motivos do desagrado de Jardel. O dirigente municipal do PSD e secretário de Defesa Civil da Prefeitura de Porto Alegre qualificou os objetos do desacerto, entre o parlamentar e 17 membros do partido, como "questões administrativas". "Não tem crise. São pessoas do partido e vão ficar no partido”, comentou.

Luiz Sérgio Dibe
Correio do Povo

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