Dr. Marlon Taborda fala sobre novo laudo que pode levar à
reabertura do caso Odilaine
Foto: Facebook/Reprodução
O caso do suposto
suicídio da mãe do menino Bernardo Boldrini ganhou novos desdobramentos neste fim
desta semana a partir da divulgação de um novo laudo que aponta a secretária do
médico Leandro Boldrini, Andressa Wagner, como autora da carta de suicídio atribuída à Odilaine Uglione.
Mário Baptista, perito
do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul há mais de 30 anos, diz não ter
dúvidas de que a secretária escreveu a carta. Para o advogado Marlon Taborda,
defensor da família Uglione, o perito concluiu cabal a insofismavelmente,
através de critérios científicos, e em análise cotejada de materiais de grafia
de várias escritas de documentos que já constam dos dois processos, que a carta
foi escrita pela então secretária do pai do Bernardo. “A
medida é juntar o laudo e exigir que o Ministério Público se manifeste, a imprensa e a sociedade têm que exigir do
Ministério Público e da Polícia. Deve a imprensa entrevistar a delegada e
perguntar para ela o "E agora?”, disse
o delegado ao Três Passos News.
Marlon Taborda ainda
disse: “Parafraseando um Desembargador do TJRS
sobre o caso, digo o seguinte: Sou obrigado a fazer uma observação inicial.
Quando as instituições começam a se defender como desculpa para defender
pessoas, elas entram em decadência. O sentido é que deveria haver uma
investigação maior da que efetivamente ocorreu, para que no futuro fatos
semelhantes não ocorram, para que no futuro comportamentos preventivos do
Judiciário sejam adotados.[...]Mas, quando as instituições querem se proteger
para proteger pessoas, elas entram em decadência. Já se disse isso, muitas
vezes, que as instituições ficam, e as pessoas passam. Nem lembro quem disse
isso, e as instituições não precisam de proteção nenhuma. O Poder Judiciário, o
Ministério Público não precisam de proteção. Eles
têm que cumprir o seu papel. E
complemento, se os órgãos tivessem cumprido o seu papel, às suas respectivas
épocas, certamente hoje o Bernardo Uglione estaria vivo e na companhia da Avó materna, Jussara Uglione.”
“As instituições são permanentes, as
pessoas não. As Instituições não precisam de defesa, as pessoas sim. Quanto as
instituições começam a defender pessoas, é sinal que as instituições estão em
decadência, e tal vale para todos as instituições envolvidas, a polícia que não
investigou o fato com profundidade, o MP que não levou a sério as informações
prestadas pela avó antes de Bernardo ser morto. O Conselho Tutelar que não
tomou as medidas porque o menino era filho de um conceituado profissional da
área da saúde (vinculado à secretaria de assistência social) com ingerência
administrativa em órgãos públicos de gestão. Enfim... Fato é que a morte da Odilaine não foi
investigada corretamente, mesmo estando evidente que ela não se autoflagelou. A
perícia oficial do IGP é clara que a pólvora na mão esquerda de Odilaine é
decorrente de gesto de defesa e o disparo foi realizado por outra pessoa... Outra
coisa: O inquérito da morte de Odilaine foi remetido ao Judiciário meses antes
da juntada do levantamento fotográfico oficial do IGP, onde só de cotejar a
posição do local do crime se verifica que o depoimento do então esposo dela não
"fecha". A atadura sobre o cabo da arma, enfim...Pensa nisso. As
fotos da arma com a atadura sobre o cabo você tem”, concluiu o advogado.
A delegada Caroline Bamberg
Machado investigou a morte
de Bernardo e também foi a responsável pela investigação da morte da mãe do
menino. Ela disse em recente entrevista ao programa Fantástico que não há nenhum indício de
que Leandro Boldrini tenha envolvimento no suicídio de Odilaine. “Não houve
erro na investigação. O que não pode é querer forçar uma situação que não
existiu, que não ficou provado. Eu não levo muita fé em pericia particular. Eu
não posso me basear nisso. Eu tenho que me basear no quê? Em fatos”, disse a
delegada ao repórter do programa, referindo-se a um
outro laudo de uma empresa de perícias de São Paulo que também chegou à
conclusão de que a suposta carta de suicídio de Odilaine havia sido forjada.
Entenda o Caso Odilaine
Conforme a polícia, Odilaine teria
cometido suicídio dentro do consultório do pai de Bernardo, Leandro Boldrini,
no dia 10 de fevereiro de 2010. No inquérito policial, consta que ela comprou
um revólver calibre 38 pouco antes de ir à clinica. Além disso, também há o
registro de um bilhete em que a secretária do médico, Andressa Wagner,
entregaria ao patrão, alertando sobre a chegada de Odilaine. O processo conta
com depoimentos de testemunhas que estavam na sala de espera no dia da morte e
com documentos referentes a uma possível divisão da pensão a ser paga após o processo
de separação do casal.
Já a defesa da família Uglione alega
que houve falhas na investigação da morte da mãe de Bernardo, entre as
principais, estão divergências quanto ao exato local da lesão no crânio de
Odilaine; existência de lesões no antebraço direito e lábio inferior da vítima;
lesões em Leandro Boldrini; vestígios de pólvora na mão esquerda da vítima, que
era destra; ausência de exame pericial em Boldrini, assinatura fraudada em uma
carta deixada pela mãe de Bernardo e a própria morte do garoto, que configuraria um fato novo.
Entenda o Caso Bernardo
Bernardo Uglione Boldrini,
de 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos. Dez dias depois, o
corpo do menino foi encontrado no interior de Frederico Westphalen, dentro de
um saco plástico, enterrado às margens de um rio. Foram presos o médico Leandro
Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini e uma terceira pessoa, identificada como
Edelvânia Wirganovicz. Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, também foi
preso acusado de participar da ocultação do cadáver. Os quatro foram indiciados
e deverão ir a julgamento.
Fonte: Três Passos
News
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