Presidente do Congresso
determinou retirada de manifestantes das galerias.
Devido ao conflito, ele marcou reinício da sessão para as 10h desta quarta.
Devido ao conflito, ele marcou reinício da sessão para as 10h desta quarta.
Foto:
Reprodução
O presidente do Congresso
Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu na noite desta terça-feira
(2) suspender – e retomar às 10h desta quarta – a sessão destinada a votar o
projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias a fim de que o
governo não seja obrigado a cumprir neste ano a meta de superávit primário
(poupança para pagamento dos juros da dívida pública).
O
motivo da suspensão foi um tumulto iniciado depois que Renan Calheiros
determinou a retirada das galerias de manifestantes contrários ao projeto. Ele
deu a determinação à Polícia Legislativa após a deputada Jandira Feghali
(PCdoB-RJ) protestar contra supostas ofensas à senadora Vanessa Grazziotin (PC
do B-AM), que discursava da tribuna. De acordo com a deputada, a senadora foi
xingada de "vagabunda" por manifestantes, mas, segundo o líder do
PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy (BA), eles gritavam "Vai para
Cuba".
Antes
de adiar a sessão para esta quarta, Renan suspendeu temporariamente os
trabalhos – durante cerca de uma hora – na expectativa de reiniciá-la depois
que os policiais legislativos retirassem os manifestantes. Mas isso não foi
possivel. Um conflito nas galerias envolveu manifestantes, policiais e até
mesmo parlamentares.
O
projeto que altera a meta fiscal é considerado prioritário pelo governo. Nesta
segunda-feira, a presidente Dilma Rousseff recebeu líderes de partidos aliados
ao governo e fez um apelo para que a proposta seja aprovada. A redução da meta
permitirá ao governo fechar as contas deste ano sem descumprir a Lei de
Responsabilidade Fiscal. Parlamentares de oposição são contrários ao projeto.
Eles argumentam que a "manobra" é decorrência do desequilíbrio das
finanças públicas e acusam o governo de, em ano eleitoral, ter gastado mais do
que podia.
Manifestantes, parlamentares e policiais em meio a
tumulto nas galerias da Câmara
Foto: André Dusek / Estadão Conteúdo
Manifestantes
'assalariados'
Após o tumulto no plenário, Renan Calheiros, acusou parte dos manifestantes de terem sido pagos para protestar nas galerias.
Após o tumulto no plenário, Renan Calheiros, acusou parte dos manifestantes de terem sido pagos para protestar nas galerias.
“Essa
obstrução é única em 190 anos do parlamento, 26 pessoas presumivelmente
assalariadas obstruindo os trabalhos do Congresso Nacional”, afirmou.
De acordo com o senador, não havia como prosseguir com a sessão. “O regimento [interno] manda que as galerias sejam evacuadas. Havia 26 pessoas partidariamente instrumentalizadas provocando o Congresso, tumultuando, não dá para trabalhar e conduzir uma sessão do Congresso dessa forma.”
De acordo com o senador, não havia como prosseguir com a sessão. “O regimento [interno] manda que as galerias sejam evacuadas. Havia 26 pessoas partidariamente instrumentalizadas provocando o Congresso, tumultuando, não dá para trabalhar e conduzir uma sessão do Congresso dessa forma.”
O
líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), disse que os manifestantes são
conhecidos e foram convocados pelo deputado Izalci (PSDB-DF).
“Todos
nós sabemos que é o pessoal que veio trazido pelo deputado Izalci. Todo mundo
conhece, todo mundo sabe quem são. Se são pagas ou não, não sei”, afirmou.
O deputado federal Izalci (PSDB-DF) negou que tenha dado dinheiro aos manifestantes. "É óbvio que não paguei ninguém. Essa acusação é leviana", disse. Segundo o parlamentar, ele apenas mobilizou as pessoas nas redes sociais. "O que eu fiz foi botar um convite no Facebook convocando o povo para participar de sessão do Congresso e recebi mais de 500 mil acessos [curtidas]", afirmou. "E amanhã [quarta] espero que vá um público ainda maior."
O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), classificou a permanência de parlamentares da oposição nas galerias, ao lado dos manifestantes, como um “golpe à democracia” para inviabilizar a votação.
“O aconteceu aqui hoje foi um golpe à democracia. Nós já temos uma maioria constituída para sustentar uma política econômica que garante o nível de empregos que temos hoje e a oposição foi para as galerias obstruir a sessão”, afirmou. “Ela oposição] pode subir na tribuna cinco, dez, vinte vezes [para discursar], pode votar contra, pode obstruir de dentro do plenário, mas aqui se inventou a obstrução de galeria”, criticou.
O deputado federal Izalci (PSDB-DF) negou que tenha dado dinheiro aos manifestantes. "É óbvio que não paguei ninguém. Essa acusação é leviana", disse. Segundo o parlamentar, ele apenas mobilizou as pessoas nas redes sociais. "O que eu fiz foi botar um convite no Facebook convocando o povo para participar de sessão do Congresso e recebi mais de 500 mil acessos [curtidas]", afirmou. "E amanhã [quarta] espero que vá um público ainda maior."
O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), classificou a permanência de parlamentares da oposição nas galerias, ao lado dos manifestantes, como um “golpe à democracia” para inviabilizar a votação.
“O aconteceu aqui hoje foi um golpe à democracia. Nós já temos uma maioria constituída para sustentar uma política econômica que garante o nível de empregos que temos hoje e a oposição foi para as galerias obstruir a sessão”, afirmou. “Ela oposição] pode subir na tribuna cinco, dez, vinte vezes [para discursar], pode votar contra, pode obstruir de dentro do plenário, mas aqui se inventou a obstrução de galeria”, criticou.
Segundo
a Polícia Legislativa, havia cerca de 50 manifestantes nas galerias. A
aposentada Ruth Gomes de Sá, 79 anos, contou que foi até o Congresso protestar
por discordar da manobra fiscal que o governo tenta aprovar no Congresso.
Ela
negou ter sido convocada por algum parlamentar e disse ter ficado sabendo da
manifestação pela internet. “Tenho Facebook, tenho Whatsapp. E sempre vim aqui
acompanhar as votações”, afirmou.
Ela
criticou ainda a rispidez da Polícia Legislativa ao tentar cumprir ordem do
presidente do Congresso para esvaziar as galerias. “Eu coloquei o dedo na cara
dele [do segurança] e tomei uma gravata no pescoço.”
A aposentada Ruth Gomes de Sá, 79 anos, é contida
por agente de segurança do Congresso
Foto: André Dusek / Estadão Conteúdo
Fernanda Calgaro
Do G1, em Brasília
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