quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Estados Unidos e Cuba iniciam aproximação histórica

Barack Obama e Raúl Castro fizeram pronunciamento

Barack Obama fez pronunciamento | Foto: Doug Mills / Pool / AFP
   Barack Obama fez pronunciamento | Foto: Doug Mills / Pool / AFP

Os Estados Unidos e Cuba iniciaram uma aproximação histórica, nesta quarta-feira, se encaminhando para retomar os laços diplomáticos e aliviar as cinco décadas de embargo comercial americano contra o vizinho comunista. Em discursos simultâneos, o presidente norte-americano Barack Obama e o líder cubano Raul Castro anunciaram a flexibilização das relações entre os dois países, o que inclui o fim das restrições sobre o comércio e as viagens à ilha.

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Na abertura de seu discurso, Raul Castro agradeceu ao Papa Francisco e ao governo do Canadá no processo de aproximação dos dois países. Ele disse reconhecer que existem profundas diferenças entre EUA e Cuba, mas reafirmou “vontade de dialogar sobre todos esses temas”. Raul ainda ressaltou que isso não irá refletir na ideologia do governo cubano . “Sempre seremos fieis aos nossos ideais”, reiterou.

Barack Obama afirmou que as viagens de cubanos com familiares nos EUA serão liberadas e ressaltou que o país terá a missão de criar mais oportunidades para o povo de Cuba. “Vamos liberar as viagens. Os cubanos que estão nos EUA poderão se reunir com os familiares. É importante que as famílias cubanas que estão nos EUA tenham essa reunião. Vamos começar a normalizar nossa relações com Cuba. Vamos criar mais oportunidades para a América e o povo cubano”, disse. 

“Nesse tempo, EUA e Cuba fizeram vários avanços na política, nos negócios, na cultura e nos esportes. Cuba nos ajudou a fazer a América. Mesmo aqueles que vieram para cá e tiveram que deixar famílias para trás. EUA e Cuba têm uma ligação por isso. Fizemos algumas atitudes para isolar a ilha, medidas que foram tomadas com a melhor das intenções”, afirmou

O presidente Barack Obama ainda anunciou que irá encaminhar ao Congresso norte-americano um pedido para o fim do embargo econômico a Cuba, que já dura meio século. Obama também garantiu que tentará derrubar a medida que considera a ilha um país que apoia o terrorismo. 

“Vamos aumentar o comércio, vamos autorizar transações. Também o mercado financeiro será reaberto. Será mais fácil para os exportadores americanos venderem para Cuba. Infelizmente, as nossas sanções negaram a Cuba o direito de ter a nossa tecnologia. Agora vai ser mais fácil a integração entre os dois países. O Congresso vai começar um grande debate para derrubar o embargo à Cuba”, disse.

Obama, que encerrou seu discurso falando em espanhol a frase “todos somos americanos", também destacou que espera mudanças por parte de Cuba. Entre elas, que o povo cubano possa ter uma participação mais democrática nas decisões do país.

“Para os cubanos, os EUA oferecem uma mão de ajuda e esperança. A gente não quer ser mais um colonizador. Liberdade é um direito para todos, estou sendo honesto com vocês. Não vai dar para apagar a história desses dois países, mas acredito em um futuro de liberdade. Os EUA querem ser parceiros de Cuba. Isso não vai ser fácil, mas tenho confiança”, concluiu. 

O embargo

O embargo dos Estados Unidos a Cuba teve início em 1962, por meio de decreto assinado pelo presidente norte-americano John Kennedy, logo após Fidel Castro estreitar as relações com a União Soviética. As primeiras medidas, no entanto, começaram em 1960, um ano depois da revolução socialista que levou Fidel ao poder com a queda do ditador Fulgencio Batista. 

As primeiras medidas do embargo assinado em fevereiro de 1962 consistiram na restrição do fornecimento de combustível pelas empresas norte-americanas e a proibição de exportações a Cuba. Além disso, o decreto de Kennedy instituiu que produtos cubanos seriam ilegais nos Estados Unidos.

Os danos do embargo na economia cubana se tornaram maiores com o fim da União Soviética. Depois, duas leis aprovadas pelos EUA nos anos 90, a Lei Torricelli e a Lei Helms-Burton, aumentaram os efeitos do bloqueio estabelecendo, entre outras coisas, sanções para os atuais e potenciais investidores em Cuba. 

Em outubro deste ano, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou pela 23ª vez consecutiva uma resolução pelo fim do embargo. A medida foi aprovada por 188 países. Apenas EUA e Israel votaram contra e três nações se abstiveram. O resultado foi o mesmo registrado em 2013. Desde 1982, a ONU pede o fim da restrição por meio de resoluções apresentadas por Cuba.

Fonte: Correio do Povo

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