sábado, 13 de dezembro de 2014

Esporte gaúcho teme perder secretaria estadual em 2015

Possibilidade de fusão da pasta com outras secretarias assusta dirigentes um ano antes dos Jogos do Rio

Possibilidade de fusão da pasta com outras secretarias assusta dirigentes um ano antes dos Jogos do Rio | Foto: Vinicius Roratto / CP Memória
   Possibilidade de fusão da pasta com outras secretarias assusta dirigentes um ano antes dos Jogos do Rio
   Foto: Vinicius Roratto / CP Memória

Cena 1. Quarta-feira, no Grêmio Náutico União. Em discurso durante o prêmio Destaques Esportivos, o presidente do clube, Francisco Miguel Schmidt, saúda os homenageados e faz uma menção especial ao representante do governo do Estado, lembrando a parceria da Secretaria Estadual de Esporte com os clubes gaúchos nos últimos anos.

Cena 2. Quinta-feira, no Theatro São Pedro. Durante a entrega do prêmio Estrelas do Esporte 2014, o presidente da Associação das Federações Esportivas do Rio Grande do Sul (Afers), Nelson Ilha, manifesta o receio de que o próximo governo estadual diminua o status do esporte.

Sem confirmação oficial por parte do novo governo estadual, o tema ainda é tratado como especulação, ainda que para muitos consultados o termo mais adequado seja “tendência”. Fato é que a probabilidade de o esporte perder uma secretaria exclusiva para si é bastante grande. Nos bastidores, é tido como praticamente certo que o governador José Ivo Sartori anuncie em breve uma fusão com outras secretarias e, no momento, tudo aponta para uma Secretaria Estadual do Turismo e Esporte.

Ainda não há nenhuma informação oficial sobre o que realmente vai ocorrer, e nenhum responsável pela transição no Piratini fala abertamente sobre o tema. Porém, a simples ideia causa calafrios nas entidades esportivas. Presidente da Afers, organização que representa 102 diferentes federações, Nelson Ilha teme que uma “jogada para a torcida” prejudique o trabalho. Segundo ele, a economia com os valores envolvidos não será significativa para sanar os problemas financeiros do Estado.

Além do receio de que, politicamente, o esporte perca poder, há o medo de que a nova administração altere a política de incentivos. Mais especificamente, a Lei estadual 13.294, de 2012, que trata de isenções fiscais para empresas que apoiarem o esporte. O atual governo, por exemplo, estima que apenas os valores acumulados com o fundo do Pró-Esporte desde 2012, somem entre R$ 7 milhões e 8 milhões. Para 2014, o Estado liberou um total de R$ 35 milhões para captação de verbas ligadas às práticas e eventos esportivos. Se não for modificada a lei, o valor deve ser ampliado em 2015.

A Afers fez uma petição online para recolher assinaturas contra a fusão de secretarias, ainda que ela sequer tenha sido anunciada. Tudo para evitar contratempos na estrutura de investimento atual, que sofreria um “golpe”, na avaliação do presidente da instituição. “Estamos na metade do ciclo da Olimpíada que será realizada no Brasil. Todos os Estados e a União estão investindo muito para que o país fique com o maior número de medalhas possível e com um trabalho de base forte. Me parece um contrassenso que a secretaria seja mutilada”, afirma Ilha. “Já tivemos esta experiência, e ela não foi boa”, defende.

A proximidade dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, também é lembrada pelo vice-presidente de esportes da Sogipa: “A dois anos da Olimpíada, acabar com a Secretaria de Esportes seria muito ruim para toda a comunidade gaúcha. A manutenção dela é garantia de atenção e de políticas públicas de fomento para a área”, diz Alexandre Algeri. Por ainda estar no terreno da especulação, diz o presidente do GNU, os clubes ainda não tomaram um posicionamento oficial. Tal medida, porém, está no horizonte. “Acredito que seja avaliada, afinal todos os clubes terão a mesma dificuldade”, afirma Schimdt.?

Amauri Knevitz Jr. e Carlos Corrêa
Correio do Povo

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