terça-feira, 12 de agosto de 2014

Descoberta fraude para garantir vagas em creches de Canoas

Delegacia Fazendária deflagrou operação Garde em cinco cidades gaúchas

   Delegacia Fazendária deflagrou operação Garde em três cidades gaúchas
   Crédito: Polícia Civil / Divulgação / CP

Uma fraude contra a administração pública de Canoas, na região Metropolitana, foi desarticulada pela operação Garde, deflagrada nesta terça-feira pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil. Após oito meses de investigações, os agentes da Delegacia Fazendária do Deic, sob comando dos delegados Daniel Mendelski e Joerbeth Pinto Nunes, comprovaram que um suplente de vereador atraía famílias de baixa de renda para entrarem com ações judiciais contra a prefeitura, visando a garantia de vagas em creches comunitárias mediante ressarcimento. 

A documentação, assinada pelos pais das crianças, ficava com um escritório de advocacia responsável pelo encaminhamento das demandas na Justiça, geralmente vitoriosas. A suspeita da fraude surgiu quando a Vara da Infância e da Juventude de Canoas constatou que era sempre a mesma creche solicitada e beneficiada, isso porque entre os três orçamentos apresentados à Justiça, a creche oferecia o menor valor: cerca de R$ 500 por criança. 

O delegado Daniel Mendelski lembrou que as famílias cooptadas jamais ficavam sabendo que as ações haviam sido ganhas na Justiça. Ele ressaltou que as crianças também não frequentaram a creche beneficiada, o que provocou transtornos e despesas por parte das famílias, pois tiveram de colocar os filhos em creches particulares.

“Os valores concedidos pela Justiça não eram repassados para as famílias, que não tinham ideia de terem sido contempladas pela Justiça, com direito a vaga na creche”, resumiu o delegado. A prefeitura de Canoas, por sua vez, recebia documentos frios de frequências das crianças nessa creche. Pelo menos 40 famílias ajuizaram ações, mas o número pode ser maior a partir da perícia dos documentos, computadores e mídias apreendidos na operação.

Em torno de 70 agentes cumpriram 13 mandados de busca e apreensão e também quatro mandados de prisão temporária e três mandados de condução coercitiva em Alvorada, Campo Bom, Canoas, Porto Alegre e São Leopoldo. 

Quatro pessoas foram presas: o advogado e um bacharel de Direito do escritório de advocacia que ostentava inclusive propaganda sobre esse tipo de ação, além das duas proprietárias da creche. “O advogado era sócio delas”, informou o delegado Mendelski. 

Já as três conduções coercitivas envolveram o suplente de vereador, que atraía as famílias com promessas quando concorreu na última eleição municipal, o irmão dele e ainda um outro advogado. Os investigados poderão ser indiciados por estelionato, falsidade ideológica, uso de documentos falsos e formação de quadrilha. 


Fonte: Correio do Povo

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