sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Polícia Federal abre investigação sobre denúncias de apartamentos desocupados no loteamento Campos da Serra, em Caxias do Sul

Moradores apresentam justificativas variadas para explicar os motivos de várias moradias estarem vazias

Polícia Federal abre investigação sobre denúncias de apartamentos desocupados no loteamento Campos da Serra, em Caxias do Sul Daniela Xu/Agencia RBS
Imóvel no Campos da Serra 1 está vazio há pelo menos um anoFoto: Daniela Xu / Agencia RBS

A Polícia Federal abriu investigação sobre as denúncias de imóveis vazios no loteamento Campos da Serra, em Caxias do Sul. Além da venda de imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida, o que é proibido, famílias beneficiadas também não ocupam os moradias por motivos variados: problemas pessoais, dificuldade de locomoção para o bairro, desinteresse ou falta de dinheiro para mobiliar os cômodos.

No condomínio Campos da Serra 1, inaugurado no final de 2011, pelo menos oito moradias estariam vazias ou receberam apenas as mobílias, sem que os proprietários residam ali. O apartamento 112, por exemplo, está fechado há um ano depois de ter sido usado por duas famílias diferentes, segundo vizinhos.

Outro detalhe que chama a atenção é o baixo consumo de água em outros sete imóveis supostamente desabitados. Em quase dois anos, o total de água consumido por unidade varia de 4 a 12 metros cúbicos. Nos demais apartamentos, efetivamente ocupados, o uso supera os 100 metros cúbicos no mesmo período. O levantamento foi realizado por moradores intrigados com o sumiço dos proprietários.

— Nunca vimos ninguém nesses apartamentos. Lá de vez em quando alguém aparece para abrir a porta. São pessoas que parecem não precisar, mas devolvem provavelmente para garantir o patrimônio — sugere uma vizinha.

A situação se repete no Campos da Serra 2. Seriam pelo menos 10 imóveis vazios ou ocupados apenas por mobílias. Uma das beneficiadas é uma jovem mãe desempregada. Ela admitiu ao Pioneiro que não estava morando ali por falta de condições financeiras. Atualmente, vive de favor na casa de um irmão no bairro São Leopoldo. No final de semana, ela levou alguns móveis e passou o final de semana no condomínio.

— Eu preciso de moradia sim. Só não tinha como ir para lá porque é longe. Meu último trabalho era em Forqueta e como iria me deslocar? Não tem nem creche por perto para deixar meu filho e não tenho condições de mobiliá-lo, o que só estou conseguindo agora — desabafa a mulher.

Nos Campos da Serra 4, entregue em maio deste ano, o apartamento 411 também está vazio. A proprietária depende do Bolsa Família e reside com a mãe, que está doente, no Mariani. Ela pretende se mudar em novembro.

— Quando me inscrevi no programa disse que precisava de três quartos. Como colocar cinco pessoas em um apartamento de dois quartos pequenos? Não comuniquei a Caixa sobre a demora porque o banco entrou em greve — justifica.

O titular da Delegacia da Polícia Federal, Noerci da Silva Melo, diz que a investigação sobre as irregularidades será baseada, inicialmente, nas denúncias veiculadas pelo Pioneiro.

Fonte: Adriano Duarte e Manuela Teixeira | PIONEIRO.COM

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