segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Polícia Civil apura se inundação de 700 casas, na Capital, foi criminosa

A água que escorreu na madrugada de sábado desalojou centenas de famílias

Polícia Civil apura se inundação de 700 casas, na Capital, foi criminosa Ronaldo Bernardi/Agencia RBS
Imagens aéreas do bairro Sarandi, alagado após o rompimento de um diqueFoto: Ronaldo Bernardi / Agencia RBS

A abertura de um vão no dique de contenção contra alagamentos na zona norte de Porto Alegre vai ser alvo de investigação da polícia. A água que escorreu na madrugada de sábado desalojou centenas de famílias, que só no domingo começaram a voltar para suas casas no bairro Sarandi.

A autoria do rompimento do sistema de proteção que impede a passagem da água do Rio Gravataí para Porto Alegre em épocas de cheia ainda é uma incógnita. Indícios, apontados pela prefeitura da Capital, dão ideia de que a ruptura do dique, perto da 0h de sábado, pode ter sido criminosa. A Polícia Civil entrou na história para tentar descobrir se o alagamento de cerca de 700 residências no bairro Sarandi foi intencional.

A hipótese de que a chuva dos dias anteriores tenha causado o rompimento é descartada pelo Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). Para o diretor da Divisão de Conservação do órgão municipal, engenheiro Fausto Vasques, o nível da água da enchente do Rio Gravataí — represada pelo dique — já era mais baixo na madrugada de sábado.

— O dique não rompeu por causa da chuva, senão, teria rompido antes. Ele já foi construído prevendo esse tipo de cheia, com altura adequada — afirma.

Pelos dados de medição da Corsan, o Rio Gravataí, perto de Alvorada, teve o ápice da cheia na quinta-feira, quando ficou 3m50cm acima do nível normal. Ainda durante o socorro dos moradores no sábado, o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, afirmou a Zero Hora que, nas proximidades do rompimento do dique, havia galhos quebrados, indícios de uma possível movimentação de pessoas no local.

O vão, de aproximadamente seis metros de comprimento, teria se formado após uma pequena, porém profunda, extração do material argiloso que forma o dique. Foi por ali que a água — da chamada várzea do Rio Gravataí — escoou para o bairro Sarandi.

Por causa do difícil acesso, o monitoramento não era feito constantemente pela prefeitura de Porto Alegre. Agora que a vegetação precisou ser retirada, para a passagem de caminhões e reconstrução da estrutura de proteção, o ponto deve ser fiscalizado para prevenir um ato criminoso.

A suposta ação intencional teria o objetivo de aliviar os alagamentos, em decorrência das chuvas, de bairros de Alvorada. O município vizinho não tem a proteção de diques e, com a abertura no lado porto-alegrense, a água represada passa para um córrego no limite do bairro Sarandi.

Se o ato foi criminoso, a dúvida é saber quem teria aberto o caminho e com qual equipamento. O prefeito de Alvorada, Sergio Bertoldi, diz que está com a consciência tranquila.

— Se tem suspeita, tem de ser investigada. Temos interesse em saber se ocorreu uma sabotagem — garante.

Polícia vai ouvir testemunhas

Ontem, a prefeitura de Porto Alegre também não apontava suspeitos, mas o diretor do DEP, Tarso Boelter, mantinha o posicionamento de dizer que o rompimento foi "provocado" por alguém.

Os rumores colocaram a Polícia Civil no caso, e um inquérito policial foi aberto. Encarregado da investigação, o delegado Omar Abud, titular da 22ª Delegacia da Polícia Civil (bairro Sarandi), diz que, se for confirmado o rompimento intencional, a pessoa responderá pelo crime de inundação (a pena prevista é de três a seis anos).

Ontem pela manhã, peritos de engenharia do Departamento de Criminalística do Instituto-geral de Perícias estiveram no local do rompimento. O laudo deve revelar se a ação foi criminosa ou não. Por enquanto, não há suspeitos, e testemunhas serão chamadas para depor nesta semana.

— É muito prematuro dizer o que aconteceu. Pode ter acontecido um caso fortuito, por causa de muita chuva, ou um ato criminoso — afirma o delegado Omar Abud.

VÍDEO: alagamento atinge centenas de casas:

Fonte: Letícia Costa | ZERO HORA

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