segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Gaúcha acusada de tráfico de drogas na Espanha rejeita acordo

Bruna Bayer Frasson seguirá em julgamento, mas outros implicados aceitaram redução da pena

Acusada de tráfico na Espanha rejeita acordo Fernanda Zanuzzi/Especial
A nutricionista Bruna Frasson foi presa preventivamente em março de 2012Foto: Fernanda Zanuzzi / Especial

No primeiro dia de julgamento por delito contra a saúde pública por tráfico de drogas, nesta segunda-feira, em Barcelona, a gaúcha Bruna Bayer Frasson foi a única dos oito acusados a não aceitar o acordo para obter a redução de pena, mantendo a posição de que é inocente.

Os outros implicados admitiram a culpa, num consenso parcial com a Promotoria espanhola, recebendo condenações menores que as indicadas inicialmente.

Presa preventivamente em Barcelona desde março de 2012, a nutricionista Bruna, 26 anos, voltou a sustentar na 10ª Seção da Audiência Provincial de Barcelona que não participou do tráfico de 44 quilos de cocaína quando desembarcava de um cruzeiro marítimo. Ela conta com o depoimento do ex-namorado, que confessou ter introduzido aproximadamente 2,5 quilos da droga na mochila de Bruna, às escondidas.


Como recusou o acordo, que reduziria a pena de sete anos e nove meses para seis anos e um dia (mais multa de 1,6 milhão), Bruna seguirá em julgamento. A próxima audiência está marcada para esta quinta-feira (dia 12).

O julgamento dos outros acusados está finalizado com o acordo desta segunda-feira. O passageiro Rogerio de Freitas Peregrino, responsabilizado por duas mochilas que somavam 72% da droga apreendida em 23 de março de 2012, e os outros dois tripulantes do barco, os brasileiros Ronny Petterson Pereira do Nascimento e Harlei Cristiano Postal (namorado de Bruna naquele momento), receberam pena de seis anos e um dia. As demais condenações variam de três anos e um dia a sete anos de prisão.

O acordo foi negociado poucas horas antes do início do julgamento e aceito pela juíza Montserrat Comas d'Argemir i Cedra aceitou. A partir deste momento, Bruna passou a ser a única ré. Apesar do pedido da acusação e da defesa, interessadas em interrogar os outros dois brasileiros Rogerio Peregrino, Harlei Postal foi o único a ser imputado como testemunha e prestou depoimento hoje.

As declarações de Bruna e do ex-namorado Harlei transcorreram sem contradições. A acusação e o tribunal insistiram nos motivos pelos quais a dupla se negou a prestar depoimento à polícia. E também por que demorou em relatar suas justificativas ao juiz de instrução.

Bruna e Harlei argumentaram que tiveram medo de falar à polícia. Ela, por não saber o que estava acontecendo. Ele, por sua implicação nas escutas com o boliviano Ernesto Valencia Tango, condenado no mesmo processo como receptador da droga. Na instrução, teriam sido orientados por advogados de ofício (do Estado), que levaram de três a quatro meses para visitá-los na prisão.

— Insisti, e isso pode ser comprovado com a psicóloga do centro penitenciário, que queria aclarar a situação de Bruna, que ela não tinha nada a ver. Tinha medo pelo outro lado, por Bruna, não. Se vocês puderem comprovar, saberão que eu queria falar sobre a Bruna, mas não sobre a outra situação — declarou Harlei.

Além dele e de Bruna Frasson, o tribunal ouviu, como testemunha, um policial nacional (equivalente à Polícia Federal no Brasil) que participou da operação que levou à prisão dos três tripulantes e de um passageiro do navio Costa Victoria.

O policial contou que todos os detidos estavam "muito nervosos". Sobre a fuga de um segundo passageiro, identificado como Pedro Ricardo Zanelli, justificou que o objetivo era a prisão de Harlei, de quem tinham o nome e uma foto.

O julgamento de Bruna Frasson, agora individual, prosseguirá na quinta-feira. Poderá ser encerrado no mesmo dia, porque os advogados foram instruídos pelo tribunal a trazer seus informes. A emissão da sentença, no entanto, pode demorar pelo menos um mês. A Bruna agora dispõe de advogado particular.

Fonte: Fernanda Zanuzzi/especial | ZERO HORA

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