Bruna Bayer Frasson seguirá em julgamento, mas
outros implicados aceitaram redução da pena
A nutricionista Bruna Frasson foi presa preventivamente em março de 2012Foto: Fernanda Zanuzzi / Especial
No primeiro dia de
julgamento por delito contra a saúde pública por tráfico de drogas, nesta
segunda-feira, em Barcelona, a gaúcha Bruna Bayer Frasson foi a única dos oito
acusados a não aceitar o acordo para obter a redução de pena, mantendo a
posição de que é inocente.
Os outros implicados
admitiram a culpa, num consenso parcial com a Promotoria espanhola, recebendo
condenações menores que as indicadas inicialmente.
Presa preventivamente
em Barcelona desde março de 2012, a nutricionista Bruna, 26 anos, voltou a
sustentar na 10ª Seção da Audiência Provincial de Barcelona que não participou
do tráfico de 44 quilos de cocaína quando desembarcava de um cruzeiro marítimo.
Ela conta com o depoimento do ex-namorado, que confessou ter introduzido
aproximadamente 2,5 quilos da droga na mochila de Bruna, às escondidas.
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Como recusou o acordo,
que reduziria a pena de sete anos e nove meses para seis anos e um dia (mais
multa de 1,6 milhão), Bruna seguirá em julgamento. A próxima audiência está
marcada para esta quinta-feira (dia 12).
O julgamento dos
outros acusados está finalizado com o acordo desta segunda-feira. O passageiro
Rogerio de Freitas Peregrino, responsabilizado por duas mochilas que somavam
72% da droga apreendida em 23 de março de 2012, e os outros dois tripulantes do
barco, os brasileiros Ronny Petterson Pereira do Nascimento e Harlei Cristiano
Postal (namorado de Bruna naquele momento), receberam pena de seis anos e um
dia. As demais condenações variam de três anos e um dia a sete anos de prisão.
O acordo foi negociado
poucas horas antes do início do julgamento e aceito pela juíza Montserrat
Comas d'Argemir i Cedra aceitou. A partir deste momento, Bruna passou a ser a
única ré. Apesar do pedido da acusação e da defesa, interessadas em interrogar
os outros dois brasileiros Rogerio Peregrino, Harlei Postal foi o único a
ser imputado como testemunha e prestou depoimento hoje.
As declarações de
Bruna e do ex-namorado Harlei transcorreram sem contradições. A acusação e o
tribunal insistiram nos motivos pelos quais a dupla se negou a prestar
depoimento à polícia. E também por que demorou em relatar suas justificativas
ao juiz de instrução.
Bruna e Harlei
argumentaram que tiveram medo de falar à polícia. Ela, por não saber o que
estava acontecendo. Ele, por sua implicação nas escutas com o boliviano Ernesto
Valencia Tango, condenado no mesmo processo como receptador da droga. Na
instrução, teriam sido orientados por advogados de ofício (do Estado), que
levaram de três a quatro meses para visitá-los na prisão.
— Insisti, e isso pode
ser comprovado com a psicóloga do centro penitenciário, que queria aclarar a
situação de Bruna, que ela não tinha nada a ver. Tinha medo pelo outro lado,
por Bruna, não. Se vocês puderem comprovar, saberão que eu queria falar sobre a
Bruna, mas não sobre a outra situação — declarou Harlei.
Além dele e de Bruna
Frasson, o tribunal ouviu, como testemunha, um policial nacional (equivalente à
Polícia Federal no Brasil) que participou da operação que levou à prisão dos
três tripulantes e de um passageiro do navio Costa Victoria.
O policial contou que
todos os detidos estavam "muito nervosos". Sobre a fuga de um segundo
passageiro, identificado como Pedro Ricardo Zanelli, justificou que o
objetivo era a prisão de Harlei, de quem tinham o nome e uma foto.
O julgamento de Bruna
Frasson, agora individual, prosseguirá na quinta-feira. Poderá ser encerrado no
mesmo dia, porque os advogados foram instruídos pelo tribunal a trazer seus
informes. A emissão da sentença, no entanto, pode demorar pelo menos um mês. A
Bruna agora dispõe de advogado particular.
Fonte:
Fernanda
Zanuzzi/especial | ZERO HORA
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