sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Gremista ferido por bala de borracha em frente à Arena pode ficar cego

Evandro Godoy Kunrath foi atingido por disparo antes do jogo entre Grêmio e Santos

Gremista ferido por bala de borracha em frente à Arena pode ficar cego Arquivo pessoal/Arquivo pessoal
Na foto, Evandro começa a receber curativos sobre os olhos, no Hospital de Pronto SocorroFoto: Arquivo pessoal / Arquivo pessoal

Evandro Godoy Kunrath, bancário e gremista de 40 anos, está desde quarta-feira à noite com os olhos vendados por curativos, deitado em uma maca do Hospital de Pronto Socorro (HPS), em Porto Alegre.

Ele foi atingido por pelo menos duas balas de borracha durante um confronto entre torcedores e PMs, em frente à Arena, 20 minutos antes da partida entre Grêmio e Santos. Os ferimentos são graves, e o bancário corre risco de ficar cego. Um Inquérito Policial-militar deve ser instaurado para apurar eventuais excessos dos policiais. Testemunhas garantem que em nenhum momento Evandro se envolveu no tumulto.

— Vimos a Brigada Militar formando um cordão de isolamento em frente a um boteco, a 50 metros de distância da gente. Era o bar onde torcedores da (torcida organizada) Geral se reúnem antes dos jogos — conta um rapaz que acompanhava Evandro, pedindo para omitir seu nome porque está "com medo de alguma represália".

Quando a gritaria e os disparos começaram, o amigo percebeu a multidão se aproximando e saiu correndo. Não viu mais Evandro. Minutos depois, ao retornar ao local, encontrou o bancário encostado em uma parede, ensanguentado, sem conseguir abrir os olhos. No HPS, onde chegaram de táxi, duas balas de borracha — provavelmente frutos de um mesmo tiro — foram retiradas do rosto do torcedor.

Mesmo com autorização da família e de Evandro, o HPS não permitiu a entrada da reportagem no hospital, onde ele segue em observação. A mãe, Maria Elisa Godoy, afirma que processará o Estado pela suposta truculência da Brigada Militar.

— Evandro costuma ir ao estádio com o filho de 10 anos. A sorte é que, desta vez, como o jogo era muito tarde e o menino acorda cedo, o filho ficou em casa — relata a irmã, Patrícia Kunrath Laurindo.

Comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar, unidade que atuou no confronto, o tenente-coronel Eduardo Biacchi assegura que o caso será investigado. Conforme ele, o tumulto começou quando PMs solicitaram que um grupo de gremistas saísse do meio da rua — os torcedores estavam bloqueando o trânsito, afirma Biacchi.

Dois rapazes teriam se recusado a cumprir a ordem, proferindo xingamentos e incitando a massa contra os policiais. Ao tentar detê-los por desobediência, os PMs foram agredidos com arremessos de garrafas e pedras. Outros militares chegaram disparando balas de borracha para dispersar o tumulto.

— Muitas vezes, as coisas podem parecer que ocorreram de uma forma, mas ocorreram de outra. Precisamos ouvir a perícia, precisamos confirmar se o tiro partiu, de fato, da arma de um dos nossos PMs e se foi disparado realmente no entorno da Arena — diz o tenente-coronel.

Fonte: Paulo Germano | ZHESPORTES

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