Estiagem provocou quebra de quase 25% na safra da
raiz no Nordeste.
Paraná colheu 300 mil toneladas de
mandioca para a produção de farinha.
O município de Salitre, na divisa do Ceará com o Piauí e
Pernambuco, é um dos principais produtores de mandioca do Nordeste. O ciclo da
mandioca dura até dois anos. Cada planta chega a dar 12 raízes. Mas, por causa
do segundo ano seguido de seca, a produtividade de 15 toneladas por hectare
caiu para um terço.
A seca do ano passado em todo o Nordeste provocou uma quebra de
quase 25% na safra da raiz, o que gerou grande falta de matéria-prima. Um
prédio da região já foi sede da maior fabricação de farinha de mandioca do
município, com até 150 sacas por dia. Hoje, o maquinário está parado.
No município de Araripe, o dono da casa de farinha Genilson
Alves Pereira ainda tenta manter o negócio. Atualmente, ele fabrica 200 sacas
de 50 quilos de farinha por dia. A produção era de 700 sacas. “Se não fosse ter
ido ao Paraná atrás de mandioca e farinha, a gente estava praticamente parado.
A gente não estava conseguindo abastecer o Ceará de farinha”, diz.
A água que faltou nos mandiocais do Nordeste sobra nas lavouras
do município de Cianorte, no noroeste do Paraná. Só no mês
de junho choveu 500 milímetros na região, volume que equivale a cinco vezes a
média normal do período.
O excesso de umidade no solo pode provocar o apodrecimento das
raízes. Por isso, é preciso acelerar a colheita. O trator poda as ramas e afofa
a terra para soltar as raízes. O restante do trabalho é manual. A cultura da
mandioca emprega mais de quatro mil trabalhadores em Cianorte.
A agricultora Zilda Cardoso, de 52 anos, deixou o emprego fixo
na colheita da cana-de-açúcar para trabalhar nas lavouras de mandioca. “A
diária está R$ 55. Faz cinco anos que eu trabalho na colheita da mandioca”,
diz.
Este ano, a safra de mandioca do Paraná é calculada em quatro
milhões de toneladas. A maior parte é destinada à produção de fécula usada na
indústria alimentícia. Mas o consumo das raízes para a fabricação de farinha
aumentou muito depois da quebra da safra do Nordeste.
Na safra do ano passado, o estado do Paraná colheu 300 mil
toneladas de mandioca para a produção de farinha. Este ano, os produtores
paranaenses destinarão um milhão de toneladas para suprir a quebra da safra do
Nordeste. O produtor recebe R$ 380 pela tonelada da raiz. É quase o dobro do
preço da safra passada.
Antes do problema da seca no Nordeste, muitas fábricas de
farinha estavam fechadas no Paraná. Mas agora funcionam a todo vapor. Uma delas
paralisou a produção de fécula e canalizou toda matéria-prima para a produção
de farinha. As raízes são lavadas, descascadas e trituradas. Depois de
prensadas, transformam-se em placas de massa. Na fase final, a massa é torrada
no forno industrial. A fábrica produz 100 toneladas de farinha por dia.
Hoje, a saca de 50 quilos sai da fábrica no Paraná custando R$
100. Mas para chegar aos consumidores do Nordeste irá percorrer um longo
caminho. Em Fortaleza é possível encontrar a farinha paranaense. Cada quilo sai
por R$ 4,50. Houve aumento de 30% no preço em relação ao ano passado.
Para 2013, o IBGE prevê uma safra nacional 2% menor do que a do
ano passado. A falta de mandioca está fazendo o preço subir em todo o país. No
Pará, maior produtor do país, a tonelada sai por R$ 600, o triplo do ano
passado.
Fonte:
Globo Rural
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