domingo, 7 de julho de 2013

Seca do Nordeste causa benefícios aos produtores de mandioca do PR

Estiagem provocou quebra de quase 25% na safra da raiz no Nordeste.
Paraná colheu 300 mil toneladas de mandioca para a produção de farinha.


O município de Salitre, na divisa do Ceará com o Piauí e Pernambuco, é um dos principais produtores de mandioca do Nordeste. O ciclo da mandioca dura até dois anos. Cada planta chega a dar 12 raízes. Mas, por causa do segundo ano seguido de seca, a produtividade de 15 toneladas por hectare caiu para um terço.

A seca do ano passado em todo o Nordeste provocou uma quebra de quase 25% na safra da raiz, o que gerou grande falta de matéria-prima. Um prédio da região já foi sede da maior fabricação de farinha de mandioca do município, com até 150 sacas por dia. Hoje, o maquinário está parado.

No município de Araripe, o dono da casa de farinha Genilson Alves Pereira ainda tenta manter o negócio. Atualmente, ele fabrica 200 sacas de 50 quilos de farinha por dia. A produção era de 700 sacas. “Se não fosse ter ido ao Paraná atrás de mandioca e farinha, a gente estava praticamente parado. A gente não estava conseguindo abastecer o Ceará de farinha”, diz.

A água que faltou nos mandiocais do Nordeste sobra nas lavouras do município de Cianorte, no noroeste do Paraná. Só no mês de junho choveu 500 milímetros na região, volume que equivale a cinco vezes a média normal do período.

O excesso de umidade no solo pode provocar o apodrecimento das raízes. Por isso, é preciso acelerar a colheita. O trator poda as ramas e afofa a terra para soltar as raízes. O restante do trabalho é manual. A cultura da mandioca emprega mais de quatro mil trabalhadores em Cianorte.

A agricultora Zilda Cardoso, de 52 anos, deixou o emprego fixo na colheita da cana-de-açúcar para trabalhar nas lavouras de mandioca. “A diária está R$ 55. Faz cinco anos que eu trabalho na colheita da mandioca”, diz.

Este ano, a safra de mandioca do Paraná é calculada em quatro milhões de toneladas. A maior parte é destinada à produção de fécula usada na indústria alimentícia. Mas o consumo das raízes para a fabricação de farinha aumentou muito depois da quebra da safra do Nordeste.

Na safra do ano passado, o estado do Paraná colheu 300 mil toneladas de mandioca para a produção de farinha. Este ano, os produtores paranaenses destinarão um milhão de toneladas para suprir a quebra da safra do Nordeste. O produtor recebe R$ 380 pela tonelada da raiz. É quase o dobro do preço da safra passada.

Antes do problema da seca no Nordeste, muitas fábricas de farinha estavam fechadas no Paraná. Mas agora funcionam a todo vapor. Uma delas paralisou a produção de fécula e canalizou toda matéria-prima para a produção de farinha. As raízes são lavadas, descascadas e trituradas. Depois de prensadas, transformam-se em placas de massa. Na fase final, a massa é torrada no forno industrial. A fábrica produz 100 toneladas de farinha por dia.

Hoje, a saca de 50 quilos sai da fábrica no Paraná custando R$ 100. Mas para chegar aos consumidores do Nordeste irá percorrer um longo caminho. Em Fortaleza é possível encontrar a farinha paranaense. Cada quilo sai por R$ 4,50. Houve aumento de 30% no preço em relação ao ano passado.

Para 2013, o IBGE prevê uma safra nacional 2% menor do que a do ano passado. A falta de mandioca está fazendo o preço subir em todo o país. No Pará, maior produtor do país, a tonelada sai por R$ 600, o triplo do ano passado.

Fonte: Globo Rural

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