Brasileiros, equatorianos, argentinos e franceses
vieram expressar a mesma fé em Cristo e contagiar outros na Jornada Mundial da
Juventude (JMJ)
Foto: Marcelo Oliveira / Agencia RBS
À primeira vista, a mistura do português com espanhol, francês e
inglês parecia remeter à passagem bíblica da Torre de Babel. Aos poucos,
percebe-se que, embora diferente, a fala de brasileiros, equatorianos,
argentinos e franceses, reunidos no Seminário São José, em Gravataí, assim como
em Pentecostes, era a mesma: todos vieram expressar a mesma fé em Cristo e
contagiar outros na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), na semana que vem, no Rio
de Janeiro.
Durante o dia de ontem, o saguão do seminário ficou colorido
pelas bandeiras.
"Nossos irmãos na fé"
À noite, depois da missa, os 160 peregrinos acolhidos pelo
Vicariato de Gravataí foram para casas de famílias em Cachoeirinha, Gravataí,
Alvorada, Viamão e Glorinha. Até o fim da semana, eles participarão da Semana
Missionária, com atividades religiosas, solidárias e culturais, na pré-jornada
e, partir do final de semana, viajam para o Rio.
Durante uma breve conversa, o verbo mais pronunciado pelo padre
argentino Raúl Escude, 29 anos, foi "compartir". Em português,
significa compartilhar:
- É a primeira vez que saímos do país. Vamos estar com nossos
irmãos na fé, compartilhar a riqueza da igreja.
O seminarista Fernando Saltos, 32 anos, estava vestido como as
45 pessoas da delegação do Equador, com um abrigo nas cores da bandeira do
país. Ele é um dos jovens que participará de uma missa celebrada pelo papa
Francisco:
- Estou nervoso, a expectativa é muito grande. Os jovens
precisam de muita espiritualidade, estão sendo chamados a ser a nova geração.
Saiba mais
- Pentecostes - A festa celebra a vinda do Espírito Santo sobre os discípulos 50
dias após a Páscoa. Em seguida, começam a anunciar Jesus como Filho de Deus,
numa pregação tão convincente que, mesmo os estrangeiros que participavam da
festa, os entediam em sua própria língua.
- Torre de Babel - Segundo Gênesis, os descendentes de Noé tinham a mesma língua.
Mas a obediência a Deus era difícil. Certa vez, decidiram construir uma torre
para alcançar o céu e mostrar que não precisavam Dele. O afã gerou uma confusão
e já não compreendiam uns aos outros.
"S'il vous plaît" pra cá, "s'il vous plaît"
pra lá
Pela manhã, o grupo de 15 franceses passeou pelas ruas de
Gravataí com Rafael da Silva Martins, 24 anos, e Nathana Fouchy, 20 anos, da
equipe de acolhida.
- Fomos na coragem! Eu só dizia s'il vous plaît (por favor, em
francês) pra cá, s'il vous plaît pra lá. O bom é que eles perguntam tudo,
procuram saber como se diz cada coisa - contou Rafael.
A estudante Justine Lemonnier, 18 anos, veio da Normandia (no
noroeste da França) para sua primeira Jornada Mundial da Juventude.
- As pessoas aqui são abertas, mais expressivas, não se importam
com a dificuldade de comunicação. São cool (legais, em inglês)!
Antes do Rio, a bibliotecária Valérie Anne Thiry, 30 anos,
participou da JMJ na Espanha (2011). Para ela, serão duas semanas incríveis:
- As culturas têm diferentes formas de viver a sua fé. Mesmo que
a gente não entenda, sabe-se que a fé é grandiosa.
Eder Souza, 27 anos, responsável pelo transporte, em muitos
momentos foi o intérprete: fala inglês, espanhol (morou no México) e também
fala um pouco de francês.
- É uma mistura cultural interessante.
Chima e doce de leite
Com a mala preparada para o calor no Rio, a dentista da
Argentina Elisabete Carrizo, 50 anos, se surpreendeu com as baixas temperaturas
em Gravataí. Desde sábado, ela provou o nosso doce de leite e aprendeu que o
mate se chama chimarrão. Pela manhã, os castelhanos jogaram futebol e a
peregrina citou o futebol:
- Queremos um Brasil contra Argentina!
Elisabete contou que o filho, que está se preparando para o
sacerdócio, já está no Rio desde o dia 13.
Fonte: Roberta Schuler
| DIÁRIO GAÚCHO
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