quinta-feira, 11 de julho de 2013

Goiana ajudava a comandar tráfico de mulheres pela internet, diz PF

Segundo a polícia, ela idenficava possíveis vítimas pelo Orkut e Facebook.
Operação Ninfas prendeu cinco e libertou 10 vítimas na Espanha.

   Foto: Reprodução


Uma goiana está entre os cinco presos na Espanha durante a Operação Ninfas, deflagrada pela Polícia Federal em colaboração com a polícia espanhola, que libertou 10 vítimas do tráfico internacional de mulheres, sendo cinco brasileiras. Segundo a PF, a integrante da quadrilha tinha o papel de identificar as vítimas em potencial por meio de perfis nas redes sociais Orkut e Facebook. O esquema contava com colaboradores em Goiânia e Anápolis.

Em entrevista coletiva na manhã de quarta-feira (10), o delegado regional executivo da PF, Umberto Ramos Rodrigues, disse que a goiana era casada com o sócio de uma das duas boates alvo da Operação Ninfa, deflagrada na noite de terça-feira. Entre os presos está um espanhol apontado como líder da quadrilha. Sogro da goiana, ele chegou a ser detido em Goiás em 2007, pelo mesmo crime, e é  considerado foragido da Justiça brasileira.

Os envolvidos deverão responder no Brasil pelo crime de tráfico internacional de pessoas para fins de exploração sexual e formação de quadrilha.

Deflagrada simultaneamente no Brasil e na Espanha, a Operação Ninfas recebeu o nome de uma das três boates investigadas na Europa. Em duas delas, a polícia libertou 10 mulheres traficadas, mantidas em cárcere privado, em duas boates espanholas. Das vítimas, cinco são brasileiras: três de Goiás, uma do Rio de Janeiro e outra do Paraná.

No país europeu, os agentes deveriam cumprir nove mandados de prisão, mas quatro suspeitos não foram localizados. No Brasil, a PF cumpriu cinco mandados de busca e apreensão e quatro conduções coercitiva em Goiânia, Anápolis e Brasília.

Delegado da PF Umbertp Ramos Rodrigues, em Goiânia (Foto: Gabriela Lima/G1)
Delegado Umberto Ramos Rodrigues explica como funcionava esquema
(Foto: Gabriela Lima/G1)

Segundo o delegado Rodrigues, entre os conduzidos coercitivamente estão o irmão da goiana presa na Espanha. A PF chegou a pedir a prisão dessas pessoas, suspeitas de colaborar com o grupo, mas a Justiça determinou a condução coercitiva.

A operação teve início no meio do ano passado após investigações das policiais dos dois países. Segundo a PF, uma organização criminosa agenciava mulheres brasileiras, a maioria delas de Goiás, com falsas promessas de trabalho como domésticas. Quando chegavam ao país, eram exploradas em boates, como forma de pagarem a dívida contraída para a realização da viagem. O esquema era idêntico ao que foi mostrado pela novela Salve Jorge, da Rede Globo.

Segundo o delegado Rodrigues, as mulheres chegavam à Espanha devendo cerca de R$ 4 mil. O dinheiro era depositado por integrantes da quadrilha na conta dos "colaboradores" em Goiás. A quantia servia para a aliciada retirar o passaporte, comprar a passagem e embarcar com cerca de R$ 1 mil em dinheiro. "Essa quantia servia para despistar a imigração quando chegavam na Europa, como prova de que tinham condições de se manter como turistas", explica.

A Operação Ninfas é segunda grande ação internacional de combate ao tráfico de pessoas desencadeada pela Polícia Federal e pela Polícia da Espanha somente neste ano.

Em Goiás, o tráfico de mulheres para fins de prostituição é investigado desde 1999, quando foram detectados os primeiros casos. Ao G1, o secretário de Assuntos Internacionais, Elie Chidiac, disse que 2000 a 2013 foram instaurados cerca de 15 inquéritos no estado. Ele estima que, nesse período, cerca de três mil goianas acabaram nas mãos dos aliciadores.

Goiana ajudava a comandar tráfico de mulheres pela internet, diz PF - Operação Ninfas (Foto: Divulgação/PF)
   Operação Ninfas recebeu o nome de uma das boates da quadrilha investigada (Foto: Divulgação/PF)

Fonte: Gabriela Lima | Do G1 GO

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