Fotos de suspeitos estão circulando entre os profissionaisFoto: Bruno Alencastro / Agencia RBS
Além de procurar o
assassino de três taxistas na Capital, os policiais da Divisão de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPP) têm mais uma tarefa: acalmar os ânimos dos colegas das
vítimas. Desde domingo, as fotos de dois homens estão sendo distribuídas entre
os motoristas e colocadas nos pontos de táxi.
Para os
profissionais, eles seriam suspeitos do crime. No entanto, os retratos e suas
possíveis identificações não chegaram à Polícia Civil.
- Não nos trouxeram
essas duas fotos. Se são suspeitos, os nomes, fotos ou quaisquer informações
têm que ser trazidas para nós - explicou o diretor do DHPP, delegado Odival
Soares.
O temor do diretor e
dos dois delegados encarregados das investigações é de que os taxistas acabem
caçando esses prováveis suspeitos e, em consequência, cometendo uma injustiça.
A advertência é embasada em outros casos em que suspeitos de roubos foram pegos
e espancados por taxistas.
- A tarefa de
investigar é nossa. Se eles têm uma informação, uma suspeita, têm que nos
avisar - reforçou Odival.
Não há descrição do assassino
A insegurança dos
taxistas também vem do fato de que não há uma descrição do criminoso, já
apelidado de Matador da Bandeira 2. Muitos se negam a pegar corridas na rua e
até mesmo desistiram de trabalhar na madrugada. Isso sem falar nos inúmeros
boatos, que vão desde sumiços de colegas até a suposta ligação feita a uma
teletáxi em que alguém, que disse ser o Matador da Bandeira 2, avisou que faria
mais três ou quatro vítimas.
Busca por imagens
A falta de um perfil
do matador também atrapalha o trabalho da Polícia Civil. Tanto que o delegado
Gabriel Bicca, que responde pela 4ª DHPP, foi designado exclusivamente para
procurar imagens de câmeras de segurança e testemunhas que tenham visto o
criminoso. Três câmeras de empresas teriam gravado a imagem do assassino. Mas
os policiais ainda não conseguiram estas imagens. CAROLINA ROCHA
Bala na Cara em ação na Fronteira?
A Polícia Nacional do
Uruguai investiga a possibilidade da facção Bala na Cara estar por trás das
mortes de três taxistas na última semana entre Santana do Livramento e Rivera.
A revelação foi feita pelo jornal uruguaio El Pais e reforçaria a hipótese de
que dois dos três taxistas mortos teriam envolvimento com o tráfico de drogas
naquela região.
A tese confirmaria o
que já é investigado pela polícia gaúcha. Depois de se consolidar como uma
grande força nas cadeias da Região Metropolitana - e dominar o tráfico, com
características de extrema violência fora da cadeia -, o comando dos Bala na
Cara teria como meta se expandir e formar alianças no Interior.
De acordo com o
diretor de investigações do Denarc, delegado Heliomar Franco, o departamento
não está apurando os casos de Livramento, mas a expansão da facção é uma
realidade:
- Não podemos revelar
muitos detalhes porque esse é um assunto ainda sob investigação. Mas a
realidade dos Bala na Cara é a de uma facção em pleno crescimento. Eles têm o
tráfico de drogas como interesse principal e, para isso, alianças são sempre
oportunidades.
Conforme o El Pais, a
suspeita surgiu porque um traficante uruguaio preso no Presídio Central de
Porto Alegre, Ernesto Andréz Villanova Vargas, o Cachorrinho, teria ligações
com os Bala na Cara, inclusive estando numa ala da facção no Central.
Vargas cumpre prisão
preventiva pelo assassinato de um rival brasileiro no Uruguai. Ele foi preso em
Livramento pelo delegado Eduardo Finn, que agora investiga o triplo
assassinato.
- O Vargas é muito
famoso aqui e, de fato, o grupo dele está em guerra com um grupo uruguaio. Não
sabemos se os Bala na Cara estão por trás dessa disputa - pondera Finn.
A suspeita sobre os
Bala na Cara é confirmada por autoridades que investigam as mortes em Porto
Alegre.
Ciência enfrenta o matador
Enquanto a polícia
segue buscando pistas para identificar o criminoso, o Instituto-Geral de
Perícias (IGP) entrou em ação com novas armas para chegar ao matador por meio
de provas técnicas. Uma segunda rodada de perícias nos três táxis, realizada
ontem, serviu para recolher mais vestígios na tentativa de identificar o
assassino por meio de testes de DNA e por impressões digitais.
Peritos do
Departamento de Criminalística vasculharam os veículos à procura de manchas de
sangue do assassino. Até então, as investigações indicam que apenas um dos três
taxistas, Cláudio Gomes, 59 anos, o último a ser atacado, foi ferido quando
ainda estava dentro do carro.
O motivo dos crimes
O grupo de
Cachorrinho é suspeito da execução do traficante uruguaio Mailcon Jacson
Saldivia, baleado dia 14 e que morreu no domingo passado, em Rivera. Mailcon
gerenciava uma boca de fumo na esquina das ruas Barnabé Rivera e Figueroa, na
cidade uruguaia.
Um dos taxistas
mortos, Enio Lecina, teria testemunhado a execução do traficante uruguaio. Os
outros dois taxistas assassinados, o brasileiro Hélio Beltrão do Espírito Santo
Pinto (ex-PM) e o uruguaio Márcio Fabiano Magalhães Oliveira, receberam
chamadas no celular na madrugada de quinta-feira, pouco antes de serem
executados. Policiais uruguaios e brasileiros suspeitam que esses dois possam
ter morrido como vingança dos traficantes contra os clientes para quem eles (os
taxistas) trabalhavam.
Os três taxistas
mortos semana passada em Livramento e Rivera foram assassinados com a mesma
arma, calibre 22. Não é, no entanto, a mesma usada pelo matador da Capital.
Fonte:
Carolina Rocha | DIÁRIO GAÚCHO
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