terça-feira, 2 de abril de 2013

MP acusa quatro de homicídio doloso por tragédia na boate Kiss

Sócios da casa noturna e músicos foram denunciados em Santa Maria
   MP acusa quatro de homicídio doloso por tragédia na boate Kiss (Crédito: Vinicius Rorato)

     O Ministério Público (MP) acusou quatro pessoas de homicídio doloso pelo incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, ocorrido na madrugada do dia 27 de janeiro, que deixou 241 pessoas mortas. Entre eles estão os sócios da casa noturna Elissandro Spohr – conhecido como Kiko – e Mauro Hoffmann, além do produtor musical da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Leão, e do vocalista Marcelo de Jesus dos Santos. Os quatro estão presos.

     Os resultados da análise do inquérito policial sobre a tragédia, um vasto documento com cerca de 13 mil páginas, estão sendo apresentados nesta sexta-feira pelos promotores de Justiça Criminais Joel Dutra e Maurício Trevisan, com a presença do subprocurador-geral de assuntos institucionais do MP, Marcelo Dornelles, e do coordenador do Centro de Apoio Criminal do Ministério Público, David Medina da Silva, na sede do órgão no município. Os documentos serão remetidos ao juiz Ulysses Lousada, que atua na 1ª Vara Criminal de Santa Maria.

     O MP denunciou ainda por fraude processual o major do Corpo de Bombeiros Gerson da Rosa Pereira e o sargento da corporação Renan Severo Berleze, ambos por incluírem documentos na pasta referente ao alvará da boate após a tragédia. Já por falso testemunho foram denunciados o ex-sócio da boate kiss Élton Cristiano Uroda e Volmir Aston Panzer.

     Para o MP, o agravante da denúncia em relação aos sócios foi a compra de espuma barata para revestimento do estabelecimento e aos músicos pesa o uso dos fogos de artifício durante o show - as faíscas causaram o fogo ao tocarem o teto. "Eles assumiram o risco de produzir o resultado”, explicou o promotor David Medina da Silva ao falar do dolo eventual.

     Mais cedo, o MP confirmou que 
haveria divergências no parecer dos promotores em relação ao inquérito policial. No dia 22 de março, a Polícia Civil responsabilizou 28 pessoas, direta ou indiretamente, pelo incêndio na boate Kiss. Dessas, 16 foram indiciadas criminalmente. O inquérito também relacionou outras 12 pessoas, como outros bombeiros, secretários municipais e o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB), por indícios de prática de crimes ou irregularidades. Eventuais processos contra elas, no entanto, correrão em foro específico - no caso do prefeito, a 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça. 

A tragédia

     O incêndio na boate Kiss – que fica na Rua dos Andradas, Centro de Santa Maria – começou por volta das 2h30min da madrugada de 27 de janeiro. O público participava de uma festa organizada por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 

     Segundo testemunhas, o fogo teria começado quando um dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que acabara de subir ao palco, lançou um sinalizador. O objeto teria encostado na forração da casa noturna. As pessoas não teriam percebido o fogo de imediato, mas assim que o incêndio se espalhou, a correria teve início. Conforme relatos, os extintores posicionados na frente do palco não funcionaram.

     Em pânico, muitos não conseguiram encontrar a única porta de saída do local e correram para os banheiros. Aqueles que conseguiram fugir em direção à saída, ficaram presos nos corrimãos usados para organizar as filas. A boate foi tomada por uma fumaça preta e as pessoas não conseguiam enxergar nada. Exames do Instituto Geral de Perícia (IGP) confirmaram que as 241 mortes ocorreram por asfixia, em função da inalação de dióxido de carbono com cianeto.

Fonte: Correio do Povo

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